A mecânica da culpa


Daniela Folloni
por: Daniela Folloni
Jornalista fundadora e diretora de conteúdo do Portal It Mãe

Viajar com as amigas, deixando filhos e marido. Charlotte, em Sex and the City 2, conseguiu. Será que ela sentiu culpa? (foto: divulgação)

Depois que a gente tem filhos, é sempre ela quem fica ali, incomodando, atrapalhando nosso projeto de sucesso. Quando você está dando tudo de si trabalho, ela provoca, dizendo que você deveria ter conseguido amamentar seu bebê por mais tempo. Quando você está com seus filhos, ela cutuca, e pergunta por que você não namora mais seu marido. Quando você sai do trabalho mais cedo, ela vem questionar se o seu desempenho profissional é mesmo tão bom quanto antigamente. É sempre ela, a culpa, que faz você achar que está devendo, que não é boa o bastante.

De onde vem essa praga? Às vezes, fico achando que se trata de uma substância disparada pelo hormônio Beta HCG! Afinal, a danada entra de sola já na gravidez. “Tomou refrigerante diet? Vai fazer mal para o bebê! Se esforçou demais na caminhada? Vai fazer mal para o bebê! Ficou estressada? Vai fazer mal para o bebê!” Ou talvez seja algum efeito colateral do ácido fólico! Brincadeira.

A culpa é como se fosse o alto preço que pagamos por querer ser tudo: profissional bem sucedida, mãe incrível, mulher bonita, saudável, muito bem amada e feliz. A mecânica é mais ou menos assim: “Comprou aquele tão sonhado Louboutin? Ok, mas você vai torcer o pé na próxima esquina.” Me diga: que mal há em querer ser realizada em todos os setores? Como é que a gente deixa tantas boas intenções serem sabotadas pela sensação de ficar no saldo devedor do desempenho? Como é que uma mulher que procura acertar 24 horas do dia, sempre com as melhores intenções, pode sentir culpada por alguma coisa?

Talvez o nosso maior inimigo seja o tempo. Essa coisa que só dura 24 horas por dia e não deixa que a gente faça tuuudo o que gostaríamos com calma e perfeição. Mas querer  mudar o tempo ainda não está entre os poderes femininos. Então, que tal parar de inflacionar a lista dos “tem quê”? Sim, parar de se cobrar por aquilo que simplesmente não dá para fazer.

O melhor antídoto para a culpa é a gente assumir os nossos limites. E isso inclui parar de se olhar pela lente dos outros. Há mil e uma maneiras de deixar que a torcida do contra nos coloque para baixo. Basta se abalar por frases do tipo: “Você vai ficar até essa hora no trabalho? E os seus filhos?”,  “Você não me dá atenção”, “Você precisa emagrecer!”. Mês passado, conversei com uma top executiva americana, mãe de dois filhos adolescentes, que me disse: “Why you have to bake cupcakes if you can buy them?” É isso mesmo. Você não precisa se matar para fazer cupcakes se pode comprá-los. Isso não vai fazer nenhuma mulher ser menos mãe, por exemplo! É preciso viver de acordo com a sua realidade. Os tempos de supermulher, tks God, acabaram. A nova (e bem-resolvida) mulher precisa acreditar nela mesma e naquilo o que está fazendo (isso, sim, é mega importante). Bancar suas escolhas e mostrar aos seus filhos que acredita nelas. E nunca deixar que a culpa a faça sentir vergonha por querer muito da vida. Esse é o meu mantra diário.

Um beijo,

Dani Folloni

 

PS: E você, o que faz para driblar a culpa? Poste no Face!

 

  • Daniela Folloni

    Jornalista, mãe de Isabela e Felipe, trabalhou nas revistas Vogue, Cosmopolitan e Claudia. Acredita que toda mãe merece sucesso, diversão, romance e oito horas de sono

Data da postagem: 4 de julho de 2012

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