A regra da aeromoça
Ser mãe e se sentir culpada é praticamente um mantra dessa nossa geração. E não faltam motivos para que a gente se coloque no banco dos réus. Basta deixar o filhote na escolinha e ir trabalhar. Passar uma hora do sábado na manicure (ou no shiatsu, resolvendo uma dor nas costas). Contratar uma baby-sitter para poder sair com o marido ou simplesmente deixar os pequenos na avó para conseguir dormir até tarde no domingo.
De verdade? Essa culpa toda não faz o menor sentido. Como é que uma mulher que passa 24 horas do dia tentando acertar pode se sentir culpada por algo? Além do mais, isso só faz o tiro sair pela culatra. Afinal, cada vez que você se priva de algo em nome de se dedicar exclusivamente à sua cria, em nome de ser uma excelente mãe, vai esquecendo de você e ficando cada vez menos apta a dar o seu melhor para ele. Ou seja, você vai ser tudo. Menos uma excelente mãe.
Cá para nós, o que é melhor: contratar uma baby-sitter para ficar com o seu filho nas primeiras horas do domingo e acordar muito bem disposta para curtir o pequeno o resto do dia ou… acordar cedo e mal humorada e passar o dia irritada com cada travessura? O que é melhor: sair para jantar com seu amor e ficar umas horinhas longe do filho ou ver seu casamento desgastar e deixar seu filhote presenciar o distanciamento do pai e da mãe?
Cuidar de si mesma deveria entrar como regra número 1 da cartilha das mães. Quem foi que disse que precisamos ser mártires? Falo isso porque já tentei ser algumas vezes. Lembro de um sábado em que eu estava sozinha com as crianças (meu marido precisou trabalhar) e resolvi bancar a super mãe. A Bela tinha 3 anos e o Fe, 1 ano e pouquinho. Acordei às 6 da manhã (quando eles acordaram), sendo que precisaria de mais 3 horas de sono. Naquele dia, disse para mim mesma que tinha de dar conta dos dois sem ajuda. Afinal, eu era mãe ou o quê?
Passei o dia sem tomar café direito, sem conseguir entrar no banho, fazer um make básico…. Fiquei atordoada e… mal-humorada. Resultado? No fim do dia, as crianças estavam irritadas, tristes com as broncas que levaram e eu me senti uma péssima mãe. O oposto da mãe-maravilha que eu tinha planejado ser no começo do dia. No fim de semana em que fiquei sozinha de novo, não tive dúvidas: paguei um extra para a babá. Deixei as crianças em casa por uma hora e fui fazer mão e escova no salão. Passamos o dia sem stress e com muita diversão.
Toda vez que algum resquício de culpa tenta me ameaçar, penso nas instruções de segurança que a aeromoça repete todo santo voo poucos minutos antes de o avião decolar: “Em caso de despressurização, máscaras de oxigênio cairão sobre a sua cabeça. Ajuste PRIMEIRO em você e DEPOIS na criança ao seu lado”. Capice? Se você não tiver ar, não vai conseguir ajudar a criança do seu lado. Se você não estiver bem, não vai conseguir deixar seu filho bem.
Por isso, não dá para esquecer de você. É uma questão de sobrevivência. Sua e do seu filho. Pensar assim é libertador. E faz a vida ficar mais leve – para você e para seu pequeno.
beijos
Dani Folloni