Sono de mãe também é sagrado


Malu Echeverria
por: Malu Echeverria

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O ‘sono da beleza’ vai ajudá-la a desempenhar todos os seus papéis, especialmente o de mãe (Foto: It Mãe)

Toda vez que chega o horário de verão, levo dias para me habituar a dormir mais cedo. Então, imagine como sofri por acordar no meio da noite nos primeiros anos de vida do meu filho. Sim, porque quem usa a expressão “dormir como um bebê” para se referir a uma boa noite de sono nunca teve um recém-nascido em casa… A explicação é simples: o sono é dividido em ciclos. Enquanto o dos adultos dura aproximadamente 90 minutos, o dos bebês tem cerca de 1 hora. Em geral, eles se repetem por cinco vezes até a hora de acordarmos. Nesses intervalos, acordamos e dormimos de novo em seguida – e sequer lembramos no dia seguinte. O cérebro das crianças, no entanto, é imaturo e, por isso, elas não sabem voltar a dormir sozinhas.

Existem várias técnicas para ajudar os pais no desafio de ensinar os filhos a dormir. Enquanto algumas famílias são fãs do polêmico livro espanhol Nana, nenê, que sugere deixar o bebê chorando até pegar no sono, outras adotam a cama compartilhada com os filhos. Mas não é disso que vamos falar aqui, pois acredito que cada um deve encontrar o seu jeito. A psicóloga Renata Kraiser, mãe de duas meninas, cansada dos manuais, desenvolveu um método próprio. O resultado virou tese de mestrado e foi publicado no livro O Sono do Meu Bebê (Ed. CMS). Para Renata, as mães não devem achar normal passar anos sem dormir, pois as consequências para a saúde são enormes. “Durante o sono, ocorrem uma série de processos metabólicos, como a produção de hormônios. O descanso também reduz os níveis de cortisol (substância relacionada ao estresse) em nosso corpo”, explica Renata. Já do ponto de vista psicológico, segundo a especialista, é durante o sono que elaboramos mentalmente os acontecimentos do dia. Não é à toa, portanto, que o ser humano aguenta mais tempo sem água e comida do que sem dormir.

Ela acredita, ainda, que não se trata apenas de uma questão de deixar ou não o bebê chorar ou acertar a rotina dele. Existe, muitas vezes, uma dificuldade de separação entre mães e filhos. “Algumas mulheres pensam que para serem boas mães devem ficar grudadas com os filhos 24 horas ao dia e se privar do sono, o que é um grande equívoco”, reflete. Claro que nos primeiros meses de vida da criança é normal dedicar quase 100% do tempo a ela. Mas esse desligamento, que ocorre aos poucos, seria fundamental para os pequenos se tornarem independentes no futuro. E os adultos também podem se beneficiar disso desde agora. “Quando a criança vai para a cama sempre nos mesmos horários, conseguimos programar melhor nossas horas de lazer, de sono e de trabalho. Facilita a vida de todo mundo”, diz Renata.

Por volta dos 18 meses, felizmente, a maioria dos bebês já consegue dormir a noite inteira. Seu filho ainda não chegou nessa fase? A sugestão da psicóloga é saber dar o devido valor ao próprio sono – e não apenas ao do filho. “Na ânsia de voltar logo à vida ‘normal’, muitas mulheres correm para a academia, para o salão de beleza, para encontrar com as amigas, etc. Outras gastam o tempo no Facebook. E, assim, esquecem do básico que é… dormir. Apareceu um intervalo livre? Descanse!”, conclui. Outra dica básica, que vale para as mães de crianças de todas as idades, é aprender a delegar. Ou seja, a dividir os cuidados do filho com o pai, os avós e/ou pessoas contratadas para isso. Esse merecido descanso (o famoso sono da beleza) vai melhorar o seu humor e torná-la mais disposta para desempenhar todos os papéis. Incluindo o de mãe.

  • Malu Echeverria

    Jornalista, mãe do Gael e redatora-chefe do It Mãe. Para ela, é essencial colocar a máscara de oxigênio primeiro na gente, depois na criança

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