Por que você tem que sair com as amigas


Isabel Malzoni
por: Isabel Malzoni

mulher amiga

Ter vida social faz bem à saúde, diz estudo (Foto: CrayonStock)

Quando nascem os filhos, uma das muitas coisas que mudam radicalmente é a vida social. Se antes você saía quando e com quem bem entendesse, agora deve estranhar as muitas limitações que surgem, como a falta de tempo, de disposição e ainda a necessidade de ter de se programar com antecedência para uma simples ida ao cinema. O desafio não é pequeno! Mas saiba que sair com as amigas faz bem não só para a sua cabeça, como também para o corpo em geral. Como aponta um novo estudo norte-americano publicado no início do ano no periódico Proceedings of the National Academy of Science.

“A falta de conexões sociais foi associada a riscos para a saúde elevados em várias fases da vida. Por exemplo, comprovou-se que o isolamento social aumenta o risco de inflamações tanto quando a falta de atividades físicas na adolescência, e o efeito do isolamento social sobre a hipertensão foi ainda mais prejudicial do que os fatores de risco clínicos, como a diabetes, nos idosos”, concluem os cientistas. A pesquisa não cita o caso das mães em especial, mas é possível intuir que a saída com as amigas se torne ainda mais necessária quando a pessoa está vivendo uma rotina puxada, dividida entre muitas tarefas e tão poucos assuntos “de adulto”. “Ter um tempo para si, para passear e fazer um programa diferente, é essencial para a saúde da mãe, que costuma ter uma rotina maçante no começo da vida do filho, ajudando inclusive a prevenir a depressão”, acredita a psicoterapeuta Miriam Barros.

Ok, que é importante já até imaginávamos. Mas como conseguir a proeza de resgatar uma vida social? Para a especialista, em primeiro lugar, temos de nos conscientizar da importância disso e, assim, nos esforçarmos para fazê-lo acontecer. “Porque, além da falta de tempo e disposição, outro fator que leva a essa isolamento é a culpa da mulher de sair de perto do filho. É como se as mães aceitassem a ideia de se ausentar para trabalhar e fazer outras tarefas ‘primordiais’, mas não para se divertir”, explica Miriam. Ter o apoio da família, e principalmente do seu parceiro, também ajuda muito, claro. No entanto, segundo a psicoterapeuta, os familiares têm dificuldade de enxergar que a mãe precisa desse break. O jeito, acredita, é se colocar numa boa, pelo seu bem e do seu filho também!

A decoradora Carolina Carvalho, 34, mãe de Guilherme, 3, e Laura, 1, por exemplo, encontrou uma maneira de manter o “momento amigas” na rotina. Ela e mais três amigas próximas firmaram compromisso de se encontrar toda primeira quarta-feira do mês, e isso é levado muito a sério. “É ótimo porque saio da rotina, troco ideia com elas, desabafo, falo de outros assuntos. Sem esses momentos eu me sentiria solitária”, relata a mãe, que conta com a disponibilidade das avós nessas ocasiões. Já a DJ Paula Mar, também optou por incluir a bebê dela, Pérola, que hoje tem 1 ano e 5 meses, na sua retomada da vida social, o que acabou virando um empreendimento. “Sempre gostei de sair, tanto de dia quanto à noite. Simplesmente gosto da energia da rua. Depois do primeiro mês do puerpério, já frequentávamos festas nas casas de amigos, praças, parques. Meu sling e eu viramos inseparáveis e comecei a levá-la comigo para onde quer que fosse, teatro, cinema, restaurantes e bares. Em alguns lugares éramos bem-vindas, em outros nem tanto”, conta. O tempo foi passando e a vontade de sair pra dançar era imensa. Diante da dificuldade de encontrar um local onde pudesse unir o útil ao agradável, Paula enxergou a oportunidade de criar a Mãetinê, uma festa que acontece mensalmente em uma loja de discos em São Paulo. Lá, a diversão inclui adultos e crianças, por isso, o som é mais baixo, tem tapetão de EVA, e todo mundo pode dançar junto. “Tenho uma resposta muito positiva das mães que frequentam a festa, que voltam sempre, aproximam seus bebês e estabelecem laços”, comemora. Ou seja, buscar pessoas com interesses parecidos (que certamente vão compreender melhor o seu dia-a-dia corrido) também pode ser uma saída nesse caso.

mãetinê

A festa Mãetinê, em São Paulo, é espaço para toda a família se divertir (Foto: Divulgação)

Adaptação é a palavra

É possível que você esteja se questionando: “Já tenho a agenda cheia e ainda mais essa obrigação agora?”. Retomar a convivência com as amigas, assim como outros papeis anteriores aos de mãe traz benefícios à sua saúde física e mental, como vimos, no entanto, tem de ser feito sem cobranças e no seu tempo. “As mães já têm muitas demandas”, lembra a psicoterapeuta Miriam. “Diria para ir aos poucos, investigando suas possibilidades e vontades. Porque a vida muda mesmo com os filhos (e a gente também!) e exige uma adaptação às limitações e também aos novos interesses”, conclui. Em resumo, pode ser que você não apenas não possa, como também não queira mais ficar até o amanhecer na balada – e está tudo bem.

  • Isabel Malzoni

    É jornalista e sócia da Editora Caixote, que publica livros infantis interativos, como Pequenos Grandes Contos de Verdade, finalista do Prêmio Jabuti. Mãe de Diego, divide-se entre os cuidados com o bebê, descobertas culinárias e muitos, muitos textos Isabel Malzoni é

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