Mães que dançam seus males espantam


Daniela Folloni
por: Daniela Folloni
Jornalista fundadora e diretora de conteúdo do Portal It Mãe

Você viu a uber-mãe Gisele Bündchen fazendo uma aula de video dance? “Quem dança seus males espanta”, escreveu em seu post no Instagram.  Assim como ela, estas mães também se jogam na dança. Elas contam como fazem a dança caber na rotina corrida com filhos, carreira… e explicam por que isso faz toda a diferença no seu bem-estar.

 

(se quiser ver a Gisele requebrando no vídeo que chegou a mais de 6 milhões de visualizações, assista aqui)! 

 

A médica dermatologista Rossana faz balé clássico. Para a dança caber na rotina, ela vai sempre que dá – seja atrasada, com a filha  junto, com a roupa que deu para pegar em casa (foto: arquivo pessoal)

“Comecei o ballet aos 4 anos e me apaixonei. Com 8 anos, já participava de alguns festivais. Escolhi estudar medicina e em função da faculdade e residência parei o ballet por uns 8 anos. Tentei outras atividades físicas, mas a vontade de dançar me fez voltar. No começo não foi fácil achar lugares com aulas para adultas que já dançaram e trabalham… o chamado nível intermediário. Quando fiquei grávida, continuei a dançar e parei depois dos 6 meses da gestação. Tentei voltar  40 dias depois do parto, mas veio uma nova adaptação de horários, entre consultório, aulas, congresso e… minha princesa.  Hoje posso dizer que talvez o segredo para conciliar é em primeiro lugar querer. Em segundo: ir sempre que dá – seja atrasada, com a filha  junto, com a roupa que deu para pegar em casa…  Não esperar as coisas se acalmarem, porque sempre vamos ter mil coisas… E a dança faz parte daquilo que traz equilíbrio físico, emocional. É hobby, é terapia, é atividade física. Sem falar que traz respeito pelos outros, capacidade de superação, vontade de melhorar e aceitar as próprias limitações. Traz a possibilidade de expressar sentimentos, alegrias, tristezas… e traz o palco. O palco que nos faz tremer e questionar quando estamos prestes a entrar… Quando entramos nos faz sonhar. E faz mais uma vez superar. Tenho certeza de que a dança me ajudou na minha profissão, na capacidade de dar aulas para um grande público em congressos, na minha sensibilidade com meus queridos pacientes e na minha vida com mãe e mulher. E agora estou apresentando esse mundo da dança para minha pequena.” Rossana Cantanhede Farias de Vasconcelos, 39 anos, médica dermatologista, professora da dermatologia na universidade de Santo Amaro e chefe da cosmiatria. Mãe da Isabela, 6

 

Ana trocou a publicidade pelo flamenco. Para poder ser bailaora, aluna, professora e, principalmente, mãe, ela tem feito ajustes frequentes na rotina (foto: Paola Evelina)

“Faz 10 anos que larguei a publicidade para trabalhar como professora de flamenco e bailaora flamenca. Cheguei a dar aula de segunda a quinta, o dia todo. Quando meu filho nasceu, 5 anos atrás, minha vida tomou direções diferentes e a prioridade deixou de ser a dança. Fui morar por 1 ano em Buenos Aires, quando meu marido foi transferido. Como não tinha minha mãe por perto para me ajudar, parei de dar aulas e passei a apenas fazer algumas poucas aulas enquanto meu filho estava na escola.

Quando voltei para o Brasil, passei a dar aula apenas para uma turma que eu havia já construído antes, de mulheres muito unidas, que me fortaleciam muito, e também voltei a ensaiar. Então meu pai adoeceu. Larguei a turma e fiquei apenas ensaiando até os 8 meses da minha segunda gravidez. Dei mais uma pausa após o nascimento a Beatriz. Quando minha filha fez 4 meses, retomei. Minha mãe ficava com meu filho enquanto eu levava a Beatriz aos ensaios comigo. Era bem cansativo carregar a bebê, tudo que ela precisava, ensaiar e tentar fazê-la dormir quase ao mesmo tempo –  e ainda perceber tudo que meu filho primogênito estava sentindo por ter ganho uma irmã e ficar menos tempo com a mãe.

Para este ano de 2018, tomei uma decisão: trabalhar apenas enquanto os dois estão na escola. Tive de apertar muito meu tempo. Não é fácil fazer tantas tarefas caberem das 8 da manhã ao meio-dia. Não é fácil dizer tantos nãos a aulas e ensaios que surgem. Mas dessa maneira eu posso ser bailaora, posso ser aluna, posso ser professora e posso principalmente ser mãe. Essa foi a minha escolha e até o momento me parece a mais sensata para as minhas necessidades e da minha família. Me parece um ajuste diário. É cansativo, mas é gratificante. Não sei até quando esse esquema fará sentido, vamos nos adaptando. O importante para mim é que sei que meus objetivos são estar perto da minha família mas também bailar.” Ana Nicolau, 36 anos, publicitária, bailaora, fotógrafa. Mãe do Arthur, 5, e da Beatriz, 1

 

A advogada Suzana hoje faz dança do ventre com a filha Clara. Para ela, a dança ajudou a focar e ficar mais tranquila  (foto: arquivo pessoal)

“Fiz dança do ventre até o parto, inclusive apresentações com o barrigão de 7 meses. Abandonei durante o período em que Clara era bebê. Tentei retornar várias vezes, mas sempre havia algum problema familiar que me fazia escolher entre a dança e alguma outra coisa. Uma doencinha de Clara cá, outro problema acolá, sempre me fizeram escolher entre Clara e a dança. E quando não era possível conciliar, escolhi Clara. 

Há dois anos, resolvi voltar a dançar, e trazer comigo às aulas dona Clara, minha filha, hoje com 12 anos. Ela também se apaixonou pela dança e estamos felizes balançando nossas barrigas. A dança me faz mais feminina e ser uma pessoa melhor. É como se fosse uma terapia em grupo onde, em vez de falarmos de nossos problemas, dançamos juntas. O mesmo tem ocorrido com Clara, que tem se encontrado bastante na dança no ventre e na cigana. 

Acho que se todas as mães se dedicassem à alguma atividade de que realmente gostassem, a maternidade seria mais tranquila, porque eu não acredito em maternidade cor de arco-íris. Na gestação e nos primeiros meses, se não nos cuidarmos, esse período pode nos levar a loucura! Falo por experiencia própria. A dança me ajudou muito. Me ajudou a me centrar, focar, ficar mais tranquila e oferecer o meu melhor à minha filha. Isso não tem preço!” Suzana Zotareli Kahler, 43 anos, advogada. Mãe da Clara, 12 anos

 

Para consultora de estilo Carol, a dança ajuda a se expressar e a perder a vergonha de falar em público, de estar num palco, em evidência, o que é necessário em seu trabalho também (foto: arquivo pessoal)

“Comecei a dançar quando era criança, mas parei quando entrei na faculdade de direito – profissão que eu deixaria mais tarde para me tornar consultora de estilo. Só consegui engatar de novo a dança como um hábito de verdade em 2016, quando minha caçula fez 3 meses e eu precisava voltar a fazer exercícios. Foi quando entendi que a dança é o meu exercício mental e físico. Não adianta eu me matricular na melhor academia de São Paulo, eu simplesmente vou gastar dinheiro à toa. 

Hoje danço videodance e videodance heels, mas ainda tenho muitas saudades das aulas de ballet, da técnica. Apesar de não ser uma pessoa noturna, consegui encaixar duas aulas semanais às nove da noite. Nesse horário, meu marido já está em casa e as crianças já estão indo para a cama. Isso facilita. Penso que esse é o meu jeito de me exercitar, de cuidar da minha saúde física e mental e de socializar com pessoas de vidas e idades muito diferentes da minha. Sou a mais velha da turma e me divirto muito com o título e com meus colegas bem mais jovens. Fora isso, amo a rotina de final de ano de ensaios para o espetáculo e foco sempre nesse objetivo final. Estar numa escola também que não me cobra pesar 50 quilos nem ter o melhor alongamento do mundo também ajuda. Essa sensação de inclusão e pertencimento que eu sinto onde eu faço aulas é maravilhoso e super motivador! A dança me ajuda a me expressar e a perder a vergonha de falar em público, de estar num palco, em evidência. Minha profissão exige muito isso de mim e apesar de eu não ser uma pessoa tímida, sinto que esse é um dos benefícios colaterais de encarnar um personagem. Eventualmente, preciso dançar um ritmo ou até uma música que não gosto tanto e isso também me ajuda a relativizar algumas coisas como empreendedora. Fora que eu me divirto muito e isso acaba deixando o meu dia sempre muito melhor e mais leve!” Carol Caliman, 37 anos, consultora de estilo. Mãe do Rafael, 4, e da Marina, 2

 

 

Cristiane dança com o marido em casa, depois de colocar as crianças na cama. Para ela, tem sido uma forma de se conhecer melhor, ser uma mãe mais paciente, uma pessoa mais compreensiva (foto: arquivo pessoal)

 

“A dança me ajudou a entender melhor meu corpo, a aceitar meus limites, melhorar minha postura e a qualidade dos meus movimentos no dia-a-dia. Também me fez conhecer pessoas incríveis, inspiradoras. Entre elas meu marido, que é professor de dança de salão. Danço há 20 anos – já fiz de tudo: zouk, dança movimento consciente, pole dance, dança contemporânea, dança de salão – só parei totalmente de dançar nas duas gestações, que por alguns problemas precisei restringir atividades físicas. Depois dos filhos também ficou mais difícil continuar fazendo aulas. Hoje, pelos horários, distância e logística estou afastada das aulas regulares, tenho tentado fazer aulas mais pontuais, como alguns cursos intensivos quando possível. 

Como a dança a dois é o que mais me traz mais prazer e tenho um marido que dança, o que fazemos é de vez quando sair para dançar (os meninos ficam com os avós). Há algumas semanas consegui colocar mais dança na minha rotina, em casa mesmo. Com os meninos já dormindo, eu e meu marido colocamos música e a gente passa um tempinho juntos, dançando. E esses minutos fazem um bem enorme! Hoje mais do que nunca entendi que a dança para mim é mais do que diversão ou atividade física, é uma das coisas que mais amo fazer. Tem sido uma forma de me conhecer melhor, de ser uma mãe mais paciente, uma pessoa mais compreensiva, me ajuda a me conectar comigo mesma e com meu marido e sem dúvida torna minha vida muito mais leve e feliz! Cristiane Musolino Rocha, 37 anos, Confeiteira. Mãe do Luca, 7,  e do Theo, 2

 

Para Amanda, a Dança Materna resgata sua essência e faz com que se sinta mulher de novo (foto: arquivo pessoal)

“A vida muda muito com a maternidade e, sinceramente, algumas vezes me vejo perdida entre a mulher que eu era antes e a que me tornei depois de mãe. A dança ajuda a resgatar um pouco da minha essência e me faz me sentir mulher de novo, e não “só” mãe. De uma forma linda, a dança também ajudou a desenvolver o meu vínculo com minha filha. Ela  me acalma quando é preciso e anima sempre. Recentemente, depois da chegada da minha bebê, me dedico à Dança Materna me tornei professora de dança.

Como sou mãe solo, minha maior dificuldade é conseguir um tempo para sair sozinha. Confesso que muitas vezes não quero mesmo sair, quero curtir com ela, então acabo optando por lugares onde eu possa levá-la e que toque uma música gostosa para ouvirmos. Como tenho um círculo grande de amigos que dançam, independentemente do lugar, sempre acaba rolando uma dancinha!

Quando bate aquela saudade de curtir um baile ou um show de forró (meu ritmo preferido), recorro à minha rede de apoio, que é fundamental para qualquer mãe. Dançando me sinto viva! Trabalho o corpo e a mente de uma forma leve, agradável, divertida… A dança tem um poder muito mágico pra mim. Ela transforma meu humor, afasta as energias ruins, esqueço até o cansaço.”Amanda Mota Andrade Marques, professora de dança de salão e da dança materna. Mãe da Alice de 1 ano e 2 meses

 

Priscilla começou a dançar na sala de casa registrar esse momento no Instagram. A dança aumentou sua energia, resgatou seu humor, a libido e inspirou um novo caminho profissional (foto: arquivo pessoal)

“Sabe, esse momento da maternidade em que os filhos já cresceram um pouco e você sente falta de si mesma? Eu não me encontrava mais na minha profissão – sou publicitária – nada fazia mais sentido, e queria descobrir quem era aquela terceira pessoa, a Pri que precisava juntar um pouco do que era antes de ser mãe junto com a maternidade. Eu estava num processo de coaching e percebi o quanto sentia falta da dança. Eu sou ex-bailarina e a dança sempre foi a minha maior forma de expressão. Como não tinha condições de fazer aulas, por conta do pequeno, decidi que dançaria nas condições que eu tinha: na sala da minha casa, nem que fosse sem música mesmo, pra não acordá-lo.
Decidi registrar, despretensiosamente, no perfil do Instagram @dancandonasala. No fim das contas, isso foi me transformando em vários sentidos! Aumentou minha energia, me deixou mais feliz, resgatou meu humor e até minha libido. Eu fui me reencontrando, e o canal foi crescendo, tomando corpo. Redescobri o meu amor pelo desenvolvimento humano e por treinamentos. Hoje, estou começando a usar essa história que foi tão transformadora pra mim para ajudar outras mulheres a se reencontrarem no pós-maternidade. Montei encontros e workshops, nos quais diversas ferramentas para isso, inclusive a dança, claro!” Priscilla Pires, 40, anos, treinadora comportamental, coach em formação publicitária e bailarina. Mãe do João Pedro, 3 
 
 
 
 Depois de muito tempo sem dançar, empresária Edisângela se matriculou na aula de zumba. Para ela, é o momento de aliviar a ansiedade, se desconectar de tanta responsabilidade e focar em si mesma (foto: arquivo pessoal)
 

“A dança sempre foi uma terapia pra mim. Como nasci em Pernambuco, participava de grupos de danças folclóricas, como maracatu, pastoril, frevo. Participava de gincanas, além das quadrilhas nas festas juninas que amava de paixão. Depois do casamento, responsabilidades aumentando e a maternidade, o único momento em que dançava era na hora de colocar o meu filho pra dormir. Botava uma música e ia embalando ele no colo…

A maternidade, o excesso de responsabilidade e a ansiedade chegaram a me tirar um pouco da motivação que sempre tive para dançar, mas tenho consciência de que  a dança sempre me fez melhor e mais disposta até para encarar todos os desafios de ser mãe, profissional. Por isso, voltei. Faço zumba duas vezes por semana. Nem sempre consigo ir devido aos meus horários de trabalho. Mas sempre que posso, estou lá me movimentando, me desligando um pouco de toda a responsabilidade e me conectando comigo mesma. A dança, a música são uma espécie de pílula da felicidade pra mim. Não há tristeza que permaneça num corpo que dança, que se movimenta ao som de um bom ritmo. Parece uma mágica. Quero ser aquela velhinha que arrasa nas pistas de dança ou na sala da minha casa com meu neto (ou bisneto) no colo.” Edisângela Rodrigues Lins de Lima, 41 anos, empresária de transportes de cargas. Mãe de Gabriel, 13

 

  • Daniela Folloni

    Jornalista, mãe de Isabela e Felipe, trabalhou nas revistas Vogue, Cosmopolitan e Claudia. Acredita que toda mãe merece sucesso, diversão, romance e oito horas de sono

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