Como negociar horários flexíveis com o seu chefe
A primeira negociação por horários mais flexíveis começa dentro de você (foto: 123RF)
Em junho, como você deve lembrar, aconteceu em São Paulo, o Fórum It Mãe Conecta – Mães e o Sucesso. O evento reuniu diversas especialistas em empreendedorismo e maternidade, além de mães empreendedoras, para falar sobre como carreira e filhos. Em um dos painéis, o tema central foi: como dar conta de tudo sem culpa e sem stress? Para supresa de muitas, a a coach de mães Daniela Salles destacou que nem todo mundo tem o perfil necessário para se tornar um empreendedor de sucesso — e tudo bem! “Empreender não é para todos”, disse. “As mães podem, e devem, voltar para as empresas e pleitear seus direitos, construindo novas parcerias, trabalhando em home-office e negociando por horários mais flexíveis”. Sobre a colocação, Daniela comentou com a gente que os valores da carreira de algumas pessoas estão associados à estabilidade e à ideia de ser liderado por alguém – ao invés de apresentarem vontade própria de liderar. O que daria mais trabalho se decidissem empreender, já que sentem a necessidade de atuar em um sistema de negócios em que processos e sistemas estejam estruturados. Se você faz parte desse grupo, portanto, a dica é correr atrás para que mais e mais empresas entendam que quando as funcionárias mães têm apoio para conciliar carreira e maternidade, todos saem ganhando. “Só criaremos esse diálogo se nos aproximarmos do mundo corporativo e ajudarmos a criar modelos mais justos para mães, em que haja sinergia entre as necessidades da empresa e as necessidades da mãe”, complementa ela. Entre tais necessidades, está a negociação de horários mais flexíveis — para estar mais presente no dia a dia do filho, sem ter de terceirizar 100% dos cuidados.
Para ajudá-la a iniciar o tema na empresa onde você trabalha, conversamos com a especialista em negociação pela Harvard Law School Simone Simon, de Porto Alegre, que também é mestre em Gestão Internacional pela UPMF/ França e professora de Marketing da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Tome nota!
1. Tenha certeza de suas motivações
A primeira negociação começa dentro de você, da sua mente. Entenda suas razões, seus interesses (desejos e necessidades) e seu perfil. Por mais tentador que possa ser ter mais tempo com os filhos em casa, nem todos se adaptam. Entre os riscos estão distrações e problemas de organização do tempo. Por isso, é necessário planejamento e disciplina.
2. Cuidado para não forçar uma situação
Se a sua empresa não trabalha com home-office, você ainda assim pode negociar, mas tenha cuidado para não forçar uma situação que pode acarretar outros conflitos entre a empresa e demais funcionários. Neste caso, entenda a outra parte, e mostre possibilidades de ganho. Além de você trabalhar mais tranquila, o que melhora a produtividade, alguns custos com você podem ser reduzidos (transporte e alimentação, por exemplo).
Quanto maior suas responsabilidades, maior será a exigência sobre você. Mesmo em home-office ou com horários flexíveis, mantenha o profissionalismo. Dê retorno, entregue os mesmos resultados (ou superiores) aos que você entregava antes de ter redução de jornada ou permissão para home-office.
4. Encoraje as mulheres à sua volta
Pode ser sua função sensibilizar outras mulheres à sua volta. Muitas vezes, as políticas organizacionais podem, sutilmente, desencorajar as mulheres a negociar e avançar. Se o pessoal administrativo pode trabalhar em horários flexíveis, mas os gerentes não podem, algumas mulheres terão dificuldades em aceitar cargos de gerência, por exemplo. Ao estimular outras mulheres a lutar pela sua causa, você pode contribuir para criar um clima mais propício à negociação.
5. Esteja atenta aos critérios de negociação da empresa
Se a empresa já tiver esta modalidade implementada (home-office ou horários flexíveis), entenda em quais os critérios se baseiam as decisões. Além disso, é necessário que sua função específica realmente permita essa possibilidade. Se seu trabalho é, em grande parte, presencial, esteja ciente de que pode ser mais difícil de negociar.