Adolescência da primeira infância: limites são a regra por aqui
Aqui em casa os limites são a regra, até porque isso deixa a Donatella mais segura de até onde ela pode ir – e que não há negociação para determinadas atitudes (foto: Rick Aurélio/Estúdio Nantes)
Muito tenho lido sobre a “adolescência” dos dois anos, idade em que a criança costuma abusar do “não” ou tenta, sempre que pode, impor a sua vontade, manipulando os pais e cuidadores para que cedam às suas vontades. Alguns amigos também estão passando por essa fase com os filhos, e a gente testemunha cada situação que seria hilária – se não tivéssemos que, como pais, aproveitar cada oportunidade para educar e refrear alguns arroubos dos pequenos.
Aqui em casa, a evolução da Donatella nos traz gratas surpresas. Como temos o costume de levá-la junto a muitos lugares e viagens, ela assimila um número bastante grande de novidades, lembrando, depois, de passeios que fizemos e fazendo ligações entre situações do cotidiano e algo que ela presenciou em uma viagem, um museu ou um parque. O mesmo acontece com pessoas. Muitas vezes ela vai comigo para o trabalho ou a jantares em casa de amigos, e quando encontra alguém ela lembra do parentesco entre as pessoas, quem é casado com quem, e por aí vai.
Todos os profissionais (e a literatura) são categóricos ao afirmar que essa é a (primeira!) idade do “não”, na qual as crianças aprendem a testar os pais – e fazem de tudo para isso, não é mesmo? Aqui em casa os limites são a regra, até porque isso a deixa mais segura de até onde ela pode ir – e que não há negociação para determinadas atitudes. Há vários momentos em que uso a técnica da negociação. Por exemplo, ela come frutas diariamente, então, se naquele dia ela não quer comer laranja, tudo bem, mas vai comer a melancia. Se não quer usar determinado sapato, troca pelo outro – mas não tem isso de fazer birra ou escândalo de “não vou botar sapato!”, chorar, se atirar no chão. Ela já entendeu que existe uma margem de negociação.
Agora há momentos em que não se negocia, como é o caso da hora de escovar os dentes – e tenho sido dura com esse ritual, assim como com outras coisas que não admitem flexibilização, como tomar banho, tomar remédio, entre outras obrigações.
Dia desses fomos à praia e ela tinha comido picolé (aqui em casa doces só entram nos finais de semana –e nem sempre -, no dia a dia apenas frutas). Depois, quando chegamos em casa, ela não queria escovar os dentes. Fechava a boca e ficava me olhando. Literalmente testando minha paciência e “se venceria” aquele momento. Então eu disse que da próxima que fôssemos à praia, no fim de semana seguinte, o sorveteiro iria passar e ela não iria ganhar picolé porque tinha ficado de castigo por essa birra na hora da escovação. Ela super entendeu – e passou a semana toda falando nisso. “A Dodô vai ir pra praia e não vai poder comer picolé, só pular onda”. Lógico que às vezes dói o coração, mas é preciso manter a coerência, até para que ela entenda as consequências das coisas que ela faz – o que vai repercutir quando ela for para escola e em cada fase da infância que ela passar.
O que aconteceu? No primeiro em que voltamos à praia, nada de picolé para ela. Mas na noite seguinte ao episódio da birra com a escovação ela escovou os dentes. Então combinamos que na segunda vez que ela fosse à praia poderia comer picolé – mas na primeira, não, para cumprir o castigo estabelecido. Acho importante que as regras sejam cumpridas senão os pais perdem o respeito e o controle, e a própria criança fica perdida com as orientações que mudam a toda hora e com a postura incoerente dos pais e cuidadores.
Um beijo e até a próxima!
Rafa Donini
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