Kit saúde de verão: o que não pode faltar para crianças e adolescentes


Betina Lahterman
por: Betina Lahterman
Pediatra pela Unifesp. Com um olhar ampliado do crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Mãe de 1, doutora de muitos.

É tempo de férias, parque, piscina, praia, viagens e muita diversão ao ar livre. Para curtir esses momentos, a atenção com a saúde dos pequenos e dos adolescentes precisa ser redobrada. 

O calor, o sol forte e os insetos exigem um “kit sobrevivência”, a partir de quatro pilares básicos: protetor solar, repelente, hidratação e farmacinha. 

1. Protetor Solar: O Melhor Amigo do Verão

A pele das crianças é mais delicada e sensível e a proteção solar não é uma opção, é uma obrigação. Com os adolescentes, não é diferente.

Mesmo em dias nublados, o sol continua agindo sobre a pele. Por isso, o protetor solar precisa entrar na rotina diária.

O que observar no rótulo do protetor solar:

· Fator de Proteção Solar (FPS) 50 ou mais e, de amplo espectro (UVA/UVB): para crianças, o ideal é sempre usar a proteção máxima. O FPS refere-se principalmente à proteção contra os raios UVB (que causam queimaduras). Um FPS 50 bloqueia cerca de 98% desses raios. Os raios UVA penetram mais profundamente na pele, causando envelhecimento e também danos que podem levar ao câncer. O símbolo de um círculo com as inscrições “UVA” dentro dele é uma boa indicação.

 · Químicos: substâncias orgânicas que absorvem a radiação e a transformam em energia que não causa danos a pele. E, físicos (ou minerais): refletem os raios solares.

· Resistente à Água (Water Resistant): indica que o protetor mantém a eficácia por 40 minutos na água. Muito Resistente à Água (Very Water Resistant), 80 minutos. Mesmo assim, reaplique sempre que a criança sair da água ou suar muito.

· Hipoalergênico e sem perfume: essas características ajudam a minimizar o risco de alergias e irritações na pele sensível.

· Textura Agradável: em gel, creme, roll on ou sticks são mais fáceis de espalhar e mais práticos.

· Idade Recomendada: bebês maiores de 6 meses. Respeite os horários: antes das 10:00h e após às 16:00h.

Dica Prática: Aplique o protetor solar 30 minutos antes de sair de casa e reaplique a cada 2 horas, ou após cada mergulho/suor excessivo. Não esqueça de áreas como orelhas, nuca, peito do pé e atrás dos joelhos.

Antes de comprar qualquer produto, vale ler os rótulos com atenção. Evite fórmulas com álcool, parabenos, corantes e lauril sulfato de sódio (SLS), substâncias que podem irritar a pele. Dê preferência a produtos dermatologicamente testados e com fórmulas mais simples e naturais.

2. Repelente: a barreira contra os insetos

Com o verão e as chuvas, mosquitos e pernilongos aparecem com tudo. Para proteger contra picadas e as doenças que podem transmitir (como a dengue, zika e chikungunya), o repelente é essencial.

O que observar no rótulo do repelente:

· Princípio Ativo e Concentração:

  • Icaridina: É muito eficaz e considerado seguro para crianças a partir de 6 meses. Tem baixo potencial de irritação na pele. É a substância mais recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Tempo de ação estimado é de 5h a 10h.

  • IR3535: pode ser usado em crianças a partir dos 6 meses de idade. Não apresenta riscos a gestantes.

Tempo de ação estimado é de 4h a 8h.

  • DEET: também eficaz, mas a concentração deve ser de no máximo 10% para crianças de 2 a 12 anos, no máximo 3x/dia. Só pode ser usado a partir dos 2 anos.  

Tempo de ação é de 2h a 8h, variando de acordo com a concentração (5% a 30%).

· Idade Recomendada: não use repelente em bebês menores de 6 meses. Para essa faixa etária, a proteção deve ser feita com mosquiteiros e roupas compridas.

Dica Prática: Aplique o repelente por cima da roupa, mas nunca por baixo. Evite passar nas mãos das crianças (elas podem levá-las à boca ou aos olhos) e em áreas com machucados ou irritações. 

Ordem de Aplicação: primeiro o protetor solar, espere 15 minutos para absorver, e então aplique o repelente.

3. Farmacinha: Kit SOS (bagagem de mão)

Ter uma farmacinha portátil na bolsa de praia ou na mochila das férias pode salvar o dia!

Organize com o seu pediatra!

 O que não pode faltar:

· Medicações de uso contínuo, na quantidade suficiente para o tempo de viagem (conte com imprevistos). Sempre, anexe o receituário médico.

· Antibióticos: controverso. Depende do histórico da criança ou adolescente, tempo de viagem e, se nacional ou internacional.

· Analgésico e antitérmico: já conhecidos e nas apresentações e dosagens adequadas para o peso da criança.

· Antialérgico: para reações inesperadas a alimentos ou picadas de insetos.

· Pomadas para assaduras, picadas e coceiras (bálsamo multiuso natural).

· Kit para enjoos/quadros gastrointestinais: antiemético e probiótico.

· Hidratantes leves, sem álcool e com textura suave. Depois do banho de mar ou piscina, reaplique sempre.

· Spray ou gel pós-sol: com aloe vera ou calêndula, para acalmar a pele em caso de queimaduras leves.

· Soro fisiológico: para lavar os olhos ou nariz em caso de irritação, e também para limpar ferimentos.

· Curativos adesivos, gazes e antisséptico: para tratar arranhões e pequenos cortes.

· Termômetro.

Dica Prática: revise os prazos de validade de todos os medicamentos antes das férias. E, em caso de dúvida sobre qual medicação usar ou a dosagem, sempre consulte um pediatra.

Pequenos cuidados diários fazem toda a diferença para que as crianças e os adolescentes curtam o sol com saúde e energia.

4. Hidratação

No calor, as crianças perdem líquido e sais minerais muito rapidamente através do suor. A desidratação pode ser silenciosa e perigosa. Não espere a sede apertar!

O que oferecer?

· Água é fundamental: ofereça água constantemente, mesmo que a criança não peça. Ela deve ser a fonte principal de hidratação

· Sucos Naturais, após 2 anos: são uma boa opção, mas sem exagero devido ao açúcar natural das frutas (frutose)

· Água de Coco

· Cuidado com os Industrializados:

  • Sucos de Caixinha e Refrigerantes: evite! são cheios de açúcar, corantes e conservantes. Observe no rótulo a lista de ingredientes: se “açúcar” ou “xarope de milho” estiverem entre os primeiros, descarte
  • Bebidas Isotônicas: Só devem ser usadas em casos de prática esportiva prolongada, e sempre com orientação médica. Para a maioria das crianças, água e água de coco são suficientes

Dica Prática: ofereça frutas ricas em água, como melancia, melão, laranja e abacaxi, como lanches refrescantes e hidratantes.

Com protetor solar, repelente, farmacinha e muita água, o verão pode ser leve, seguro e cheio de boas lembranças.

  • Betina Lahterman

    Médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), com residência em Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com o foco no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes, acolhimento da família através de uma pediatria afetiva e descomplicada. Atualmente, Presidente do Departamento Científico de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e Membro do Departamento Científico de Saúde Escolar da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Como pediatra, transita em todos os cenários da infância e adolescência participando dos momentos de conquistas e desafios. No que transmite, não só o conhecimento mas, trocas e vivências. Orienta além da questão física, resgata o brincar, o contato com a família, com a natureza e o uso responsável e compartilhado das tecnologias.

Data da postagem: 19 de dezembro de 2025

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