Obesidade infantil: sim, você pode prevenir

Recentemente, a UNICEF divulgou um dado alarmante: pela primeira vez na história, há mais crianças e adolescentes obesos do que abaixo do peso ideal no mundo. A obesidade já atinge 9,4% da população entre 5 e 19 anos, enquanto o baixo peso aparece em 9,2%.
Muito além de estatísticas, esse cenário é preocupante porque a obesidade infantil aumenta o risco de desenvolver doenças graves ao longo da vida, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardiovasculares e até alguns tipos de câncer. Ou seja, estamos falando de um problema de saúde pública que começa cedo e pode comprometer a qualidade de vida na fase adulta.
Atendo muitas mães que se encontram perdidas em algum momento com a alimentação dos filhos e recentemente uma paciente me perguntou se era tarde demais para reeducar o paladar de uma criança de 10 anos. A verdade é que nunca é tarde para nos preocuparmos com a forma que nutrimos nossos filhos, e o melhor momento para começar é sempre o agora.
Um dos períodos mais importantes para prevenir a obesidade infantil são os primeiros 1000 dias de vida, que vão da gestação até os dois anos de idade. É nessa fase que acontece o maior desenvolvimento físico e metabólico da criança, e as escolhas feitas nesse período terão impacto duradouro em sua saúde. Uma alimentação adequada, rica em nutrientes, somada a bons hábitos de sono, atividade física e redução do estresse, é fundamental para garantir um crescimento saudável.
Mas os cuidados não param aí. Com a introdução dos ultraprocessados cada vez mais cedo, muitas crianças acabam trocando frutas, verduras e proteínas naturais por biscoitos, salgadinhos, refrigerantes e outros produtos cheios de açúcar, sódio e gordura. Esse padrão alimentar não só favorece o ganho de peso excessivo como também altera o paladar, tornando a criança mais resistente a alimentos naturais.
O que os pais podem fazer para ajudar
Ofereça variedade de alimentos saudáveis desde cedo
Apresente frutas, legumes, verduras, cereais integrais e proteínas de diferentes formas e texturas. A repetição e a diversidade ajudam a ampliar a aceitação da criança.
Seja o exemplo
A alimentação da família é determinante na criação de bons hábitos, já que as crianças aprendem por observação. Se veem os pais consumindo frutas, legumes e alimentos frescos no dia a dia, têm mais chances de adotar essas escolhas naturalmente.
Reduza ao máximo a presença de ultraprocessados em casa
Quanto menor a oferta, menor será o consumo. O ambiente alimentar importa, se a criança tem à disposição opções saudáveis, tende a escolhê-las com mais facilidade.
Estabeleça uma rotina alimentar
Horários regulares para as refeições e lanches evitam o “beliscar” ao longo do dia, que muitas vezes envolve ultraprocessados.
Evitar o uso da comida como recompensa ou castigo
Frases como “se comer o legume, ganha sobremesa” reforçam a ideia de que o doce é mais valioso. Isso pode criar uma relação distorcida com a comida.
Envolva os filhos no processo de alimentação
Levar para a feira, mostrar os alimentos e incluir a criança no preparo das refeições desperta interesse, curiosidade e orgulho em experimentar aquilo que ajudou a fazer.
A obesidade infantil não é apenas uma questão estética, mas de saúde. Investir em hábitos saudáveis desde cedo é um presente que os pais podem dar para garantir um futuro mais equilibrado e com qualidade de vida para seus filhos.









