Será que você deve pensar em congelar os óvulos?


Daniela Folloni
por: Daniela Folloni
Jornalista fundadora e diretora de conteúdo do Portal It Mãe

Várias  situações fazem com que a mulher tenha filhos mais tarde e pense: Será que eu devo congelar meus óvulos para garantir minha fertilidade? (foto: Free Images)

Muitos motivos fazem as mulheres da nossa geração adiar a maternidade. Pode ser que a pessoa certa para casar e ter filhos ainda não tenha chegado em sua vida. Pode ser porque você resolveu primeiro bombar na carreira para depois pensar em um bebê. Pode ser também que você já seja mãe e deixou para mais tarde o segundo ou o terceiro. E além dessas há várias outras situações que fazem com que a mulher tenha filhos mais tarde e pense: Será que eu devo congelar meus óvulos para garantir minha fertilidade?

O congelamento de óvulos – ou em uma linguagem mais técnica, a criopreservação de oócitos – é uma técnica na qual os óvulos da mulher (os chamados oócitos) são extraídos, congelados e armazenados. Mais tarde, quando ela está pronta para engravidar, os óvulos podem ser descongelados, fertilizados, e transferido para o útero, os chamados embriões.

“Os avanços na tecnologia do congelamento, modificações nos protocolos e contínua otimização da vitrificação tem eficientemente aperfeiçoado o método e conseqüentemente os resultados”, conta a ginecologista Fernanda Coimbra Miyasato, especialista em Reprodução Humana, da Fertilizavitta (SP) que esclarece as maiores dúvidas sobre esse procedimento:

 

Em quais casos/situações se recomenda congelar os óvulos?

Existe a razão mais comum que é o adiamento da maternidade devido a carreira ou por falta de um parceiro até os 35 anos. Mas também há outras razões como: retirada dos ovários ou falha ovariana irreversível devido a tratamentos com quimioterapia e a radioterapia, que são tóxicos para os oócitos, deixando poucos ou nenhum óvulos viáveis; falha na obtenção de espermatozoides, após tratamento de Fertilização in vitro e histórico familiar de menopausa precoce

 

Em que idade é recomendado o congelamento de óvulos?

O procedimento de criopreservação apresenta melhores resultados nas mulheres com idade até os 35 anos – isso porque após essa idade os óvulos vão perdendo qualidade. Importante salientar que quase 1/3 dos casais terão desafios com a fertilidade quando a mulher tem 35 anos ou mais. E mesmo que a mulher continue a ter ciclos menstruais regulares até a menopausa, a capacidade de ter filhos pode ser perdida 7 a 12 anos antes. Isso não significa que não pode haver o congelamento depois, somente que as chances de obter gravidez diminui conforme a idade, além de diminuir a possibilidade de se ter óvulos conforme a progressão da idade.

  

Enquanto a mulher ovular, os óvulos poderão ser congelados? Ou depois de uma certa idade não é mais possível?

Não existe idade limite de idade, mas é importante informar que as probabilidades de conseguir óvulos bons ou gravidez caem com o avanço da idade. Quanto mais nova for a mulher, melhor será a qualidade do seu óvulo e maior será a chance de gravidez.

O primeiro passo é avaliar a reserva ovariana, ou seja, a probabilidade de se obter óvulos. Importante informar que a mulher já nasce com os óvulos, portanto, conforme vai envelhecendo, ocorre sim a perda de qualidade dos óvulos com aumento de alterações em seu conteúdo. Por isso, as Síndromes, especialmente Down, são mais comuns nas mulheres acima de 40 anos, assim como, ocorre o aumento dos abortos e a queda das taxas de gravidez.

Os exames mais utilizados para avaliar a reserva ovariana são:

– dosagem de FSH e estradiol no início do ciclo menstrual;
– contagem de folículos pré-antrais no início do ciclo, utilizando ecografia transvaginal;
– dosagem do hormônio anti-mülleriano (o melhor marcador da reserva ovariana existente).

Importante informar que os níveis de FSH aumentam à medida que a idade avança, significando uma queda da reserva ovariana.  Um baixo número de folículos indica uma má resposta à terapia e uma menor chance de concepção e gravidez. 

 

Como saber se os óvulos são saudáveis?

Não é possível avaliar se o óvulo apresenta alterações. Quando se realiza o congelamento, os óvulos congelados são os classificados como maduros, em estágio MII de metáfase. As alterações somente são possíveis de serem avaliadas em embriões.

 

Como é o procedimento de congelamento de óvulos?

Podemos dividir o procedimento em duas partes:
A primeira parte é o congelamento. É promovido o estímulo dos ovários para crescimento dos óvulos. A estimulação dos ovários com hormônios injetáveis tem o objetivo de produzir um número maior de óvulos para serem congelados. As dosagens dos medicamentos são definidas de acordo com as necessidades de cada paciente, após a realização dos exames prévios, podendo ser modificada durante a indução.
Com um acompanhamento ultrassonográfico seriado, determina-se o momento adequado para a ASPIRAÇÃO DOS ÓVULOS sob sedação. E após a coleta estes serão encaminhados ao laboratório para o congelamento e armazenamento.

E a segunda parte do procedimento consiste no descongelamento e fertilização para se obter a gravidez, quando desejada. Atualmente, o congelamento tem maior chance de sucesso quando realizado com óvulos maduros, portanto, é necessário que a paciente passe por um processo idêntico ao da Fertilização in Vitro.

 

Por quanto tempo o óvulo pode ficar congelado?

Não há um período máximo para que os óvulos permaneçam congelados. Isso porque, após o congelamento, o tempo não interfere na qualidade. Essa é a grande vantagem desse procedimento.

 

Como é feita a utilização desse óvulo quando a mulher desejar engravidar?

 O preparo do útero é extremamente simples, podendo ser realizado em um ciclo ovulatório natural, ou com um pouco de medicação oral. No dia do descongelamento, será solicitada a coleta do sêmen que será usada para a fertilização. No descongelamento, os óvulos são aquecidos e retirados do meio conservante que os manteve no período em que estiveram vitrificados. Durante o processo de congelamento, a zona pelúcida, ou casca de ovo pode ser modificada. Assim, atualmente, a fertilização é realizada pela técnica de ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide) em que o espermatozóide é injetado diretamente dentro do óvulo. 

Após 18 horas do ICSI, é confirmada a fertilização e, assim, passam a se chamar PRÉ-EMBRIÕES. Depois desse tempo, diariamente acompanha-se a evolução e escolhe-se o melhor dia de transferência para o útero.

A transferência dos embriões não tem necessidade de anestesia. É introduzido um pequeno cateter flexível pela vagina em direção ao colo do útero, até atingir a cavidade uterina. Trata-se de um procedimento simples, mas que exige tranquilidade, relaxamento da paciente e experiência do médico. Após essa etapa, a paciente deverá ficar repousando cerca de 20-30 minutos, retornando posteriormente para casa com atividades físicas limitadas e orientada com as devidas medicações.

 

Quais as chances de sucesso de uma gravidez a partir de um óvulo congelado?

 

Os estudos que temos hoje relatam nascidos vivos ocorreram com ovos congelados até a idade de 44 anos. O sucesso da técnica depende da idade da paciente, da indicação do procedimento, do uso adequado do protocolo e da experiência do especialista durante a manipulação.

Vários estudos publicados pela Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) que sugere um sucesso em 37% dos casos quando quando 15 óvulos são coletados.

Segundo estudo da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, a taxa geral de gravidez variou entre 36-61% conforme a idade da mulher. Acima de 40 anos a chance é em média de 10-15%.

Os novos protocolos, utilizando a técnica chamada vitrificação, permitem a criopreservação dos óvulos humanos de forma segura e com resultados de sobrevida de mais de 95%.

Existe uma idade limite para a mulher ter filhos a partir de óvulo congelado?

Não existe. Deve haver apenas o bom senso sobre a saúde da mulher, se permite uma gestação sem riscos. Mesmo na menopausa, o procedimento poderá ocorrer, havendo o preparo do útero.

 

 

  • Daniela Folloni

    Jornalista, mãe de Isabela e Felipe, trabalhou nas revistas Vogue, Cosmopolitan e Claudia. Acredita que toda mãe merece sucesso, diversão, romance e oito horas de sono

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