Mães que trabalham à noite, nos fins de semana… E dão conta!
Angela é comissária de bordo e se reveza entre a vida nos ares e os cuidados com filhos trigêmeos (foto: arquivo pessoal)
A gente sabe que vida de mãe que trabalha não é nada fácil. Imagine então como é para as mães que trabalham à noite!
O ItMãe conversou com uma comissária de bordo mãe de trigêmeos, uma DJ que tem quatro filhos pequenos e uma policial militar que tem uma criança de três anos e é órfã de pai.
Todas as três afirmam que são apaixonadas pelo que fazem e não pensam em deixar a profissão de lado por nada. Se consideram mães de sucesso por conseguir conciliar a maternidade com a vida profissional. Veja agora como elas conseguem e inspire-se – se elas podem você também pode!
“Meus filhos têm muito orgulho do que eu faço”
Angela Aparecida Merbach Brenn (40 anos) mora em São Bernardo do Campo (São Paulo) e é chefe e checadora de vôo internacional da TAM Linhas Aéreas. Ela tem os trigêmeos Lucas, Gabriel e Eduardo (9 anos) e trabalha há 21 anos como comissária de bordo. “Amo o que faço e minha gravidez foi planejada, mas em nenhum momento pensei que a maternidade pudesse atrapalhar a minha carreira, mesmo sabendo que eu não poderia voar grávida. Só tinha certeza que seria algo desafiador”, afirma ela.
“Depois que meus filhos nasceram eu mesma cortava meu cabelo e fazia as minhas unhas, por exemplo, e agora que eles estão mais crescidos consigo ir ao cabeleireiro. Como sou comissária de voos internacionais chego a ficar de quatro a cinco dias fora de casa. Não tenho babá e nem empregada, então, preciso me organizar muito. Antes de sair para o trabalho deixo a comida preparada, roupas limpas e a casa bem organizada. Se não consigo adiantar meus afazeres, então as crianças participam comigo, e aí vamos à feira, ao supermercado, arrumamos a casa e fazemos comida juntos. E nos fins de semana, quando possível, preparamos café da manhã juntos também e passamos um bom tempo na mesa”, diz.
Angela lembra que por causa da carreira ela optou por deixar os filhos no berçário quando ainda eram bebês, e agora ficam na escola em período integral. “Mas sou muito atenta a tudo, sempre comunico a professora quando vou viajar e quantos dias ficarei fora, e o meu marido fica com os nossos filhos à noite. Durante as viagens a trabalho, aproveito o tempo livre no hotel para descansar, recompor o sono, ler. Meus filhos têm muito orgulho do que faço e dizem que sou a princesa mais linda do avião”, completa ela.
“Nos dias em que estou em casa fazemos passeios ao ar livre, jogamos bola, andamos de bicicleta, vamos ao cinema, assistimos filmes na cama. Procuro aproveitar cada momento com eles, seja para conversar, abraçá-los, beijá-los muito e dizer o quanto eu os amo. É importante saber separar esse tempo e ter qualidade nesse tempo. Amor, organização, disciplina, rotina e não se sentir culpada são os pontos essenciais para ser uma mãe feliz. É possível. O que mais amo é ficar ao lado dos meus filhos, assistindo a um filme e comendo pipoca. Isso é o que me renova”, completa Angela.
“Não me sinto culpada porque é o meu trabalho”
Denise Gomes Lemes (35 anos) mora no Ipiranga (São Paulo) e é DJ em três casas noturnas. Casada há quase 15 anos, ela tem quatro filhas: Luiza (12 anos), Laura (10), Leticia (9) e Lorena (4). “Minhas filhas não foram planejadas, mas também não foram evitadas, depois da última eu fiz laqueadura porque como eu fiz quatro cesáreas não poderia engravidar novamente. Sempre trabalhei até dois dias antes de ganhar as meninas”, conta.
A DJ lembra que desde que nasceu a primeira filha sua mãe foi morar com ela. “Trabalho de terça a domingo, adoro meu trabalho, então eu e meu marido revezamos: ele leva as meninas na escola e eu busco, nós trabalhamos juntos [os dois são DJ’s] só de quarta-feira, que é quando cada um trabalha em um lugar”, diz.
“Procuro sempre acordar cedo nos finais de semana para sair com as crianças, ir ao parque, ao cinema, ao shopping, etc. E não me sinto culpada porque é o meu trabalho, e também porque tenho minha mãe, que mora comigo e cuida delas quando estou fora. Como trabalho à noite, fico em casa quando elas estão acordadas, e aproveito para dormir no horário em que elas estão na escola. O restante do dia passamos juntos. Mas pelo menos duas vezes na semana saímos para jantar”, afirma.
“Procuro cada dia fazer um pouco das coisas que estão pendentes, sem me desgastar”
Monserrat Aparecida Martínez Belmonte (41 anos) é da Polícia Militar e mora na zona leste de São Paulo, ela tem uma filha de três anos e também um filho já adulto. No caso dela, o grande desafio é não poder contar com a ajuda do marido e nem dos pais, que já faleceram. “Eu tinha muito receio de que o fato de ter um filho pequeno prejudicasse minha carreira, que lutei tanto para conseguir e morro de orgulho pelo que conquistei profissionalmente. Cheguei a pensar que pudesse atrapalhar, sim. Mas quando descobri que estava grávida eu tinha com quem dividir as tarefas, o pai da minha filha que também era policial e isso me fortaleceu”, lembra.
A policial fala também que nos meses de gestação ela trabalhou com a proteção dos colegas de trabalho, a quem chama carinhosamente de “irmãos de farda”, pois ela não poderia se expor totalmente. “Minha licença foi bem aproveitada, mas desafiadora, pois fiquei cuidando da bebê e sofrendo com a perda do pai dela, que faleceu de câncer. Mas trabalhei até os nove meses. Toda vez que fico ausente, seja por férias ou pela própria gestação, sempre sinto muita falta do meu trabalho, pois isto faz parte da minha vida intensamente. E quando retornei ao trabalho, depois que minha filha nasceu, foi um misto de missão e saudade, foi o começo da conciliação (mãe x profissional)”, diz.
Montserrat explica que trabalha uma noite sim e outra não, então, à noite em que ela não está em casa a bebê fica com uma senhora, que é cuidadora. “É uma pessoa maravilhosa que está comigo desde sempre. E na noite em que eu não trabalho ficamos juntas e passeamos. Foi difícil me organizar, mas consigo dentro do meu limite. Procuro cada dia fazer um pouco das coisas que estão pendentes, sem me desgastar. E quando é possível levo minha filha para acompanhar meu trabalho, claro, não na viatura, mas em solenidades”, brinca.