Dona Benta? Ficou no passado
Uma geração de mulheres fortes e acostumadas a quebrar paradigmas chegou à maturidade e está revolucionando o jeito de ser avó. Elas não se parecem em nada com o perfil da dona Benta. Nem em aparência, nem em atitude. Muitas continuam trabalhando fora e têm uma carreira bem-sucedida. São empresárias, médicas, advogadas… Lançam mão dos recursos do mundo da moda e beleza disponíveis para ficarem bonitas e mais jovens. Adoram viajar – aliás esse é um de seus programas preferidos com os netos. “Essa mulher tem muita clareza de que seu papel não é ser uma cuidadora, mas sim ter uma relação extremamente alegre, feliz com o neto. Ele é mais uma parte boa dentro de todas as coisas boas que ela tem “, explica a jornalista especializada em comportamento feminino Marcia Neder, que está fazendo um grande estudo sobre as novas mulheres maduras, com previsão para virar livro em 2015.
Se a sua mãe ou sua sogra nasceu entre entre 1945 e 1964, ou seja, hoje tem entre 55 e 68 anos é provável que faça parte dessa turma de avós bem diferente daquelas de antigamente. Ela não faz mais almoço de domingo? Não está sozinha. Das trinta avós já entrevistadas para seu estudo, Marcia encontrou apenas uma que cultiva o hábito de reunir os filhos e netos à mesa no fim de semana. Para as demais, isso acontece ocasionalmente.
Com uma vida animada e de múltiplos interesses, as novas avós não têm interesse de competir com os pais na educação dos netos. Para elas, a grande diversão é poder desenvolver com cada neto uma relação diferente, segundo quem ele é. “Com a neta que adora ballet, ela viaja e vai a espetáculos de dança. Com o neto que joga futebol, ela veste a camisa do time e vai ao estádio. Poder ser várias em uma é libertador. Ela não precisa mais ser aquela avó severa, que assumia o papel de educadora e até era meio escrava dele, pois tinha de agir daquela maneira esperada”, conta Marcia.
A nova avó não está à disposição 24 horas por dia para ficar com os netos, pois a vida dela é cheia de compromissos profissionais, sociais… Ela até prefere que você mande seu filho com a babá para a casa dela! Pensando na trajetória dessa mulher que está se tornando avó agora, a gente percebe que a atitude dela não poderia ser diferente. Estamos falando daquela mulher sempre fez tudo fora do tradicional. “Essas mulheres que agora estão se tornando avós são as baby boomers, a primeira geração na história que viveu um situação única de avanço da ciência, uma revolução tecnológica, viu aparecerem antibióticos e vacinas, usufruiu de uma estrutura de saúde como nunca aconteceu antes. Também foi a primeira geração que conseguiu separar a maternidade do sexo e ter educação de ponta. Nenhuma outra geração anterior, e estou falando de homens e mulheres, teve esse quadro. Dentro disso, os baby boomers reescreveram a história. E estão fazendo isso até hoje. Ela rompeu tabus, barreiras e todos os modelos, por que não faria o mesmo com o de avó? Seria uma incongruência”, diz Marcia.
E quer saber de uma coisa? Os netos adoram essa nova avó, porque ela não representa o papel da censura. “Ela não é a figura da autoridade, é a figura do prazer. Não é a avó carente, que traz culpa. Essa mulher não se coloca no papel de vítima em coisa nenhuma da vida. Ponto”, explica Marcia. Não que seja totalmente imbatível ou viva em um mar de rosas. “Uma das características das novas mulheres maduras é que elas passam por fases. Passam por dificuldades, por dores, mas vão em frente e não olham mais para trás. São mulheres com imensos desafios e dificuldades na vida, mas que vão adiante. Vivem o que tem que viver, encontram uma solução e seguem. O lema delas é: ‘Vamos em frente”, conta a jornalista. Um ótimo exemplo para nossos filhos, não acha?