Astrid Fontenelle: mães cometem errinhos de amor
Astrid Fontenelle ensinando o Gabriel a andar de bicicleta sem as rodinhas. Para fazer companhia ao filho, ela também comprou uma bike e aí eles podem andar juntos! (foto: Twitter/Instagram)
“Minha gestação durou 10 meses”, conta Astrid Fontenelle, que é jornalista e apresentadora dos programas Saia Justa (quarta-feira, às 21h30) e Chegadas e Partidas (domingo, às 22h), no canal GNT. Por mais maluca que essa afirmação possa parecer, Astrid explica bastante feliz, durante a entrevista para o It Mãe, que esse foi o período que ela levou para segurar o pequeno Gabriel no colo, definitivamente como filho dela. Aliás, sua alegria é contagiante enquanto relembra cada momento dela como mãe.
Gabriel (hoje com 7 anos), tinha apenas 40 dias quando Astrid o pegou no colo pela primeira vez. “Ele nasceu no meu coração e ele se encaixou perfeitamente nos meus braços”, diz ela emocionada. Astrid, hoje, tem uma tatuagem no peito com o nome de Gabriel. Ela conta que ter se tornado mãe aos 48 anos e ter optado pela adoção foi uma opção de vida. Não há nenhuma justificativa especial para isso. Ela diz apenas que nunca se imaginou grávida, com aquele barrigão.
Para Astrid, a maturidade ajuda muito no dia a dia com o filho, inclusive a lidar com os primeiros contratempos de uma mamãe de primeira viagem. “Por ser mais velha eu levei tudo com muita tranquilidade e de uma maneira leve, pra cima e feliz, inclusive os erros que cometi porque eu via tudo como um erro de amor. Quem deu o primeiro banho dele, por exemplo, foi minha melhor amiga, mais velha do que eu, e que é mãe também. Ela virou o meu filho de cabeça para baixo para dar banho nele. E tudo bem, sabe? Deve ter esquecido como dava banho em criança e o Gabriel não morreu afogado. Muito provavelmente se fosse a minha mãe teria feito o mesmo, e está tudo certo. A gente lembra e dá risada”, se diverte Astrid.
Veja a seguir mais detalhes dessa experiência de Astrid em ser mãe quase aos 50 anos:
– Como foram os primeiros dias com o Gabriel em casa?
Como ele era bebezinho foi muito fácil criar rotinas para ele, o que, aliás, eu acho que é um item de subsistência fundamental para a vida dele. Eu, naquele momento, e como toda mãe, tive a minha licença-maternidade. A diferença é que eu abri mão do meu trabalho, como muitas também abrem, para ficar mais tempo com ele. Fiquei oito meses com o meu filho em casa antes de voltar a trabalhar.
Nesse período aproveitei cada segundo com ele, inclusive o momento de dar a mamadeira para fortalecer esse elo com o Gabriel. Ter aquele olho no olho é o mais importante para o desenvolvimento do caráter da criança. Fiz também um playlist num iPod para ele dormir e brincar, e uso até hoje, principalmente quando viajamos e ele vai dormir sozinho ou quer deitar antes de mim.
Adoramos passear na casa de praia de uns amigos nossos que moram na Bahia. E essa playlist foi uma maneira que eu encontrei de me deixar presente mesmo quando estou ausente, ele sabe que aquela playlist significa minha presença.
– Como foi quando você começou a trabalhar?
Olha, mesmo que ele não entendesse, até porque só tinha oito meses, eu falava: “mamãe está indo trabalhar feliz porque eu preciso e gosto, tá?”. Acho que todo mundo precisa fazer o que gosta. E trabalhar, se não é pelo dinheiro é pelo prazer de fazer alguma coisa. E esse tipo de atitude dá segurança para a criança. Mas eu conheço mãe famosa que quando sai pra trabalhar chora, se descabela e a criança fica péssima, coitada. Aí a mãe volta três vezes para ver o filho, antes de sair.
Hoje, eu organizo minha agenda praticamente de acordo com o horário dele estudar, tenho esse privilégio. Além disso, eu sempre procurei levar e buscar o Gabriel na escola. Só que quando fiquei doente, tive que parar de dirigir. Atualmente, tem um motorista que faz essa função. Mas sempre almocei com ele na volta da escola.
E tem outra vantagem: tenho 54 anos e posso abrir mão, por exemplo, de ir ao show do Rod Stewart, que eu adoro, para ficar com ele porque eu já vi esse show. Agora, quando for do Rolling Stones eu vou porque quero muito e sou fã deles. Mas isso é uma tranquilidade dos 54 anos.
– Você tem aquele sentimento de culpa, que muitas mães sentem?
Não tenho culpa nenhuma, acho que não tem de ter culpa. Você está saindo para trabalhar, por exemplo, porque precisa, não interessa quais são as razões. Apesar de que, no nosso país, a principal razão talvez seja a de ganhar dinheiro e sustentar o seu filho porque você vai ter gastos. A minha empregada tem babá, e muitas outras têm também, o que é um paradoxo até. Ela deixa a casa dela pra cuidar da minha casa. Mas ela precisa de dinheiro. E por isso o filho dela precisa de uma companhia quando volta da escola porque ela ainda não chegou do trabalho. Mas deve fazer isso sem culpa.
– Como faz para curtir os momentos com o Gabriel?
Precisa aproveitar os momentos, não dá para estar com ele e, ao mesmo tempo, estar no celular, na internet, não dá. Se eu for estar com ele preciso estar integralmente. Você vai colher resultados depois. O esforço que eu faço para voltar para casa antes dele dormir é para ler pra ele. E ele começou a ler e escrever antes de entrar no primeiro ano. Aí eu notei que eu lia passando o dedinho nas palavras, mas eu fazia isso para ver se ele ficava com atenção ali no livro. Hoje eu aconselho a fazerem isso porque eu acho que foi daí que ele aprendeu a ler mais rápido.
Astrid se empenha para voltar para casa antes de Gabriel dormir para poder ler para ele (foto: Twitter/Instagram)
Mas um dia eu confesso que vi o filho da Ivete Sangalo, que é muito minha amiga, nadando na casa dela, e o menino ficava 13 segundos debaixo da água da piscina. E eu, caramba, como é que o Gabriel não nada. Aí a Ivete disse “calma, cada um com a sua habilidade, isso aí ele tem porque ele vai todo dia para a praia com o pai, que é mergulhador e aí o menino mergulha também”.
Na verdade, eu acho que a gente, mãe, precisa dar um pouquinho mais de si para formar esse “cada um” do nosso filho um pouquinho melhor.
– Como é a mãe Astrid no dia a dia?
Ah, hoje em dia eu e o Gabriel já não almoçamos mais juntos, desde o ano passado, porque ele faz as atividades extras dele na escola. Ele fica lá até às 15h30, depois faz natação, judô e chega em casa às 17h. Aí eu me esforço para estar com ele para o jantar. Nós jantamos juntos, eu, ele e o pai, Fausto Franco, que é produtor musical, morava na Bahia e veio morar para cá.
Aproveito esse momento para conversar com o Gabriel e começo a conversa sempre assim: “e aí, como foi seu dia?” Muito descompromissada, sabe? Às vezes, ele fala e às vezes não quer falar. Mas ele gosta de falar, fala até demais. Outro dia pegou meu WhatsApp porque queria mandar um recado para mãe de uma menina falando que a filha dela disse que ele fez um negócio e, na verdade, ela nem viu. Aí eu falei, não! Não é comigo e nem com a mãe dela que você tem que falar isso, o problema é de vocês dois, então vocês precisam resolver lá na escola, entre vocês dois.
Ensino a ter autonomia, independência. Eu já ensinei a arrumar a cama dele todo fim de semana, não ficar chamando ninguém para resolver briga dele com o amiguinho.
Agora em outubro foi a primeira viagem dele sozinho com a escola. Não tinha uma pessoa que não me perguntasse como eu estava, e meu coração? E eu estava supertranquila, ele foi com a escola. O aperto no coração é a emoção de estar entregando meu filho para o mundo.
Astrid com o marido Fausto e o filho Gabriel na Praia do Forte (Bahia) (foto: Instagram)
Astrid posta nas redes sociais vários momentos com o filho. Aqui ela fala que foi acompanhar o Gabriel no treino de skate, seguiu para uma festinha infantil e depois teatro na livraria. Segundo ela, “feliz e com olheiras profundas” (Foto: Twitter/Instagram)