Outubro rosa: tire suas dúvidas sobre prevenção e autoexame aqui!

Pílula aumenta o risco de ter câncer de mama? Como saber se é nódulo ou não? Em que momento do mês fazer o autoexame? Saiba tudo


Dra. Patrícia Gonçalves
por: Dra. Patrícia Gonçalves
Médica obstetra e ginecologista, professora assistente em Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e do Centro Universitário São Camilo

 

 (foto: 123TRF)

 

Infelizmente, o câncer de mama é o tipo mais frequente da doença em mulheres no Brasil (sem considerar os tumores de pele não melanoma). Apenas para o biênio 2018/2019, o INCA, estima que ocorram 59.700 novos casos de câncer de mama no País, o que significa um risco de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres.

Histórico familiar, tabagismo, consumo excessivo de álcool (que leva à queda da imunidade, podendo favorecer a formação de células atípicas), sedentarismo, sobrepeso e alimentação inadequada, isto é, pobre em alimentos naturais, frutas, legumes e verduras; e rica em produtos que contenham muitas substâncias químicas, como corantes, conservantes e hormônios (consideradas carcinogênicas) e carboidratos (eles se degradam em glicose, que é energia para as células de nosso corpo. Entretanto, as células cancerígenas também usam a glicose como fonte de energia), são fatores que podem elevar o risco para a doença, principalmente nas mulheres que já apresentam maior propensão genética.

Por isso é tão importante a prevenção. E uma das ferramentas para a prevenção e identificação do câncer de mama é o autoexame, que deve ser realizado mensalmente. Recomenda-se que ele seja feito a partir dos 20 anos de idade (quando a glândula mamária chega à sua maturidade hormonal). Mas as meninas também podem ser orientadas a realizá-lo desde a menarca (primeira menstruação).

Vale ressaltar que o autoexame não fecha um diagnóstico, mas – além de ser uma maneira de a mulher conhecer suas mamas e, assim, perceber mais facilmente se surgir alguma alteração – ele é uma orientação para que se procure ajuda médica especializada rapidamente.

Outro exame que deve fazer parte da rotina da mulher é a mamografia. Ela deve ser realizada anualmente, a partir dos 40 anos. Mas, caso a mulher apresente histórico familiar da doença, a realização do exame deve ser iniciada 10 anos antes da data em que a pessoa (mãe, avó, tia, irmã) apresentou o nódulo.

Do anticoncepcional à amamentação

          Quando se fala em câncer de mama, dois momentos na vida da mulher geram dúvidas. Muitas pacientes me perguntam se o uso da pílula anticoncepcional é um fator de risco para o surgimento de câncer de mama. Não, não é! Entretanto, em mulheres que apresentam predisposição genética para desenvolvê-lo, haverá um risco maior. Por isso, é recomendável que mulheres com histórico familiar de câncer de mama, utilizem como contraceptivo um método não hormonal.

Outra dúvida muito comum diz respeito à amamentação como fator de prevenção ao câncer de mama. De fato, passar pelo período de amamentação faz com que as glândulas mamárias se tornem mais acomodadas, relaxadas, levando a uma diminuição no risco de desenvolver a doença. Explico: quando a mulher ovula, a glândula mamária incha devido à sobrecarga hormonal (para o processo de maturação das glândulas, para a possibilidade de ela engravidar e, assim, haver a produção do leite). Porém, quando não ocorre a fecundação, a glândula mamária desincha, voltando ao seu estado normal. Já em caso de gravidez, chega-se ao ápice do amadurecimento glandular, isto é, ela está sobrecarregada por hormônios para a formação do leite. Aproximadamente um ano após o período de amamentação, ocorre o relaxamento, a acomodação dessas glândulas tornando, por exemplo, muito mais tranquilo realizar o autoexame.  Entretanto, o risco de câncer de mama em mulheres que já tem uma predisposição muito grande, em termos genéticos, não muda.

 

Um tempo só para você

A menstruação acabou, hora de realizar o autoexame. Ele deve ser feito logo após o término da menstruação, pois neste momento as mamas estão menos inchadas, permitindo, assim, que as glândulas mamárias possam ser avaliadas. Já mulheres menopausadas podem realizar o autoexame em qualquer fase do mês, uma vez que não estará relacionado ao ciclo menstrual. Mas para manter a rotina, o ideal é que escolham um dia fixo no mês para fazê-lo.

Não tenha pressa ao realizar o autoexame. Dedique tempo a ele, realizando-o com máxima atenção à presença de qualquer alteração.

Primeiro, diante do espelho, a mulher deve inspecionar as mamas, tanto com os braços para baixo (inspeção estática) quanto com os braços elevados, posicionados atrás da cabeça (inspeção dinâmica), avaliando se  há indícios da presença de alguma alteração, como abaulamento ou retração nas mamas, pele com textura “grosseira”, semelhante à casca da laranja (o chamado “peau d’orange”), prurido (coceira) na mama ou no mamilo; presença de secreção mamilar (descarga mamilar), seja ela escurecida (amarronzada), sanguinolenta (sangue vivo), hialina (como água de rocha), ou láctea (parecendo leite ou pus); hiperemia (vermelhidão do mamilo, ou de alguma parte da mama) e o aumento da vascularização apenas em uma mama,  ou em uma só região, ou junto com a hiperemia.

Depois, é a hora da palpação. Sempre recomendo às minhas pacientes que realizem o autoexame durante o banho, passando o sabonete, para melhor deslizar da polpa digital sobre as glândulas mamárias, possibilitando uma maior sensibilidade. Deve-se deslizar o sabonete nas mamas, palpando-as – com as pontas dos dedos, em movimentos circulares de cima para baixo – como um todo, inclusive os mamilos, em busca de acometimento de gânglios. Essa palpação deve se estender também às axilas, ao pescoço e aos ombros (na chamada “saboneteira”) Também deve-se pressionar levemente o mamilo para observar se há saída de alguma secreção.

 

Isso é um nódulo?

 É importante saber distinguir uma glândula normal da que não é. Na glândula mamária normal, a mulher sentirá como se fosse um “miolo de pão amassado”.  Também poderá perceber uma sensação de “sagu”, quando se trata de glândula mais densa, mais ingurgitada. Essa é a mama de uma mulher que geralmente apresenta displasia mamária. E isso também é normal!

Por outro lado, se durante o autoexame sente-se um nódulo – móvel ou fixo –   endurecido, como se fosse a “ponta do nariz”, há indício de que algo precisa ser investigado.

Mas não há motivo para pânico! Procure o ginecologista/ mastologista para uma avaliação mais detalhada. Ele irá solicitar a realização de exames complementares, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. Quando há alguma alteração, pode ser solicitada também a biópsia da lesão. E só a partir daí, se for confirmado o diagnóstico, iniciasse o tratamento especifico para aquele tipo de tumor.

E, novamente: quanto mais precoce é o diagnóstico, mais rápido é o tratamento e maiores as chances de cura! 

 

  • Dra. Patrícia Gonçalves

    Médica obstetra e ginecologista, mestre em Obstetrícia e Ginecologia pela USP e professora assistente em Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e do Centro Universitário São Camilo. Realizou seu maior sonho ao se tornar mãe da Rafaella, que agora também segue seu dom para medicina, preparando-se para se tornar pediatra.

Data da postagem: 15 de outubro de 2019

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