Os bons conselhos do pai

O livro Dez conselhos de meu pai, de João Ubaldo Ribeiro com ilustrações de Bruna Assis Brasil, é da Objetiva e custa R$ 34,90 (foto: reprodução)
O Dia dos Pais já está chegando, neste ano cai em 11 de agosto. E eu, tentando decidir sobre qual livro escrever neste mês, não pude deixar de pensar nas historinhas que meu pai inventava para mim quando pequena. Começavam sempre assim: “Era uma vez uma menina muuuito bonitinha, que tinha um amigo chamado Coelhinho. Um dia, eles estavam passeando pela floresta quando, de repente (!!!), ouviram um barulhão!!!” O início era sempre o mesmo, nas palavras e até nas ênfases que eu tentei reproduzir. Agora, o restante… Ah, a história era sempre inédita, emocionante, até improvável. De onde ele tirava todos aqueles personagens e aquelas peripécias, não sei. Hoje me dou conta de que até mesmo escritores profissionais teriam dificuldade de colocar na mesma trama os dragões, os coelhinhos da páscoa, os três porquinhos e os sete anões, como meu pai fazia. E olha que essa é a primeira vez que esta história vem parar no papel. Aquelas noites, quando ele me colocava para dormir, que foram muitas, certamente têm muito a ver com o meu encantamento pela literatura e as minhas escolhas profissionais.
Contei essa história não apenas para homenagear meu pai (ele merece o reconhecimento), mas para saudar todos os pais que participam de maneira ativa da formação cultural, moral e afetiva dos filhos. Talvez melhor maneira de fazer isso teria sido começar já falando do livro “Os dez bons conselhos de meu pai” (Objetiva, 2011), no qual ninguém menos que João Ubaldo Ribeiro conta os mandamentos que afirma ter aprendido com o próprio pai que, segundo a obra, “ensinou o filho a amar os livros, o valor do estudo, a vontade de saber sempre mais. Também dividiu com ele bons conselhos para cidadãos honestos e prestantes.”
O primeiro dos conselhos, que são dez, é “não seja tutelado. Não permita que as pessoas resolvam as coisas por você, por mais que o problema seja chato de enfrentar.” E abrangem um mundo de coisas importantes: “coma o que gostar, fale como gostar, vista-se como gostar – seja como seu povo, não seja macaco”; “seja calado só por educação, até o ponto em que isto não o prejudicar”; “procure honestamente entender os outros”. Cada um dos dez conselhos desdobra-se em mais sabedoria do que se imaginaria ser possível em tão poucas páginas e ilustrações tão divertidas. Uma linda homenagem de Ubaldo a seu pai. Feita com poucas palavras, mas que têm poder de ressoar muito depois da leitura, nos momentos certos. Assim como devem ser os conselhos de pai.
Boa leitura e feliz dia dos pais!
Bel