Método contraceptivo: qual o melhor para você?
Além da pílula: anel vaginal, adesivo e até aplicativos são usados hoje como método contraceptivo (Foto: It Mãe)
A escolha do anticoncepcional nem sempre passa pelo consultório médico aqui no Brasil. Sim, segundo a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, a Febrasgo, muitas mulheres compram pílulas, medicamento que não precisa de receita médica, por indicação das amigas e até do balconista da farmácia. O comportamento, além de perigoso para a saúde, restringe a oportunidade de encontrar um método contraceptivo que atende às necessidades individuais de cada mulher – o que melhora a aderência e, portanto, a eficácia do planejamento familiar. E, atualmente, são muitas as alternativas para evitar uma gravidez (veja abaixo).
Para trazer mais informação sobre o assunto, a entidade lançou há algumas semanas a campanha #vamosdecidirjuntos. A proposta é envolver as mulheres, seus parceiros e o médico ginecologista na escolha do método anticoncepcional. “Felizmente, hoje a relação médico-paciente é horizontalizada, ou seja, o diálogo é bem-vindo. Podemos e queremos discutir de igual para igual a melhor solução para cada perfil”, diz César Fernandes, presidente da Febrasgo.
Para o médico, incluir o namorado, marido ou parceiro nessa decisão é uma forma de criar um comprometimento do homem com a relação, e não deixar a contracepção simplesmente a cargo da mulher. “Apesar de existir algumas frentes de pesquisas para desenvolver um anticoncepcional masculino, essa opção ainda carece de mais estudos para descartar riscos, garantir a eficiência e diminuir os efeitos colaterais. Ainda estamos engatinhando nesse quesito”, afirma o ginecologista.
Conhecer a história da paciente é fundamental para acertar nessa escolha. Na consulta, o médico avalia o histórico e os antecedentes de saúde da mulher assim como o padrão de comportamento e a rotina dela, além dos planos para o futuro dela. Abaixo, pontuamos as indicações e vantagens e desvantagens de cada método para você conhecer os avanços na contracepção e levar suas dúvidas para o ginecologista.
Pílulas Combinadas
Desde sua criação na década de 1960, a evolução da pílula anticoncepcional com estrogênio e progesterona foi grande. Não apenas pela eficiência na contracepção, mas pela segurança que oferece, com menos efeitos colaterais e reações adversas, para o organismo das mulheres. “Além disso, hoje podemos prescrever diversos regimes na hora de tomar a pílula, como o uso de cartelas seguidas ou pausas a cada 84 dias, por exemplo”, explica César. Cada regime deve ser adaptado às necessidades e desejos de cada mulher. Uma regra vale para todas os métodos hormonais combinados (pílula, anel vaginal, adesivo e injetável mensal): mulheres acima de 35 anos e fumantes estão contraindicadas a usar qualquer um deles, pois o risco de trombose é alto.
Micropílulas
São as pílulas que não carregam estrogênio, apenas progesterona. Indicadas para as mulheres que ainda estão amamentado, pois não interferem na lactação. Sua eficiência contraceptiva é muito próxima da pílula convencional.
Anel Vaginal
Trata-se de um dispositivo de silicone transparente e maleável com 5 centímetros de diâmetro que deve ser inserido na vagina no primeiro dia de menstruação. Assim como a pílula oral, ele libera doses contínuas de dois hormônios – etonogestrel e etinilestradiol – que impedem a liberação do óvulo. Após três semanas de uso, deve ser removido – é quando ocorrerá a menstruação. Ao começar outro ciclo, um novo anel deve ser utilizado. A vantagem desse método é não precisar tomar um comprimido todos os dias, além de diminuir a intolerância digestiva e a sobrecarga no fígado.
Injetável
Existem duas variantes da contracepção injetável. A mensal, que combina dois hormônios, assim como a pílula oral, e tem efeito por 30 dias. E a trimestral, com apenas um hormônio, o progestagênio, sintético da progesterona. A segunda dose e as subsequentes da injeção trimestral devem ocorrer em intervalos de até no máximo 13 semanas. Ambas são aplicadas na farmácia com receita médica. Desvantagem: o retorno da fertilidade pode ser demorado e imprevisível.
Adesivo Transdérmico
Dois hormônios são absorvidos através da pele e liberados na circulação de forma contínua por sete dias. Deve ser trocado semanalmente durante três semanas, fazendo uma pausa na quarta semana, quando ocorre a menstruação. São duas vantagens: não ter que tomar um comprimido todo dia e evitar sobrecarga no aparelho digestivo. Não é recomendado para mulheres acima de 90 quilos.
Implante
Com quatro centímetros de comprimento e dois milímetros de diâmetro, o implante é colocado pelo médico embaixo da pele do braço e tem efeito de 3 anos. É um método que libera o hormônio etonogestrel em baixa dose, mas ainda assim com alta eficácia. Pode ser usado 21 dias após o parto ou aborto e por mulheres que estejam amamentando. A desvantagem do implante subcutâneo é a falta de previsibilidade do sangramento. Segundo a Febrasgo, entre as usuárias, 20% ficam totalmente sem menstruar; 20% inicialmente menstruam normalmente, mas após seis meses menstruam de forma mais espaçada; e 60% passam a ter menor fluxo.
DIU (Dispositivo intrauterino)
Trata-se de um método de barreira. É um dispositivo plástico, geralmente em forma de T, com um filamento de cobre, sem liberação de hormônio, que deve ser inserido dentro do útero pelo médico no próprio consultório. Impede a passagem dos espermatozoides e a fixação do óvulo no útero por meio da liberação do cobre. Tem alta eficácia, sendo indicado principalmente para mulheres que desejam contracepção de longo prazo (3 a 10 anos). O grau de efetividade é similar ao da laqueadura e maior do que o da pílula anticoncepcional. Quando a paciente decidir engravidar, após a remoção do mesmo, a fertilidade volta rapidamente, independentemente do tempo utilizado. É contraindicado para o pós-parto (sendo necessário aguardar um mês, pelo menos), após um aborto e para quem tem algum tipo de mioma que altere a formação do útero. Deve ser trocado, normalmente, a cada dez anos.
DIU com Hormônio
Assim com o DIU de cobre, essa versão é colocada dentro do útero com a diferença de liberar o hormônio levonorgestrel, que impede a passagem dos espermatozoides e a fecundação do óvulo. A inserção do DIU deve ser feita pelo ginecologista, muitas vezes no próprio consultório, com anestesia para diminuir a dor. É indicado para quem deseja contracepção de longa duração (de 3 a 5 anos), tem um fluxo muito intenso ou quer suspender a menstruação – cerca de 44% das usuárias não menstruaram mais após 6 meses de uso do DIU. Em alguns casos, a menstruação torna-se apenas irregular. Para engravidar, basta remover o dispositivo para a fertilidade voltar em pouco tempo.
Aplicativo como contracepção?
Em meio a diversos apps para lembrar de tomar a pílula (como se fossem uma agenda com alarme), um programinha se destaca: o Natural Cycles criou um algoritmo que monitora a taxa de fertilidade da mulher ao longo do mês. Diferente da tabelinha, esse cálculo leva em consideração que nem todas as mulheres têm ciclos regulares de 28 dias.
Funciona da seguinte forma: você assina o aplicativo e recebe um termômetro, que deve ser colocado todos os dias debaixo da língua, para medir a sua temperatura basal – o corpo da mulher fica 0.45 graus mais quente após a ovulação. Depois de inserir seus dados, o aplicativo calcula os seus dias férteis, ou seja, quando há maior chance de engravidar. Portanto, nos dias de bandeira vermelha será necessário algum método de barreira, como a camisinha, se houver relação sexual (essa é a desvantagem para algumas mulheres).
Existem outros apps similares, mas o Natural Cycles conquistou certificados de autoridades de saúde, como o National Health Service, no Reino Unido, classificando-o como um método de contracepção confiável.
Pode ser uma boa alternativa às mulheres que sofrem com os efeitos colaterais das pílulas e outros métodos com hormônios. Vale lembrar também que o aplicativo serve para quem está querendo engravidar e para quem deseja saber se já está grávida. O plano anual do Natural Cycles custa 49,90 dólares e pode ser adquirido aqui no Brasil.