A mulher por trás da mãe: um olhar astrológico sobre identidade e prazer
Quando nasce um bebê, é muito comum que as pessoas esqueçam que somos um ser humano, uma mulher de carne e osso, com desejos e necessidades. Inclusive para muitas mulheres é um choque, porque a grávida costuma ser extremamente paparicada, o centro das atenções. Isso, pensando astrologicamente, é bem interessante já que bons trânsitos costumam acompanhar uma gestação, especialmente para nossa casa 1 ou 5, ligadas à identidade e à imagem pessoal, ou à nossa Lua, totalmente relacionada ao nosso feminino.
Quando o bebê nasce, essa aura mágica acaba sendo transmitida automaticamente para esse filho e a mãe é sumariamente esquecida, abandonada com suas questões internas, suas mudanças físicas e as novas responsabilidades emocionais. Também pensando sob o olhar astrológico, a chegada de um bebê costuma ser permeada por aspectos de responsabilidade e grandes mudanças. Não é à toa que a nossa vida muda tanto. E por mais que diferentes aspectos astrológicos possam aparecer neste momento, o que eles trazem em comum é a virada de chave que, dali por diante, vai mudar tudo.
Curiosamente, a casa astrológica dos filhos é a mesma da nossa identidade. É também a casa da vocação, dos nossos hobbies e prazeres. Acho que isso explica muita coisa sobre o porquê muitas mulheres transferem sua própria identidade para os filhos e porque muitas abandonam a própria capacidade de sentir prazer. Isso também explica por que muitas mulheres têm crises vocacionais após a maternidade e, com sorte, muitas conseguem encontrar a própria vocação depois de serem mães.
O que muitas mulheres esquecem, no entanto, é que sua própria identidade pode coexistir com a maternidade e que ter prazer em coisas particulares não diminui sua qualidade materna.
Outro ponto muito interessante, astrologicamente falando, é que nem sempre a Lua (maternidade) está em harmonia com o Vênus (prazer) de uma mulher. É por isso, também, que muitas mulheres acabam anulando seu próprio prazer em prol da maternidade e da própria ideia de família. Mais do que isso, é por conta dessa possível tensão entre Lua e Vênus em um mapa que muitas mulheres deixam de ser a mulher-amante (Vênus) para serem exclusivamente a mulher-mãe (Lua). Em muitos mapas, vejo inclusive o quanto essas mulheres acabam perdendo a libido e tendo seu próprio Marte influenciado.
Isso sempre pode ser agravado por maridos que possuam Vênus e Lua tensos em seu mapa, que passam a ter uma enorme dificuldade em ver a própria mulher-amante (Vênus) na mesma figura da mulher-mãe (Lua). E é aí também que surgem muitas crises de relacionamento após a maternidade.
A primeira boa notícia é que nem sempre é assim. Por mais que a gente escute de forma clichê que isso sempre acontece, não é verdade. E eu sei disso porque atendo muitas pessoas, sobretudo mulheres, e muitas conseguem, ainda que depois de um tempinho, unir muito bem maternidade e relacionamento, maternidade e prazer, maternidade e carreira, maternidade e toda sua plenitude. Claro, isso depende de aspectos presentes em seu mapa natal, bem como de seu momento astrológico pessoal.
A segunda boa notícia é que mesmo as mulheres que apresentam essas tensões e dificuldades, o que aprendi nesses anos todos de carreira é que também não precisa ser assim, pelo menos não para sempre.
E é aí, mais uma vez, que entra a Astrologia. Conhecer seu próprio mapa astrológico é ter um autoconhecimento completo e compreender que mesmo pontos opostos podem se complementar. Ainda que com desafios e tempo de esforço, o ganho de consciência nos ajuda a viver bem cada pedacinho da nossa personalidade. E, por mais conflitantes que sejam esses representantes do feminino dentro de nós, todos podem ter espaço, desde que tenhamos consciência e, muitas vezes, um esforço nessa direção.
Sempre é possível viver bem Lua e Vênus, ainda que elas conflitem entre si ou que uma delas seja mais desafiadora. Também é sempre possível descobrir nossa própria vocação, nossas paixões e a capacidade de se reinventar e viver plenamente tudo que somos.
Não temos todo um mapa astrológico à toa. Temos um mapa inteiro porque somos seres completos. Cada pedacinho da nossa personalidade, cada área da nossa vida, tudo pode e deve acontecer.
Alguns mapas trazem mais ou menos desafios e existem os momentos mais perfeitos para cada mudança. Mas ter esse conhecimento à disposição é, sem dúvida, um grande diferencial.
É por isso que sou tão feliz ajudando tantas mulheres nessa travessia. Na descoberta da maternidade, no conhecimento mais profundo sobre seu bebê e, acima de tudo, sobre si mesma. Na percepção de suas próprias necessidades e interesses e na manutenção de sua essência. Afinal, somos e sempre seremos mulheres inteiras. E fico feliz por lembrar tantas mulheres disso.









