Os vilões da pele no verão


Dra. Carla Bortoloto
por: Dra. Carla Bortoloto
Médica especializada em dermatologia clínica e cirúrgica

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Além das queimaduras, micoses e manchas também podem surgir em maior quantidade na pele durante o verão (Foto: Freeimages)

Não importa se é na praia ou no campo, a verdade é que todos querem aproveitar o verão ao máximo. Entretanto, é preciso ficar atento: as condições climáticas da estação mais quente do ano podem causar problemas à saúde da pele capazes de arruinar as férias. Não é porque estamos mais relaxados que devemos descuidar da pele, ok? Pelo contrário, no verão, devemos redobrar os cuidados com a higiene, uma vez que as elevadas temperaturas favorecem a proliferação de fungos. Além disso, é essencial aplicar o protetor solar para evitar danos futuros, como o melasma e o câncer de pele. Confira a seguir quais são os vilões da pele no verão e como fugir deles.

Queimadura de sol

As queimaduras solares ocorrem quando há uma exposição excessiva da pele aos raios solares, tornando-a avermelhada e sensível (dolorida) ao toque. Pessoas de pele clara são as mais propensas ao problema. Além disso, a exposição excessiva ao sol pode, a longo prazo, trazer problemas diversos e danos à pele, como Melanose solar, Melasma e Câncer de pele.

 O que fazer: o uso de protetor solar é a melhor maneira de evitar o problema. Caso tenham ocorrido queimaduras, os sintomas podem ser aliviados com o uso de compressas de água fria, analgésicos e loções corporais específicas. Beber bastante água também ajuda a manter a pele hidratada, evitando que ela descame. Entretanto, se ela começar a descascar, evite remover a pele, deixe-a sair sozinha no banho.

Micose

A micose de praia (pitiríase versicolor) é causada por um fungo presente naturalmente na pele. Muitas vezes, a doença é percebida após a exposição solar, já que a área acometida pelo fungo não se bronzeia e, com o bronzeamento da região ao redor, as lesões ficam mais evidentes. No entanto, isso não significa que elas foram adquiridas na praia ou piscina. Também chamado popularmente de “pano branco”, o problema ocorre principalmente em pessoas com predisposição genética, aparecendo com maior frequência no verão, pois o calor e a umidade, juntamente com a oleosidade da pele, são a combinação perfeita para a proliferação de fungos que causam a infecção. Além das manchas, que vão do branco ao castanho, outro sintoma frequente são coceiras no local.

O que fazer: Manter o corpo seco é a melhor forma de evitar tais fungos. Por isso, é importante enxugar-se bem após o banho (principalmente nas regiões das dobras, como axilas e entre os dedos dos pés), não permanecer muito tempo com roupas molhadas e vestir tecidos que favoreçam a transpiração, como o algodão.

Brotoeja (miliária)

Trata-se de uma erupção cutânea caracterizada pelo surgimento de bolinhas vermelhas na pele, causada pela obstrução das glândulas sebáceas. O problema que afeta principalmente as crianças, mas também pode atingir os adultos, e está relacionado ao aumento do calor e da produção do suor, que provoca o processo inflamatório.

O que fazer: para evitar a miliária, invista em banhos frios e roupas leves e de tecidos naturais, evitando o excesso de suor. No caso das crianças pequenas, deve-se diminuir a quantidade de roupas durante a estação.

Micose de unha (onicomicose)

A infecção é provocada por fungos que atingem as unhas dos pés e das mãos. Coceira, inflamação, escamação da pele entre os dedos e deformação nas unhas são sintomas comuns da doença, que durante o verão tem sua incidência aumentada devido ao calor e a umidade (condições propícias para a proliferação de fungos). Além disso, o uso de sapatos fechados também contribui para o surgimento do agente causador. 

O que fazer: quando for usar a ducha na piscina ou praia, fique de chinelos. Também não fique tempo demais na piscina. O cloro e outros produtos usados para limpeza podem agravar o quadro. Lave e seque bem os pés e não compartilhe lixas e outros utensílios de manicure (a não ser que sejam devidamente esterilizados em autoclave, instrumento obrigatório nos melhores salões de beleza). Prefira calçados mais leves e abertos durante a estação.

Manchas de limão (fitofotomelanose)

A manifestação alérgica é causada pela exposição ao sol da pele que teve contato com suco de algumas frutas cítricas (limão, laranja, tangerina) ou plantas. Perfumes e refrigerantes também podem ocasionar a alergia, chamada nesse caso de fotomelanose. O problema é caracterizado pelo surgimento de manchas escuras nas regiões que entraram em contato com a substância, mas em casos graves (fotodermatites) pode haver manchas avermelhadas, bolhas, coceira e sensação de ardência local. 

O que fazer: procure não manusear frutas cítricas (como fazer caipirinhas ou beber sucos destas frutas) antes ou durante a exposição ao sol. Também evite colocar perfumes antes de ir à praia. Mesmo lavando as áreas afetadas, a pele ainda pode manchar, mais uma razão para não esquecer do protetor solar.

Acne solar

Esse tipo de acne atinge principalmente o tronco e a raiz dos membros superiores, surgindo normalmente poucos dias após a exposição intensa ao sol.

O que fazer: a acne solar pode ser evitada com o uso de filtros solares (de preferência livres de óleo) aplicados antes de sair ao sol e reaplicados a cada duas horas. Vale investir também na proteção física, com chapéu ou viseira. Caso as erupções já tenham surgido na pele, evite a exposição solar, para que ela possa ir melhorando gradativamente.

Micose da virilha (tinea inguinal)

O problema é causado pelo crescimento de fungos na região da virilha. Durante o verão, com o aumento do suor ou o uso de roupas de banho molhadas por longos períodos, as chances do surgimento dessa micose se elevam. Ela se caracteriza pela formação de manchas avermelhadas, úmidas ou descamativas e que coçam (ui!). Além da região da virilha, a doença pode se alastrar, atingindo também nádegas e abdômen.

O que fazer: após banhos de mar ou piscina, evite ficar com roupas molhados por muito tempo. Além disso, dê preferência a peças de tecidos frescos, que permitam que a pele respire. Invista em roupas intimas de algodão e evite as roupas em tecido sintético, que favorecem o crescimento da micose por dificultar a evaporação do suor.

Bicho Geográfico (larva migrans)

A doença é provocada por parasitas intestinais do cão e do gato, que penetram na pele humana quando em contato com as larvas. Pés e glúteos costumam ser os locais mais atingidos pelo problema, causando lesões avermelhadas, de trajeto tortuoso, e coceira.

O que fazer: use sempre o chileno para caminhar na areia ou na terra e canga ou toalha quando sentar ou deitar na areia.

Águas Vivas

As queimaduras provocadas pelas águas vivas podem causar desde placas vermelhas que coçam, ficam inchadas e com dor intensa (de difícil controle), até tosse, coriza e arritmia cardíaca – muitas vezes indicando quadros mais graves que necessitam atendimento hospitalar.

O que fazer: os primeiros-socorros para acidentes por águas vivas devem ser feitos com a aplicação de compressas de água do mar geladas (ou aplicação de bolsas de gel) para controle da dor e banhos de vinagre para neutralizar o veneno no local atingido. Já a aplicação de água doce é desaconselhada, uma vez que pode agravar o quadro. Também é importante procurar um dermatologista com rapidez a fim de evitar possíveis sequelas.

Ouriços do mar

Possuem espículas (espinhos) que penetram na pele. A maioria dos acidentes acontece quando banhistas se locomovem por áreas rochosas das praias, onde há colônias destes animais e as palmas das mãos e dos pés são as áreas mais atingidas. Como dificilmente esses espinhos são retirados completamente, causam dor local, febre, formação de nódulos e até perda das unhas.

O que fazer: na hora do acidente, rapidamente, a região afetada deve ser imersa em água quente (cerca de 45-50°C) por trinta minutos, para desnaturar possíveis substâncias tóxicas injetadas. Depois, deve ser realizada a limpeza do local com água e sabão; e a retirada das espículas por agulha de grosso calibre, de preferência no pronto-socorro. Também é necessário tomar a vacina antitetânica.

  • Dra. Carla Bortoloto

    Médica especializada em Dermatologia clínica e cirúrgica, tricologista, professora da Pós-Graduação em Dermatologia das Faculdades BWS, Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Clínico Cirúrgica (SBDCC) e da American Academy of Dermatology (AAD)

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