Mãe faz sucesso com feira itinerante de orgânicos em kombi


Isabel Malzoni
por: Isabel Malzoni

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Komborgânica: A jornalista Joana Ricci decidiu montar o próprio negócio após se tornar mãe (Foto: Arquivo pessoal)

“Quando estava esperando a Manuela, achei que podia até marcar a minha volta ao trabalho uns dias antes do fim da licença-maternidade. Quatro meses é muito tempo para ficar dentro de casa, certo? (risos)”, lembra Joana Ricci, 32. Ela, que hoje é sócia da Komborgânica, uma kombi/feira itinerante de orgânicos que circula e faz sucesso por São Paulo, era contratada de uma consultoria especializada em desenhar projetos sociais para empresas, e gostava do trabalho. A transformação de funcionária contratada em empreendedora aconteceu pelos mesmos motivos que acometem tantas mães: acabou-se a licença-maternidade e Joana não conseguia mais se enxergar levando aquela mesma rotina, que no caso dela incluía longas horas e muitas viagens de trabalho. Mas entre uma “vida” e outra, muita coisa se passou.

Joana chegou a voltar ao trabalho, e a filha ficou com a sogra. Mas além do tempo longe da pequena, que tinha dificuldade de usar a mamadeira, às vezes tinha de continuar trabalhando quando chegava em casa. Durou pouco. “Eu só queria ter um trabalho que fosse mais flexível para que pudesse ficar com a minha filha”. Passou a pegar trabalhos como free-lancer na área de comunicação (Joana é formada em jornalismo), mas mergulhada na maternidade e na introdução alimentar da filha, decidiu fazer também comidinhas saudáveis para vender pela internet. Produzia ela mesmo iogurte, geléia, granola, bolinhos sem açúcar ou sem leite. O trabalho rendia pouca grana, no entanto. Em retrospecto, Joana percebe que buscou o caminho que é mais comum entre as mães que decidem empreender para ter mais tempo para ficar com as crias: escolheu trabalhar com algo que tivesse a ver com esse novo universo em que vivia. “Se você pesquisar os ramos escolhidos pelas mães empreendedoras, vai encontrar muitas mulheres que passaram a trabalhar com festas infantis, fotografia de família, docinhos e por aí vai. Não tem nada de errado nisso, mesmo. Mas mostra que às vezes demoramos para perceber que temos um leque muito mais amplo nas mãos”, ensina.

Segunda filha

A ideia da Komborgânica surgiu por causa de uma necessidade de Joana. Ela, que já comprava orgânicos, virou consumidora fiel para oferecer uma alimentação mais saudável para a filha. Mas quando você decide optar sempre por frutas e legumes dessa categoria, percebe que não é tão fácil achar esses produtos fresquinhos e com preço acessível. Diante do problema, por que não oferecer ela mesma a solução?

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Para oferecer uma alimentação mais saudável a Manu (na foto), a família passou a consumir mais orgânicos (Foto: Arquivo pessoal) 

“Thiago, meu marido, estava querendo empreender mais do que eu, confesso. Empreender exigiria muita dedicação e eu não sabia como isso funcionaria para mim e para Manu”, conta Joana, que nos concedeu essa entrevista enquanto ia de táxi para uma reunião em pleno fim de tarde chuvoso, já sabendo que perderia uma reunião na escola da filha. Por outro lado, a ideia de trabalhar com alimentos orgânicos, que são mais saudáveis para os humanos e o meio ambiente, além de ter um impacto econômico positivo por incentivar os pequenos produtores, entusiasmou o casal. Convidaram um outro casal de amigos e foram em frente com o sonho. A Komborgânica começou a rodar, vendendo orgânicos a preço justo por São Paulo, quando a filha estava prestes a completar 1 ano, em 2015.

“A primeira filha, né? Porque a Kombi exige bastante da gente, é quase como cuidar de um recém-nascido”, diz Joana, que atualmente trabalha de 6 a 7 dias da semana, intercalando algumas tardes off, quando fica com a Manu, hoje com 1 ano e 10 meses. Já Thiago participa principalmente nos finais de semana e quando chega do emprego, à noite. Nessa fase de investimento, o casal preferiu que ao menos um deles mantivesse outro emprego. A grande quantidade de trabalho se explica também porque eles estão animados e não param de inovar. Além de estacionar em pontos diferentes de São Paulo de terça a domingo, também participam de eventos e oferecem serviço de delivery. Sem falar que já estão planejando um próximo passo importante (que ainda é segredo!) para o negócio.

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Joana (na foto, com um dos sócios) agora tem horários mais flexíveis, mas trabalha de seis a sete dias por semana (Foto: Arquivo pessoal)

A realidade se mostrou bem o que Joana esperava: empreender exige muito dela. Então, o que ela ganhou com essa mudança? “Primeiro, flexibilidade. Consigo buscar minha filha na escola. Tiro folga uma tarde por semana para ficar com ela. Embora trabalhe bastante, imponho horário para voltar para casa, o que não conseguia fazer empregada. Ficar longe dela no começo da noite, como hoje, é exceção.” Mas acreditamos que tem mais: quando crescer, talvez Manuela irá se orgulhar também de os pais trabalharem com o que acreditam – e de terem sido impulsionados por ela.

  • Isabel Malzoni

    É jornalista e sócia da Editora Caixote, que publica livros infantis interativos, como Pequenos Grandes Contos de Verdade, finalista do Prêmio Jabuti. Mãe de Diego, divide-se entre os cuidados com o bebê, descobertas culinárias e muitos, muitos textos Isabel Malzoni é

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