O dia de voltar
Me lembro direitinho da manhã em que estava sentada na poltrona de amamentação com minha linda Isabela no colo. Ela estava com três meses. A pequena tinha acabado de mamar e dormia satisfeita, aconchegada no meu colo. Um momento de total conexão com ela, que me deixava plena, completa. De repente… Poft! O instante mágico acabou. Tudo porque lembrei que a licença-maternidade já tinha passado da metade e logo mais eu teria de voltar a trabalhar e ficar longe da minha bebê por muitas horas do dia.
Naquele momento na poltrona de amamentação, eu ainda não estava preparada para isso. E resolvi afastar a preocupação. Os meses foram passando, a Bela foi crescendo e eu também fui crescendo. Mesmo continuando apaixonada por minha filhota, lá dentro comecei a sentir falta da minha rotina pré-parto!
No dia da volta, deixei a pequena na casa da minha mãe, peguei o carro e fui. Não chorei, mas senti um vazio. Uma vez li que, depois que a gente vira mãe, nunca mais fecha a porta e vai. Um pedaço de você sempre fica. Meu pedaço ficou lá, com ela. Por outro lado, também tive uma sensação de liberdade, de poder ter de volta aquele momento só meu (de ligar o carro, ligar o som e ir embora, sem ter de olhar no retrovisor para ver se o bebê está bem na cadeirinha). Senti que estava resgatando uma parte importante de mim.
Durante o expediente, liguei três vezes para saber como ela estava. Tomei pé dos novos projetos e adorei virar a chavinha do modo “trocar fralda” para o modo “fazer uma entrevista”. Fui duas vezes ao banheiro para esvaziar o peito que enchia de leite. Mostrei fotos da Bela para todo mundo. Adorei estar ali, de volta à minha mesa, meu computador. Eu era a mesma, mas era outra (muito mais completa e complexa!). Aquele era só o primeiro dia em que as duas Danielas, a mãe e a profissional, teriam de começar a aprender a conviver de um jeito bem-resolvido. E descobri que precisava (e preciso) das duas para ser feliz.
Um beijo,
Dani Folloni