Que tal jogar golfe? Por que mães e filhos estão aderindo a esse esporte


Redação It Mãe
por: Redação It Mãe
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Imagine um campo de golfe: gramados impecáveis, silêncio, concentração — e, provavelmente, a imagem de homens experientes disputando uma partida. Mas esse cenário está mudando. Mulheres, mães, crianças e adolescentes têm ocupado os campos, descobrindo no golfe um espaço de bem-estar, foco e conexão.

África Madueño Alarcón é uma das vozes que impulsionam essa transformação. Especialista em biomecânica e treinamento de golfe, e mentora de profissionais, ela enxergou no esporte mais do que lazer: uma oportunidade de construir uma carreira sólida e abrir caminhos para outras mulheres. Colaboradora do projeto Mulheres e Golfe (MEG), África acredita que o esporte é também uma poderosa ferramenta de autocuidado e networking — capaz de unir prazer, saúde e oportunidades profissionais.

Africa e sua filha que também pratica golfe (foto: divulgação)

It Mãe Magazine: Como você descobriu sua paixão pelo golfe e qual foi seu percurso até se tornar especialista técnica no esporte?

África: Eu fui atrás do golfe, pois sabia que era um nicho de atuação onde poderia me destacar. Naquela época não tinha ninguém no Brasil atuando com treinamento físico de golfistas e isso me incentivou a procurar uma formação específica e aprender sobre biomecânica, treinamento e ensino do golfe.

It Mãe Magazine: Você participa de um projeto criado para incentivar mulheres no golfe. Qual foi a motivação para se unir a este esforço?

África: Fui convidada a participar no Projeto Mulheres e Golfe em 2023, assessorando as organizadoras Karen e Patrícia na questão do preparo físico e comissão técnica. O MEG foi criado por mulheres e é gerido por mulheres que amam o golfe e querem mudar a cara deste esporte. O programa tem como objetivo introduzir o golfe para mulheres que nunca tiveram contato ou oportunidade de aprender. São oito semanas de aulas gratuitas que incluem fundamentos, regras, etiqueta e competição e que finalizam numa certificação e torneio colaborativo. O projeto está na sua 15 edição e mais de 500 mulheres conheceram o esporte. Um sucesso total que a cada ciclo tem lista de espera para se inscrever.

It Mãe Magazine: Muitas mães lutam para equilibrar vida familiar com atividades sociais e de trabalho. De que modo o golfe pode funcionar como ferramenta de networking para mulheres, em termos profissionais, negócios ou relações pessoais?

África: Entendo bem isso, pois durante os primeiros dez anos da vida dos meus filhos eu tive muita dificuldade de me permitir ter momentos de lazer sem peso na consciência. A gente se doa por completo para a família e para o trabalho. É uma sensação de que devemos ser úteis o tempo todo e que qualquer momento de descanso ou lazer é egoísmo, eu demorei para me livrar dessa sensação e me permitir fazer algo só pra mim. Isso só causa desgaste físico e emocional porque também precisamos de momentos de prazer.

O golfe pode entrar na vida da mulher com dois objetivos muito importantes. 

Em primeiro lugar o prazer de estar ao ar livre, numa atividade física que preza pela concentração e pelo autoconhecimento. Que nos dá essa chance de focar no presente e aproveitar o momento em conexão com a natureza enquanto estamos praticando um esporte desafiador. Temos aqui o benefício do auto cuidado tão importante para manter esse equilíbrio.

Por outro lado, o golfe traz benefícios importantes para a vida profissional. O fato de jogar golfe é apreciado em empresas com tradição entre as lideranças. Se o CEO ou presidente jogam, vão gostar de saber que você joga também e surgem oportunidades de networking importantes para as empresas. Nos EUA por exemplo os cursos de MBA incentivam os estudantes a aprenderem a jogar, empresas promovem jogos para integrar as equipes e quando se trata de uma multinacional, o golfe é uma linguagem comum que pode promover aproximação com pessoas de outros países. Pesquisas comprovam que mulheres que jogam golfe avançam mais na carreira e tem maiores possibilidades de ganhar mais dinheiro. A mulher que participa de torneios empresariais evita ser excluída de momentos importantes que podem ajudar sua carreira. Diferente dos eventos corporativos que acontecem a noite em bares e boates, o golfe ainda tem a vantagem de ser um ambiente que exige respeito e onde raramente uma mulher vai sofrer assédio como poderia acontecer num happy hour.

It Mãe Magazine: Você diz que crianças e adolescentes também podem jogar. Como é o programa de ensino para cada faixa etária?

África: Crianças precisam de programas em grupos para promover a socialização. Quanto menor a criança mais devemos evitar aulas individuais pois desmotivam a maioria das crianças. Até os 10 anos os fundamentos são ensinados de forma lúdica, sem focar muito em “certo e errado”. A criança desenvolve o movimento técnico com exercícios coordenativos, trabalhando bilateralidade e o movimento exploratório. Durante o pico de crescimento incentivamos os de velocidade pois é quando acontece um momento especial de desenvolvimento neuro-motor que permite incentivar esta capacidade tão importante no esporte.

Já para adolescentes, o treino de fundamentos técnicos e qualidade do swing é mais intensivo e eles aceitam melhor as aulas particulares. A partir dos 8 anos a criança pode jogar 9 buracos a pé tranquilamente e aos 12 já estão jogando 18. O legal do golfe é que é um esporte que ensina valores muito importantes na formação do ser humano como pontualidade, honestidade, etiqueta, respeito ao próximo, cuidados com o meio ambiente e principalmente auto-gestão emocional. É um esporte riquíssimo para o amadurecimento neurológico que acontece durante os primeiros anos.

Golfe ensina às crianças noções como respeito, honestidade e autorregulação emocional (foto: divulgação)

It Mãe Magazine: Quais benefícios você observa em meninas e meninos que praticam golfe desde cedo?

África: Crianças que praticam golfe desenvolvem resiliência e controle emocional. Por ser um esporte bem difícil e que pode ser frustrante, ajuda a criança que está desenvolvendo esse controle a se adaptar e entender que tacadas ruins vão acontecer, assim como momentos ruins acontecem na vida. No dia a dia passamos por situações de provação e de exposição que testam nossos limites e muitas vezes as crianças não possuem ferramentas cognitivas pra lidar com isso. O golfe é um ambiente controlado, quase uma simulação da vida. Dias bons, dias ruins, momentos de alegria e de raiva. Como você lida com isso é inteligência emocional que pode ser desenvolvida com o golfe de uma forma muito natural, em contato com a natureza.

Quanto às capacidades físicas, apesar de parecer um esporte meio parado, sem muito gasto energético, o golfe demanda caminhar entre 10 – 12km por rodada, dura em média 4 horas (18 buracos) e o gasto calórico é superior a uma partida de basquete. Além disso desenvolve potência, precisão, controle postural e força.

It Mãe Magazine: Você pode compartilhar algum caso inspirador de alguém que ingressou no golfe por meio de projetos similares e como isso impactou sua vida pessoal/social?

África: No Brasil temos vários projetos sociais importantes que trabalham com crianças que nunca teriam acesso ao golfe de outra forma. Alguns dos nomes mais importantes do golfe brasileiro vieram destes projetos como Andrey Xavier e Herik Machado, os dois ocupam top 1 e 2 do ranking brasileiro amador. Mas quero citar o caso de uma menina que graças ao apoio de empresas e particulares construiu uma carreira de sucesso. Nathalie Silva começou a jogar golfe graças ao apoio do Clube Paradise em Mogi das Cruzes, que permitiu que ela treinasse sem custos, já que ela não tinha meios de se associar. A dedicação dela foi notada e o presidente do clube ajudou a financiar as viagens e torneios juvenis para ela crescer no ranking nacional. Ela foi Campeã Brasileira em 2012 e o próximo passo era fazer faculdade. O presidente novamente ajudou financeiramente com aulas e inglês e ela foi aceita na California Baptist University, nos Estados Unidos com bolsa de estudos completa, onde jogou e estudou até 2014, além de entrar para o hall da fama da universidade. Atualmente, ela é Head Coach das equipes masculina e feminina na Uiversity of La Vernena California.

“A mulher que participa de torneios empresariais evita ser excluída de momentos importantes que podem ajudar sua carreira”, diz Africa (foto: divulgação)

It Mãe Magazine: Você acredita que o golfe pode se tornar uma atividade familiar, em que mães, filhas e demais membros jogam juntos? Como isso fortalece vínculos?

África: Definitivamente o golfe é um esporte inclusivo e democrático. O sistema de handicap permite que pessoas de níveis diferentes, idades, sexo joguem num sistema de igualdade. No golfe você não compete diretamente contra o outro o que evita criar atritos. Jogo com a minha filha com frequência e são momentos de puro prazer onde passamos 2 horas conversando, dando risada, passando por tacadas boas e ruins, curtindo o momento com disposição e aprendendo muito uma com a outra. É o melhor esporte pra praticar em família, pra viajar e conhecer campos diferentes e pra criar uma conexão maravilhosa.

It Mãe Magazine: Se pudesse deixar uma mensagem para mulheres que querem se aventurar no golfe, o que você diria?

África: Não tenha medo, não tenha vergonha de entrar num clube e contratar um professor. O espaço está ai para ser tomado! Assim como no mundo corporativo, ninguém vai te estender um tapete vermelho por tentar, você precisa encontrar seu lugar e ocupá-lo vai te trazer inúmeros benefícios.

Procure o Mulheres e Golfe ou veja se nos clubes próximos se existem programas de iniciação pra mulheres. Alguns clubes são privados, mas a maioria permite que não sócios frequentem e façam aulas avulsas. Se informe e principalmente se permita! Você merece experimentar algo novo que vai te trazer muitos benefícios.

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Data da postagem: 23 de outubro de 2025

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