Como tornar os exames médicos mais tranquilos para as crianças (e para você)
O mais importante é manter a calma para consolar o pequeno (Foto: FreeImages)
É claro que ninguém chegará a gostar de agulhas, mas há maneiras, sim, de fazer com que esses momentos tão necessários, como tirar sangue e tomar vacina, não sejam traumáticos. Como? Veja algumas dicas preciosas da pediatra Marcia Wehba Esteves Cavichio, do Fleury Medicina e Saúde (SP), do enfermeiro Marcelo Albuquerque e da psicóloga Roseli Ribeiro Sayegh, que atende crianças e adolescentes.
1) Mantenha a calma
Essa é a dica n˚1 dos profissionais de saúde. Sabemos que parece mais fácil falar do que fazer, mas saiba que a tranquilidade (ou ansiedade) dos pais é o que mais influencia a maneira como os pequenos lidarão com o procedimento. Quem reafirma isso é Marcelo Albuquerque, o técnico de enfermagem que ficou famoso por causa de um vídeo que se tornou viral na internet, no qual ele aparece utilizando todo seu humor e dom de dublador para distrair um menino pequeno na hora de colher sangue (O menininho dá tanta risada que parece nem sentir a picada!). “Às vezes, os pais não conseguem controlar a ansiedade e ficam com tanto medo quanto a criança, fazendo com que ela fique mais suscetível à dor”, explica Marcelo. Se você está nervosa por causa do procedimento ao qual seu filho será submetido, então, a pediatra Marcia Wehba Esteves Cavichio aconselha uma conversa com o pediatra dele para tirar suas dúvidas e ficar mais segura.
2) Dê colo
Um estudo realizado pela Unifesp constatou que o colo da mãe faz toda a diferença para diminuir o desconforto dos bebês durante e após intervenções doloridas. Segundo a pesquisa coordenada pela pediatra e professora Ruth Gunsburg, que avaliou o nível e duração da dor experimentada pelas crianças durante a vacinação, os grupos pesquisados que curtiram o colo de mãe durante o procedimento foram os que menos apresentaram sofrimento. O que estaria por trás disso? Para a psicóloga Roseli Ribeiro Sayegh, que atende crianças e adolescentes, a resposta é simples: “a presença de uma figura afetiva importante para a criança é o que transmite a segurança e o conforto para a criança”.
3) Encoraje
Roseli afirma ainda que a presença dos pais não é importante apenas para confortar, como também para encorajá-lo. “Com acolhimento e carinho, e não exigências, você passa para o seu filho que ele consegue enfrentar a situação. Porque é um momento chato, mas é necessário e suportável”, explica. Para conseguir fazer isso, “você deve encarar aquela circunstância como ela realmente é. Será que a vacina ou a coleta do sangue dói tanto assim? No caso de exames mais complexos, como uma ressonância ou endoscopia, os pequenos fazem sedados e os mais velhos já têm condições de compreender. Pode ser desagradável, porém acaba rápido. Já que você não pode evitar toda a dor do seu filho, ajude-a a lidar melhor com ela”, completa Marcia. Em resumo, significa compreender o medo do seu filho como verdadeiro (esqueça daquela história de “não foi nada”), no entanto, mostrando a ele que o motivo é menos grave do que parece.
4) Fale a verdade
Não minta ou esconda a verdade de seu filho. “Mentiras e omissões criam uma insegurança enorme na criança, sem falar na desconfiança em você. Além disso, deixa um espaço para as fantasias, que as crianças usam para preencher as lacunas do que elas não conhecem e que podem ser muito mais assustadoras que a realidade”, conta Roseli. Marcelo concorda: “é importante que a criança não se sinta enganada. Explique que todo mundo passa por essas coisas”. Qual o melhor momento para falar sobre o procedimento, então? Depende. “Crianças pequenas não tem uma boa noção de tempo. Sendo assim, se você disser que depois de amanhã ela tomará uma picadinha da vacina, isso pode gerar uma ansiedade precocemente. Já para crianças maiores, fale antes para que ela não seja surpreendida e dê os detalhes que ela pedir para que ela sinta que você está confiante de que o exame é importante e seguro”, acrescenta Marcia. Um material preparado pelo Hospital Real da Criança de Melbourne, na Austrália, sugere que crianças até 6 anos (veja mais dicas da instituição abaixo) só sejam informadas no dia do procedimento e as mais velhas, um dia antes. “Mas cada pai conhece seu filho e sabe quando ele preferirá receber a informação”, conclui Marcia.
5) Deixe chorar
Isso mesmo. “O choro é uma expressão genuína da dor. Deixe a criança chorar e não tente fazer com que ela pare a qualquer custo. Ao chorar (ou seja, extravasar as emoções), ela está lidando com a dor e o susto e logo ela se acalmará”, ensina Roseli.
6) Dê água com açúcar
O mesmo estudo da Unifesp analisou ainda o impacto do uso de uma solução glicosada (água com açúcar) no desconforto dos pequenos, e o truque surtiu bons efeitos. A explicação para a solução glicosada diminuir a sensação de dor é que a estimulação do paladar libera substâncias calmantes.
7) Distraia
Distrair o foco da criança no momento do exame também é uma boa saída, ensina a pediatra Márcia. O Hospital Real da Criança de Melbourne elaborou uma lista de distrações que funcionam em cada fase. Veja algumas.
Bebês até 6 meses
Ninar e fazer carinho no rosto
Cantar
Embrulhá-lo bem apertadinho, deixando exposta apenas a área que for acessada durante o exame
Dar água com açúcar ou amamentar
Bebês até 2 anos
Segurar em um abraço
Assoprar bolhas de sabão ou um catavento
Mostrar brinquedos e livros que tenham botões e emitam sons
Cantar a música favorita da criança
Para crianças a partir de 2 anos
Respirar fundo, expirando todo o medo
Fazer jogos de contar
Ler um livro, especialmente os que tem sons ou os de procurar e achar
Assistir um vídeo favorito no iPad ou jogar um jogo eletrônico
Fazer visualizações mentais, como por exemplo as próximas férias, o esporte favorito, um jogo que goste. Deixe seu filho contar histórias sobre o que ele está visualizando.
Pergunte ao seu filho se ele prefere que você conte o que está acontecendo, ao longo do procedimento, ou se prefere focar em outra atividade.