Quando sua menina se torna adolescente
Então, a sua menina que vivia vestida de princesa cresceu. Junto com peitos, com umas coxas torneadas e uma TPM de brinde.
É mãe, ela cresceu…
Junto com ela, cresceu também o seu medo.
Medo de perder o vínculo,
medo de errar o tom, medo de não saber mais o que dizer,
Medo do mundo.
Um medo novo, que você nem sabia que existia e que ninguém, absolutamente ninguém nunca te falou dele.
Agora, o “mamãe vem” virou “mãe, me deixa”.
E é nesse “me deixa” que você não a RE-CONHECE, mas se vê, há alguns anos atrás, e se lembra da menina que foi e que também precisou de “TRANSFORM-AÇÃO” para crescer.
Você a observa, tentando decifrar onde foi parar a menina que te chamava de “melhor amiga”, que pedia para você levá-la ou não ir, que te imitava querendo usar seus batons e que se acalmava dentro do seu abraço.
Mas agora eu te digo, ela ainda está ali, escondida dentro da nova mulher que começa a nascer, tentando entender quem é, e quem ainda precisa matar dentro de si própria, para caber no corpo novo, esse que agora tem mamas que dói ao correr, uma lágrima que insiste em cair sem motivo e ao se olhar em um espelho, este lhe mostra uma imagem que ela também não RE-CONHECE.
E é nesse instante que o coração aperta num lugar que não tem nome.
Porque o amor não te protege dessa dor, e sim te atravessa.
E a sua menina, aquela que dormia no seu colo, agora precisa dormir com as próprias dúvidas.
Você nessa hora precisa observá-la de longe e de perto ao mesmo tempo, segurando o impulso de arrumar, de explicar, de resolver…
Necessita perceber que amor, agora, é saber ficar mesmo sem poder salvar.
Então, nesse exato momento MÃE de princesa!
Você respira.
Você chora escondido no banho.
Você se pergunta onde errou e entre dúvidas e certezas, você descobre apenas o inevitável: ela cresceu.
Nessa hora precisará parar de tentar ensinar o que a vida vai ensinar sozinha,
e passar a ser a presença que acolherá quando ela voltar ferida.
Você volta nesta fase a ser o colo, mas dessa vez sem perguntas e talvez sem respostas, apenas um lugar seguro.
E vai precisar entender que educar uma filha mulher é também um ato de fé:
fé de que o que você plantou florescerá mesmo quando o solo parecer árido,
fé de que o amor é mais forte que o silêncio,
fé de que um dia ela vai se olhar no espelho e finalmente se RE-CONHECER, no próprio rosto, e vai entender que nunca deixou de ser sua menina e que você mora nela e ela em você.
Um dia, sem aviso, ela entrará no seu quarto e te mostrará uma roupa, um batom e um amor.
E, por um instante, o tempo irá parar.
Para você vê-la linda, viva e inteira e perceber que a mulher diante de você é feita também das partes que te doeram ao vê-la crescer.
Então, você entenderá: ela não te deixou.
Só seguiu o caminho que você mesma um dia trilhou.
Será ali, num breve instante entre mãe e filha, que o mundo irá te sorrir de novo.
Porque enquanto ela se tornar mulher,
você renascerá, agora como mãe de uma.
No fundo, vocês saberão:
a menina ainda mora dentro das duas.
E é ela quem segura o fio invisível que nunca se romperá.
É mãe, se chegou a hora de ver sua menina crescer, chegou também uma nova jornada, porque a adolescência é a linda e difícil travessia que terminará não mais com uma princesa, mas sim com duas rainhas.









