Mochila coleira: você usaria?
O acessório, comum na Europa e nos EUA, ainda causa estranhamento entre as mães brasileiras (Foto: 123RF)
O acessório usado para prender as crianças aos pais, que costuma ser chamado de mochila-coleira, está ficando cada vez mais popular – mas ainda causa estranhamento. De um lado, as mães que acham que a coleira remete à maneira como conduzimos os cachorros (mesmo que o artefato não seja uma coleira em si) e jamais usariam. De outro, as que temem perder os filhos em ambientes muito movimentados. Ambos pontos de vista têm argumentos interessantes, o que torna o tema mais polêmico. E aí, você usaria nos seus filhos?
“Uma vez vi uma mãe com três filhos, todos eles usando uma coleira presa ao peito, em formato de xis. Achei um absurdo. Para mim aquela imagem era pesada, sei lá. Pareciam cachorrinhos”, conta a designer gráfica Priscila Merkler, de 38 anos. “Mas eu não tinha filhos na época, e nem refleti sobre como seria sair com três crianças pequenas sozinha para comprar roupas. Hoje tenho dois filhos, um de 4 anos e outra de 1 ano e meio, e estou procurando uma dessas que se prende ao pulso para usar no aeroporto com o mais velho”, assume.
Já a assistente comercial Mirjam de Luna, 31 anos, não vê o porquê de não usar. “Minha mãe passou por um susto enorme com meu irmão, que um dia se escondeu embaixo de uma arara e a deixou desesperada. Primeiro, ele levou um tapa na bunda e depois, um abraço aliviado. Então, por causa disso, ela resolveu usar essas coleiras comigo. Tenho uma foto minha usando até”, conta. “Sei que muita gente olha torto. Mas veja: outro dia vi uma mãe desesperada no shopping porque tinha se desencontrado do filho. Quando o encontrou, pegou o menino pelos braços e falou para ele que se alguém o levasse, ele nunca mais ia ver a mamãe. O menino ficou mais que assustado, ficou aterrorizado”, afirma a mãe, que concluiu que prefere usar a coleira na filha a ter de assustá-la tanto assim. Mirjam recentemente levantou o questionamento sobre usar ou não as tais mochilas-coleira em um grupo de mães do Facebook. “Esperava que muitas abominassem a ideia”, conta. Mas a resposta foi bem diferente: dos mais de cem comentários, apenas três ou quatro mulheres se posicionaram contrárias à utilização do artefato.
Para a psicóloga Miriam Barros, é uma consequência da vida moderna: lugares lotados, falta de tempo e também dificuldade de impor limite às crianças. “Não vejo grandes problemas em usar. Não é algo que causaria trauma nos pequenos por si só, se a atitude for conversada. Mas mais importante seria educar os filhos desde bem pequenos a obedecer seus comandos, assim como ensinar aos poucos sobre os perigos que temos ao redor”, acredita. A seguir, levantamos pontos positivos e negativos do acessório, sem julgamentos, para ajudá-la na decisão.
Pontos contra:
As crianças podem ficar envergonhadas ou incomodadas com a coleira;
A coleira pode dar uma falsa sensação de segurança e fazer com que não perceba outros perigos;
Você corre o risco de receber olhares ou comentários contrários;
Você acaba por adiar o aprendizado do seu filho de que ele tem de obedecer e se proteger dos perigos.
Pontos a favor:
A criança fica com as mãos livres para explorar;
Diminui o risco da criança se perder;
A mãe fica mais tranquila;
Você não precisa aterrorizar a criança para que ela não saia do seu lado.