O primeiro mês a gente nunca esquece

Beloca e eu no dia em que chegamos da maternidade, em 2008. Até hoje lembro das emoções do primeiro mês (foto: arquivo pessoal)
Acho que não existe momento mais intenso emocionalmente do que o primeiro mês com o primeiro filho em casa. Coloco o foco no primeiro filho, porque quando vem o segundo, você já entrou no modo mãe faz tempo. E é justamente o ajuste de frequência para essa nova versão que dá um trabalho danado.
Podem dizer por aí que a gente já começa a virar mãe na gravidez. Sim, isso faz certo sentido. Começamos a cuidar daquele serzinho desde que ele é um projeto de bebê, uma sementinha plantada na parede do útero. Cortar o vinho do fim de semana, pegar mais leve na academia, conversar com a barriga… Tudo faz parte do nosso treino para a maternidade. Mas nada se compara ao que a gente vive assim que o bebê chega ao mundo de fato.
A sensação que tive quando a Bela nasceu foi a de achar que o meu coração não batia mais dentro, mas fora de mim. Acho que por causa do enorme instinto de proteger minha cria. Impressionante: de um dia para outro o meu mundo parou de girar em torno do meu umbigo para girar em torno do umbiguinho da Bela.
Meu sono também mudou logo no primeiro mês. Eu, que era capaz de dormir com o Red Hot Chilli Peppers tocando ao vivo ao lado da minha cama, passei a acordar com qualquer barulho que a minha gatinha fizesse.
Uma vez, uma amiga me disse: “Depois que a gente tem um filho, a gente se sente completa. E nem sabe mais como era a vida antes dele”. Concordo plenamente. Mas no primeiro mês essa regra ainda não se aplica. Tudo porque você ainda está viraaaando mãe. Está no meio do processo. E há um monte de coisas que ficam fora do lugar. É o corpo que está bem longe do ideal, é o cansaço contínuo por dormir pouco, são os hormônios em ebulição que às vezes causam o tal baby blues, é a insegurança de não saber se você vai ser uma boa mãe (será que consigo dar banho? vou descobrir se o choro é de fome ou de sono?), são as cenas de romance com o marido que simplesmente saem de cartaz, é a sensação de que sua liberdade de ir e vir foi tolhida. Bate um sentimento de “quero minha vida de volta”. Isso é normal. E passa.
Passa porque a mágica que transforma você em mãe acontece inevitavelmente. Passa porque a cada dia o seu susto vai diminuindo e o seu encantamento com aquela criaturinha vai aumentando. Passa porque você começa a ver que tudo vai entrando nos eixos e que sua vida nunca mais vai ser a mesma, mas vai ser muito melhor.
Um beijo,