Siga o seu coração — mesmo quando todas as mães vão na direção contrária

Meu marido costuma dizer algo muito certeiro para as crianças:

“O errado continua sendo errado, mesmo que todos estejam fazendo. E o certo continua sendo certo, mesmo que ninguém faça. Só faça o certo, e pronto.”

Outro dia, organizando a festa de aniversário da minha filha, me perguntaram se eu já tinha pensado na identidade olfativa do evento, fechado “tal” serviço, contratado “tal” atração… e eu pensei: mas precisa mesmo de tudo isso?

Não era para ser uma confraternização? Um encontro das pessoas mais queridas para celebrar a vida com boa música, boa comida e boas risadas? Ou será que virou um protocolo social a ser seguido?

Nada contra as mega festas — são lindas! — mas o que me intriga é o que fica para as crianças e adolescentes. Qual mensagem estamos transmitindo a eles?

A fase de formação do caráter é decisiva para o sucesso na vida adulta. E as crianças podem até pedir — faz parte! — mas cabe a nós, adultos, aplicar o filtro e mostrar o que de fato importa e faz sentido.

Não se trata de julgar as escolhas de cada um, e sim de provocar uma reflexão: qual é o sentido dessa escolha?

Queremos nossos filhos mais preocupados em colocar o Ceasa inteiro de flores no salão ou… em celebrar, de fato, a vida, a amizade e a família?

E aqui vale um ponto importante: não se trata de ter ou não o dinheiro para bancar toda a pompa. Trata-se de ter um propósito. De fazer o que faz sentido para você e para a sua família — sem se deixar engolir pelos “protocolos” do momento. Porque propósito é o que transforma o simples em especial e o grandioso em verdadeiro.

O efeito manada é fascinante. É o fenômeno em que indivíduos seguem a maioria sem avaliar logicamente as consequências. É o que faz um grupo atravessar a rua sem saber por quê — apenas porque os outros foram.

E a gente faz o mesmo com as escolhas da vida: seguimos sem pensar, só para não parecer “fora do contexto”. Mas talvez o verdadeiro contexto seja justamente o nosso.

Hoje, pensar de forma contraintuitiva é quase um ato de coragem. Ter valores morais sólidos te conduz com clareza — e, de quebra, atrai pessoas que vibram na mesma sintonia. Aquilo que vem do coração tem mais consistência, mais propósito, mais paz.

Às vezes, é difícil dizer “não” quando todo mundo diz “sim”. Dá trabalho deixar o filho viver mais infância e menos agenda. Mas tudo bem.

Use a roupa que te faz bem — mesmo que não esteja “em alta”. E aquele almoço de domingo com a família? Não precisa ser um brunch impecável no rooftop. Basta ser verdadeiro.

E sabe o que é curioso?

Quando você começa a viver assim, sem se guiar pelo olhar alheio, o mundo parece se alinhar de um jeito novo — mais autêntico, mais leve, mais feliz.

Então, da próxima vez que te perguntarem se você está “por dentro” da nova tendência, sorria e diga:

“Não sei… me conta mais, pra ver se faz sentido pra mim. Mas, a propósito, estou bem “por dentro” de mim.”