Seu filho só quer leite?


Patrícia Junqueira
por: Patrícia Junqueira

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Se houver sempre um pouco de leite no estômago, a criança não conseguirá entender os sinais de apetite (Foto: 123RF)

Recebo perguntas de pais cujos filhos (entre 1-3 anos) apresentam pouco apetite para alimentos sólidos, mas mamam vorazmente o tempo todo. Como pode? Não é ruim beber leite (ou um composto lácteo alternativo), claro. O problema é quando a quantidade consumida e o momento do consumo do leite interferem no apetite por outros alimentos. Pois o exagero não só compromete a variedade nutricional, como também uma série de experiências e vivências cruciais com alimentos podem ser perdidas pela criança.

Independentemente do tipo de leite que estejamos falando, ele é digerido da mesma forma que os alimentos sólidos e contém gordura e proteínas que oferecem saciedade. E o pequeno estômago de uma criança tem limite! Sejamos honestos, todos nós preferimos o caminho do menor esforço e as crianças não são diferentes… Beber a maior parte das calorias é mais fácil para algumas delas. O conforto de estar nos braços da mãe, a natureza acalentadora do ato de sugar e a facilidade de simplesmente engolir e não ter que mastigar, são todas razões pelas quais algumas crianças têm dificuldade de transicionar para uma alimentação mais sólida.

Pergunte a você mesma: a hora em que meu filho é amamentado/toma mamadeira ou leite no copinho treinador está facilitando ou sabotando o desejo por alimentos sólidos? Se houver sempre um pouco de leite no estômago, a criança não se sentirá realmente fome e não conseguirá entender os sinais de apetite. Afinal, a fome melhora a ingestão de alimentos e também favorece o interesse por novos alimentos durante as refeições. Se o peito, mamadeira ou um copinho treinador com leite ou suplemento for oferecido esporadicamente ao longo do dia ou logo antes das refeições, isso pode sabotar o apetite por alimentos sólidos.

O “mamazinho” antes da hora de dormir, por exemplo, pode ser uma maravilhosa parte da rotina de relaxamento, mas muito cuidado na hora em que você vai oferecê-lo, principalmente quando ele vem imediatamente após as refeições. Uma alternativa é  adiantar o jantar para mais cedo, o que para normalmente significa ofertá-lo imediatamente após voltar do trabalho/escola, aproveitando o pico de apetite após uma longa tarde na escola.

Às vezes, a relutância em desmamar, deixar a mamadeira ou a rejeição de alimentos sólidos, entretanto, pode ser indicador de um problema subjacente que faz do ato de mastigar, engolir e digerir alimentos sólidos desconfortável ou difícil para a criança. O tempo de cada criança é diferente, mas o objetivo deve ser de consistentemente introduzir a alimentação da família para que a maior parte das suas calorias venham de alimentos sólidos até os 2 anos de idade. A seguir, mais dicas para ajudar seu filho nessa transição.

 – Mantenha os afagos e transicione o leite para as refeições ou para a hora do lanche. Você pode começar com uma vez ao dia. Essa medida pode surpreendê-la!

– Procure estruturar o momento das refeições com intervalo de duas a três horas para a maioria dos dias, sem oferecer nada além de água entre elas;

– Por último, se você estiver com dificuldades para fazer a transição da alimentação líquida para a sólida ou se seu filho tem problemas para mastigar ou engolir, uma avaliação com um fonoaudiólogo especialista em motricidade orofacial com experiência em alimentação infantil pode ajudar.

  • Patrícia Junqueira

    Fonoaudióloga há 25 anos e Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela Unifesp. Mãe do Felipe e do Tiago, ela idealizou e criou o Instituto de Desenvolvimento Infantil para atuar e divulgar seu olhar integrado para o desenvolvimento e necessidades fonoaudiológicas de bebês e crianças

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