“Criar filhos bilíngues: como faço isso funcionar na prática”
No meu dia a dia, escuto frases que misturam português e alemão, como “Mamãe, não esquece que terça temos um *Termin na escola” ou “Você já colocou minha *Vesperdose na mochila?”. Essa formação de frases em duas línguas é normal em famílias com filhos bilíngues, como as minhas filhas, que nasceram na Alemanha e tem o pai alemão. Em tempo, termin significa encontro e vesperdose, lancheira.
Minha vontade de insistir no bilinguismo vem da experiência de aprender outras línguas: sei o valor que isso tem e queria dar esse presente para minhas filhas. Além disso, existem muitos benefícios cognitivos para as crianças. Aqui estão cinco que me ajudaram a reforçar minha escolha:
- Melhora a atenção e o foco: crianças bilíngues aprendem a prestar atenção no que é importante, mesmo com muitas distrações ao redor. Isso ajuda na escola e em outras situações do dia a dia.
- Memória mais forte: ter que lembrar palavras e regras de duas línguas faz o cérebro das crianças trabalhar mais, melhorando a memória para guardar informações importantes.
- Mais fácil mudar o foco e pensar de formas diferentes: elas aprendem a mudar rapidamente de tarefa e a enxergar problemas de vários ângulos, o que torna a mente delas mais flexível e criativa.
- Facilidade para aprender outras línguas: como o cérebro já “treinou” para usar duas línguas, fica mais fácil pegar outros idiomas no futuro.
- Protege o cérebro no futuro: ser bilíngue ajuda a manter o cérebro saudável por mais tempo, atrasando o aparecimento de problemas como Alzheimer quando a pessoa fica mais velha.
Há também muitos desafios em uma casa bilíngue, como a mistura de idiomas, o atraso na iniciação da fala e o esforço dos pais para expor a criança a ambas as línguas (o que adiciona mais uma coisa à nossa já grande lista de afazeres). Essas foram as estratégias que nos ajudaram nessa jornada:
- Falar consistentemente uma língua com a criança, preferindo a abordagem “um pai, uma língua”, para que ela associe cada idioma a uma pessoa diferente.
- Ler livros, contar histórias, cantar músicas e usar vídeos em ambos os idiomas torna o aprendizado divertido e agradável.
- Promover brincadeiras e encontros com outras crianças e famílias bilíngues, para que a criança pratique os idiomas em contextos sociais reais.
- Usar recursos educativos, como aplicativos, jogos e vídeos, que estimulem o vocabulário e a pronúncia de forma lúdica.
- Valorizar a cultura associada aos idiomas, celebrando festas, tradições e valores, para fortalecer o vínculo emocional com eles.
Apesar do esforço, às vezes, dobrado para incluir tudo isso em nossa rotina, acredito que uma língua é um dos presentes mais valiosos que posso oferecer às minhas filhas.
Aufwiedersehen! (até a próxima!)
Carol D’Essen









