Por que mudar de país com filhos?


Caroline D'Essen
por: Caroline D'Essen
Mãe de duas, escritora e mentora dedicada a ajudar pais e líderes a transformarem suas vidas com aventura, amor e propósito
(foto: arquivo pessoal)

Há oito semanas, minha família e eu nos mudamos definitivamente para outro país. Depois de 13 anos morando em Berlim, na Alemanha, deixamos para trás o chucrute e os invernos longos para começar a construir nossa vida com mais sol e mais próxima culturalmente do Brasil, em Portugal.

Uma das primeiras perguntas que surgem quando contamos que nos mudamos é: por quê? 

A resposta é simples e complicada ao mesmo tempo: viemos em busca da vida com a qual sempre sonhamos, que, no nosso caso, é viver perto do mar e mais próximos da natureza. Um sonho que sempre tivemos, mas que ficava sempre à espera do momento ideal: quando tivéssemos um emprego assim, quando as crianças tivessem X anos, quando já tivéssemos feito isso ou aquilo.

E a verdade é que o momento ideal não existe. A vida passa e ele nunca chega. Por isso, cabe a nós pegarmos as rédeas da vida e fazê-lo acontecer. Para nós, esse pontapé inicial veio quando a guerra na Ucrânia eclodiu. Para quem estava em Berlim, era uma guerra praticamente na esquina de casa, e a sensação de vulnerabilidade era enorme. Depois de passar por uma pandemia, um inverno com a menor incidência de luz em anos e, então, uma guerra que poderia nos atingir, sentimos que já não tínhamos controle algum sobre o universo e sobre o que mudaria nossas vidas (e nunca tivemos, certo?).

Com esse sentimento de instabilidade real sobre o futuro, veio uma urgência de realizar nossos sonhos, justamente por não sabermos que surpresas o futuro nos reserva. Não dava mais para esperar pelo “quando”.

Para onde ir?

A partir daí, começamos a definir os critérios do lugar onde gostaríamos de viver:

  • Praia e natureza;
  • A menos de uma hora de um grande centro;
  • Seguro;
  • Não mais longe que a Europa do Brasil (a Austrália não entrou na lista de opções);
  • Opções de escolas alemãs;
  • Permissão de trabalho. 

Depois de pesquisarmos diferentes países europeus, Portugal começou a se destacar: praias, segurança, escolas alemãs (são três no país!), voo direto para o Brasil e facilidade para trabalhar (por termos cidadania europeia). E a cereja do bolo: a língua portuguesa.

Como ir?

O plano existia, mas como executá-lo? Sabíamos que essa experiência só seria legal se nossas filhas estivessem contentes com a mudança. Então, começamos a pensar em estratégias e a nos organizar.

Conseguimos passar seis meses em Portugal, fazendo um “teste”. As meninas estudariam na escola alemã em Portugal, não perderiam o semestre e poderiam voltar para a mesma turma em Berlim. Nossos empregadores também permitiram o trabalho remoto por esse período.

Ao tirarmos o peso da mudança “para sempre” e a reduzirmos a seis meses, trouxemos para elas um senso de aventura, curiosidade e segurança ao mesmo tempo. Elas adoraram a ideia de passar alguns meses em outro lugar.

Foi também uma excelente maneira de verificarmos se era mesmo isso que queríamos e se não se tratava apenas de uma grande idealização. Os seis meses foram ótimos: as crianças fizeram novos amigos, curtiram praia e mar, falaram mais português e viveram uma outra cultura. Nós sentimos o efeito calmante de viver ao lado do mar e de desacelerar o ritmo de vida da capital para uma comunidade bem menor.

Na hora de ir embora, nossas filhas choraram, mas voltaram cheias de lindas lembranças dos lugares e das pessoas que fizeram parte desse período, assim como nós. Nos meses seguintes, conversamos bastante em família sobre a possibilidade de voltar de vez. Depois de chegarmos a um consenso, ouvimos o que era importante para elas, para que a transição fosse a mais suave possível (elas queriam continuar na escola alemã, por exemplo).

No próximo mês, contarei tudo o que aprendi sobre como apoiar as crianças e a família nesse período de adaptação. 

  • Caroline D'Essen

    Nascida em São Paulo, Caroline d’Essen vive em Berlim. Com uma trajetória marcada pela inquietude e curiosidade, ela deixou o Brasil aos 25 anos para explorar o desconhecido em Moçambique, onde viveu e trabalhou como professora universitária de jornalismo. Morou também em diversos países, como Austrália, Dinamarca, Holanda, EUA, Inglaterra e Portugal. Com mais de 15 anos de experiência no terceiro setor, hoje é escritora e mentora dedicada a ajudar pais e líderes a transformarem suas vidas com aventura, amor e propósito. Mãe de duas filhas, equilibra a vida familiar com a paixão por viagens e conexões humanas.

Data da postagem: 15 de outubro de 2025

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