YouTube lança aplicativo para crianças
Apesar do YouTube Kids oferecer maior controle parental, não dispensa a supervisão de adultos (Foto: 123RF)
O YouTube lançou no Brasil na semana passada um aplicativo voltado para as crianças, em resposta a crescente preocupação dos pais com o conteúdo acessado pelos menores em sua plataforma original. Entre as ferramentas mais interessantes do app estão o layout mais acessível, o timer e a seleção de vídeos apropriados para as crianças, que são divididos em quatro categorias e isso facilita bem a busca. Mas o próprio app avisa: é para ser usado com supervisão de adultos, assim como o original, porque o sistema continua sendo automatizado e é bem possível que encontremos conteúdos nada adequados.
Entre os pontos positivos do app, estão: home de vídeos recomendados, divididos em quatro categorias (Séries, Música, Aprender e Explorar), com conteúdo destinado apenas para crianças. É bem mais fácil de navegar e de descobrir conteúdo novo do que no Youtube normal; layout instintivo, mais fácil de navegar, pois exibe os vídeos em tela cheia sem necessidade de apertar outros botões; os pais podem definir uma faixa etária e também desativar a opção de busca do app (diminuindo assim a chance da criança procurar outro conteúdo além do recomendado e encontrar algo impróprio); mais do chamado controle parental (filtro de segurança); e timer. Sim, o app agora dá uma força na hora de contar pras crianças que está na hora de ir brincar com outra coisa. A gente agradece! Só que o app não é 100% seguro, claro. Além disso, está repleto de anúncios destinados ao público infantil.
Por isso, o diretor de marketing da empresa de tecnologia AVG Mariano Miranda faz ressalvas.“Ainda que o Youtube Kids seja um ambiente de melhor qualidade para as crianças, não substitui a supervisão de um adulto. Aliás, as crianças não deveriam ter acesso a internet sem serem supervisionadas, de uma maneira geral. Isso porque, embora haja filtros de segurança e controle parental, eles podem falhar e há uma grande chance de ela se deparar com conteúdo impróprio, mesmo sem estar procurando”, explica. Segundo o especialista, no caso dos vídeos é ainda mais perigoso porque há quem esconda conteúdo impróprio entre títulos e imagens aparentemente inofensivas, e isso o sistema automatizado não pega (por isso que o Youtube insiste tanto que se denuncie vídeos impróprios). É o caso dos desenhos animados que escondem cenas de pornografia ou violência, como o vídeo fake da Peppa Pig que ficou conhecido porque continha cenas da Mamãe e do Papai Pig transando.
Não é apenas nesses vídeos inadequados para crianças, que podem conter violência e sexo, que mora o perigo. O Youtube oferece ainda outros riscos como, por exemplo, os vídeos de “unboxing”, que são aqueles no quais brinquedos ou demais produtos são desembalados e testados. Por algum motivo, as crianças adoram essas postagens, mas elas estão longe de ser interessante para os pequenos porque estimulam o consumismo e costumam ser de má qualidade. Some a esses perigos, como lembra Mariano, a chance do seu filho sair do aplicativo sem você perceber e acessar a internet por outros canais. “Além da supervisão, é importante conversar com a criança pequena sobre os perigos da internet e explicar porque não pode usar sozinha. Isso porque, depois de uma certa idade, a conversa se tornará ainda mais importante do que a supervisão, que fica cada vez mais difícil de garantir”, completa o especialista em segurança. De modo geral, todos os filtros de segurança apresentam falhas, seja do Youtube seja de demais sites — nenhum deles pega conteúdo inapropriado camuflado em vídeos, a não ser após denúncia. Então, ainda que aplicativos para o público infantil passem mais segurança aos pais, vale a pena ficar de olho. Sempre.