Com ou sem manual?
Qual é a primeira coisa que uma mãe de primeira viagem compra assim que o teste de gravidez dá positivo? Um macacãozinho para maternidade? Nããão. Uma cartela de ácido fólico? Também não. Ela compra um livro. Ou melhor vários. Para ensinar o bebê a dormir, para ensinar o bebê a comer, para aprender a trocar fralda e dar banho, para aprender a amamentar, para aprender a educar, para entender o que está acontecendo (e vai acontecer) com seu corpo nos nove meses – está aí o best seller O que esperar quando você está esperando, que até virou filme (com Rodrigo Santoro no elenco!), para comprovar. Estamos na era da informação. E nada mais natural ir atrás dela. Na primeira gravidez, comprei vários livros e li todos. Troquei figurinhas com outras amigas que estavam grávidas na mesma época. E achei muito bom ter tanta teoria à minha disposição. Isso me passou segurança.
Quando minha filha nasceu, procurei, claro, seguir os manuais. Em alguns momentos, tive sucesso. Foi ótimo, por exemplo, conseguir amamentar minha bebê de três em três horas. Em outros, como quando tentei usar a teoria de deixá-la chorando no berço para que ele aprendesse a dormir sozinha, sofri muuuito. Isso foi lá em casa. Outras amigas, que leram os mesmos livros, conseguiram outros resultados. Por quê? Por uma razão tão óbvia que até me faz cair num clichê: cada bebê é único. E sua conexão com ele também é única. Aos poucos, naturalmente, fui desistindo dos manuais e seguindo um coach muito mais poderoso: o meu feeling de mãe. Uma coisa um tanto abstrata para mulheres modernas que estão acostumadas com o mundo profissional, onde tudo é muito objetivo. Parece até que se trata de uma lenda – e bate uma insegurança: “Será que eu tenho isso também?” Me questionei várias vezes até ajustar minha sintonia com a da minha filha e, com a experiência, dia após dia, descobri que criar um filho é olhar para ele como um serzinho a ser decifrado. É se abrir para entender as necessidades reais dele. Uns precisam de mais aconchego, outros são mais independentes. Uns precisam de uma bela bronca, outros querem mais é uma conversa com bons argumentos. Quando meu mais novo chegou, isso ficou mais claro ainda. Pois a postura que eu tenho com a Bela não necessariamente funciona com o Fe.
Ao usar meu jogo de cintura, fui vendo que não há manual capaz de entregar a fórmula mágica para lidar com seres tão complexos. Sim, informação ajuda. Mas é só o nível básico do básico. Para virar PhD em criar e educar filhos, é preciso tirar o foco de si mesma. E colocar no filho. Estar de braços abertos para construir essa relação. É usar a razão, mas usar o sentir. E quanto mais conectada você estiver com seu filho, mais segura estará para tomar e bancar as tantas decisões que afetam a sua vida e a dele. De decidir se é melhor babá, escolinha ou avó a fazer suas escolhas profissionais; de perceber a hora certa de fazer a primeira viagem a dois a definir o melhor jeito de dizer não; de deixar que ele durma um pouquinho na sua cama a resolver quando é melhor ficar chorando no berço. Não existe certo ou errado. Existe aquilo que funciona entre você e seu filho.
Aliás, esse texto também não pretende ser uma fórmula mágica. É apenas um depoimento do que funciona comigo!
Um beijo, Dani Folloni