Exposição de arte para adultos também agrada crianças


Liana Mazer
por: Liana Mazer
(foto: divulgação) (foto: divulgação)

 

Adoro visitar exposições de arte e levo meus filhos comigo sempre que possível. Claro que, antes de entrar, temos aquela conversa sobre não falar muito alto, não tocar as obras, não correr, e às vezes preciso voltar sozinha para ler e ver tudo com mais atenção. Mas a verdade é que ouvir suas perguntas e observações se tornou parte importante da experiência. Não há como prever o que vai encantá-los, assustá-los ou intrigá-los. O que me faz variar bastante o programa, e, por isso, levei-os à mostra ComCiência, da australiana Patricia Piccinini, que está no CCBB-SP até 4 de janeiro.

Muitas das obras da artista são esculturas realistas de seres que misturam características humanas e animais, nem sempre agradáveis de se olhar. Patricia se interessa em levantar questões sobre mutações genéticas, padrões de beleza, xenofobia. Temas difíceis, mas muito atuais, com os quais cedo ou tarde as crianças vão se deparar.

Para não chegarem totalmente desavisados, mostrei algumas fotos que haviam saído no jornal. Como sempre me surpreendem, não fiquei espantada ao vê-los totalmente entusiasmados. “Monstros!”, disse André empolgado, “Quero conhecer eles!”. Já Alice estava interessada nas crianças que aparecem ao lado das criaturas em algumas obras: “Elas são amigas deles?”, perguntou.

Uma vez na exposição, mais mil perguntas, algumas caretas, e um série de comentários que me deram ainda mais certeza de que não podemos subestimar a sensibilidade e a capacidade de compreensão das crianças.

No final da visita, uma senhora me perguntou:

– Os seus filhos não estranharam essas criaturas? Não ficaram com medo?

– Estranharam, sim – respondi. E eu também.

A arte não é só bela. Pode ser provocativa, fazer sentir desconforto, e por isso nos faz pensar. E se queremos criar adultos sensíveis, solidários e criativos não devemos poupar nossos filhos de tudo que é feio, triste ou incômodo. Devemos estar prontos para conversar com eles sobre tudo isso e lembrá-los de que sempre há esperança.

  • Liana Mazer

    Mãe da Alice e do André, jornalista e criadora dos livros de atividade YOYO. Acredita que por meio da arte, da cultura e do brincar podemos formar indivíduos apaixonados, seguros, criativos e com a mente aberta

Data da postagem: 23 de novembro de 2015

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