Como as escolas preparam nossos filhos para serem Cidadãos Globais

Vivemos em um tempo em que as fronteiras parecem cada vez menores. O que acontece em outro país pode, em poucas horas, influenciar a rotina dentro de nossas casas: seja uma crise ambiental, uma guerra, uma inovação tecnológica ou até um movimento esportivo ou cultural. Nesse cenário, formar cidadãos globais deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade. Mas qual é, afinal, o papel da escola (e das famílias) nesse processo?
Mais do que dominar idiomas ou ter carimbos no passaporte, ser um Cidadão Global significa ter consciência de que fazemos parte de uma rede interconectada, de um mundo globalizado que ultrapassa geografias e culturas. É respeitar diferenças, enxergá-las como riqueza e assumir responsabilidades diante de desafios que afetam toda a humanidade, como mudanças climáticas, desigualdade social e o uso ético da tecnologia.
O papel transformador das escolas
As escolas têm a oportunidade de ir além do currículo tradicional e trazer temas globais para o dia a dia dos alunos. Projetos sobre sustentabilidade, debates sobre direitos humanos, simulações de conferências internacionais e até programas de intercâmbio são formas de ampliar horizontes e preparar crianças e adolescentes para o futuro.
Uma iniciativa ainda pouco explorada no Brasil, mas altamente valorizada no exterior, é a inserção gradual de trabalhos sociais de forma institucionalizada dentro das escolas. Atividades de voluntariado em comunidades, projetos de inclusão e ações voltadas ao respeito ao próximo não apenas despertam empatia e consciência nos jovens, como também se tornam diferenciais importantes em processos de seleção de universidades internacionais, especialmente nas americanas, que avaliam esse engajamento social como parte fundamental da formação de um indivíduo. Eu sempre fui fã do trabalho proposto pela escola dos meus filhos, que pouco a pouco despertou o olhar empático nas crianças. Quando ainda pequenos, faziam algumas campanhas internas para recolher agasalhos, meias, tampinhas plásticas, livros, brinquedos etc. A medida que iam amadurecendo, esses projetos se tornavam mais robustos, visitavam creches, lares de idosos, escolas especiais para deficientes físicos, auditivos ou visuais, até o centro de treinamento paralímpico foi incluído no roteiro. Tudo isso distribuído ao longo das séries de maneira organizada e significativa para os estudantes e para as famílias. Eu tiro o meu chapéu!!!
A COP30 acontece em novembro no Brasil
Você provavelmente já ouviu falar em Agenda 21, ODS (objetivos para o desenvolvimento sustentável), ESG (environmental, social, governance), protocolo de Kyoto etc. Todos esses termos se referem a ações mundiais de cuidado com o meio ambiente e discussão de práticas para o desenvolvimento sustentável. Em novembro deste ano, o Brasil será palco da COP30, a conferência climática da ONU que reunirá líderes do mundo inteiro em Belém do Pará para discutir soluções para a crise ambiental. O evento será um marco histórico para o nosso país e uma oportunidade importante para mostrar às crianças e adolescentes que o que se decide nesses encontros impacta diretamente no futuro deles: desde a preservação da Amazônia até estratégias para mitigar os impactos do aquecimento global e ações de sustentabilidade como o uso de energias renováveis nas cidades.
Falar sobre a COP30 em sala de aula ou em casa ajuda os jovens a entenderem que eles fazem parte desse momento da história, mesmo que ainda não estejam nas mesas de negociação. Isso os inspira a enxergar seu papel como futuros líderes, consumidores e cidadãos que poderão tomar decisões mais conscientes.
O trabalho da escola só ganha força e significado quando ecoa dentro de casa. E para além de questões políticas (o que eu particularmente ainda não estimulo em casa), acredito que o senso de responsabilidade é o que podemos exercitar nesse contexto. Aquela ideia de que toda ação tem reação e consequências. Muito pode ser feito em família, como por exemplo: pensar em como podemos consumir com consciência, entender a diferença entre querer algo e realmente precisar daquilo, discutir sobre o impacto das nossas escolhas no meio ambiente, incentivar o voluntariado doando tempo e não só o dinheiro, reutilizar e reciclar etc. Essas são formas simples e poderosas de reforçar o aprendizado e pouco a pouco despertar a consciência para questões globais. Cada um fazendo a sua parte para contribuir para um mundo melhor.
Educar para a globalidade é educar para a vida e para o futuro: é garantir que nossos filhos tenham as ferramentas para se conectar, colaborar e transformar. Porque, no fim, não basta desejar que eles conquistem o mundo — é preciso ensiná-los a cuidar dele e prepará-lo para as próximas gerações.









