Dente de leite é rico em células-tronco que podem ser armazenadas
O dente de leite que cai é rico em células-tronco mesenquimais jovens, com capacidade de se transformar em uma variedade de tecidos do nosso corpo (foto: It Mãe)
Todo mundo já sabe ou já ouviu dizer que no cordão umbilical existem células-tronco usadas para tratar doenças. A novidade é que a polpa do dente também é uma fonte rica em células-tronco. Ou seja, o momento do parto não é a única oportunidade que você tem de armazená-las. A cada dente de leite que cai é possível realizar o procedimento.
Mas, afinal de contas, o que essas células têm de tão especial?
Segundo Mariane Secco, doutora em genética e diretora científica da StemCorp, as células-tronco podem dar origem a células cardíacas, ósseas, musculares, neuronais, etc. “Toda vez que nosso corpo sofre uma lesão, são as células-tronco presentes no nosso organismo que vão reparar este dano. Por este motivo, as células-tronco são a grande promessa para a medicina regenerativa e poderão ser utilizadas para o tratamento de doenças hoje incuráveis”, explica Mariane.
Hoje já existem inúmeras indicações e testes clínicos que demonstram o potencial das células-tronco mesenquimais para o tratamento de uma lista enorme de doenças. De acordo com o site www.clinicaltrials.gov estão em andamento mais de 700 testes clínicos em seres humanos com células-tronco mesenquimais. Dentre algumas doenças que poderão ser tratadas no futuro destacam-se lesões de cartilagem, lesões ósseas, doenças pulmonares, doenças cardíacas e diabetes.
Em países como EUA e Canadá, já estão liberados tratamento de doenças inflamatórias intestinais, doença do Enxerto Contra Hospedeiro e lesões de pele, incluindo as aplicações estéticas para rejuvenescimento e preenchimento.
No Brasil, há testes clínicos em andamento com células-tronco mesenquimais, como o de enfisema pulmonar, reconstrução de lábio leporino e fendas palatinas, lesão medular, osteoartrite, diabetes, degeneração de retina, lipodistrofia, doenças cardíacas, ulceras venosas, calvície, incontinência urinária e reconstrução mamária.
Para os pais que perderam a oportunidade de armazenar as células-tronco do cordão umbilical de seus filhos, a polpa do dente é uma excelente alternativa para coletar células-tronco jovens e com potencial terapêutico enorme. Isso porque a polpa do dente de leite é rica em células-tronco mesenquimais jovens, com capacidade de se transformar em uma variedade de tecidos do nosso corpo.
Como é feita a coleta?
O procedimento é muito simples. A primeira alternativa é realizar o procedimento com um odontopediatra especializado. “O procedimento de extração é muito simples e, mesmo exigindo anestesia local, é totalmente indolor. A anestesia local computadorizada permite que as crianças não sintam dor no procedimento. Após a dormência, o dentinho é removido facilmente, já que tinha pouca ou nenhuma raíz”, explica o odontopediatra Gabriel Politano, do Atelie Oral Kids, em São Paulo, que realiza esse tipo de procedimento.
Caso o dente caia em casa, há também a alternativa de colocá-lo um frasco estéril contendo solução para preservar a polpa do dente. Esse frasco deve ser solicitado à empresa que faz o armazenamento assim que perceber que o dente da criança está mole. Em um prazo de até 36 horas o material coletado é encaminhado para um laboratório especializado onde as células-tronco são extraídas e multiplicadas. O processo para obter o número desejado de células-tronco pode durar entre 45-60 dias.
E como fica a fada do dente nessa história?
Pensando nisso, a equipe da StemCorp encomendou uma história especial para a Cia Maleta Mágica para explicar o armazenamento das células-tronco para as crianças. A história conta que o dente tem um tesouro muito mais precioso do que o dos piratas e, dentro dele, tem uma polpa, que é a parte viva do dente, como um coraçãozinho que bate lá dentro. Lá moram as células-tronco que podem se transformar em qualquer célula do seu corpo. Se a criança der o seu dentinho pra ela assim que ele cair, ele pode ir para o laboratório onde os cientistas ficam. Lá eles guardam as células para eu poder usar quando eu precisar. Serve pra tratar um monte de doenças, até salvar vidas!
Como é o processo de armazenamento das células-tronco?
As células-tronco são armazenadas por uma técnica chamada de criopreservação, onde ficam estocadas em nitrogênio liquido a -196oC. As células-tronco, armazenadas em condições adequadas, podem ser mantidas por tempo indeterminado. As células mais antigas congeladas datam de mais de 20 anos e, quando descongeladas, conservam suficientemente suas características funcionais e de viabilidade, permitindo aplicações clínicas. Para armazenamento das células-tronco mesenquimais, existe uma taxa inicial para a coleta e isolamento das células e uma anuidade para o armazenamento do material.