Viajar a dois é possível (e necessário)

Cena da viagem da última viagem: a vista do restaurante Balances, em Lucerna, Suíça. Programa delicioso, romântico e nada baby friendly (foto: Dani Folloni)
Todos os anos, meu marido e eu programamos uma viagem de férias. Só nossa. Fazemos isso desde que namoramos. Quando vieram nossos filhotes, achamos que não deveríamos perder o costume. Claro que a vida mudou muito. Depois das crianças, a viagem a dois nunca mais foi totalmente desencanada.
Certa vez, ouvi uma mãe dizer que, quando a gente tem filhos, nunca mais consegue bater a porta e ir por inteira. Um pedaço sempre fica para trás. E é assim mesmo que eu me sinto quando pego as malas e vou para o aeroporto. O coração aperta. Sempre. Dá medo de acontecer alguma coisa comigo ou com eles. E seria estranho se não fosse assim. Mas então, quando estou e, outro aperto, o da classe econômica, e ouço um chorinho vindo de algum lugar do avião, e sei que desta vez não é do meu filho, começo a pensar no lado bom de ter uns dias no ano dedicados a simplesmente cuidar de mim.
Dar esse tempo, é importante para a vida a dois (em toooodos os sentidos) e para zerar o stress. Férias sem crianças também colocam um pause na enoorme lista de tarefas da vida de mãe – o que é maravilhoso para a sanidade mental. rsrsrs Mesmo sem desligar dos filhotes e falar com eles no Skype quase todos os dias (o que ajuda a matar a saudade e mostrar aos pequenos que você não sumiu e vai voltar), você desencana de fraldas, de horários… e acaba resgatando alguns prazeres que todo mundo merece ter: almoçar e jantar o que (e quando) quiser, dormir até a hora que o olho tiver vontade de abrir, ler um livro sem interrupções, beber vinho numa boa, bater perna por aí (sem precisar empurrar carrinho).
Para que esse projeto dê certo, é preciso se preparar (e contar com uma rede de apoio):
– Em primeiro lugar, você e seu marido devem estar de comum acordo, certos de que férias a dois são importantes e necessárias. Se um dos dois for viajar sem vontade, preocupado além da conta, será desperdício de tempo, energia e dinheiro.
– As crianças precisam ficar bem. E felizes. Acho essencial ficar com alguém da família, como avós ou tios. E não basta a criança gostar da vovó ou da titia. Já deve ter passado fins de semana inteiros na casa dela, vivenciado a rotina e sentindo aquele gostinho de quero mais. Sim, fazer um test-drive (ou vários) é importantíssimo.
– Deixar uma estrutura de apoio para quem vai ficar com seu filho. Babá (se for o caso, pague um extra e peça para ela ficar nos fins de semana também) é essencial, pois ela vai ajudar a manter os hábitos que a criança tem casa. Não esquece de mandar fraldas, remédios, telefone do pediatra… etc
– Explicar para a criança o motivo da viagem (mesmo que ela seja um bebê): “Mamãe e papai vão fazer uma viagem de adulto e vão voltar daqui a X dias. Você vai ficar na casa da XXXX e vai ficar tudo bem”. Sem mentir, nem sofrer. Mostrar que a vida é composta de vários momentos ajuda a criança a se sentir segura. Nem pense em sair escondida!
– Sim, as crianças vão sentir saudade, mas aprender a lidar com esse sentimento é mais um aprendizado.
– Sentir o seu filho: só você, como mãe, sabe se o seu filho está preparado para ficar longe de você e do seu marido. Siga o seu coração de mãe. Só não caia naquela cilada de achar de que só você é capaz de cuidar bem do seu filho, que ele não vai viver sem você. Aliás, se você tiver essa crença, o melhor é mudar seus padrões de pensamento e suas atitudes antes de programar uma viagem sem ele.
Beijos
Dani
PS: Mais algumas fotos da viagem:

De bike, em Munique, Alemanha: pedalar, pedalar, pedalar, sem se preocupar com a hora de voltar (foto: Dani Folloni)

Quando eu digo: "comer o que quiser e quando quiser", quero dizer "poder almoçar vinho com queijo e salame às três da tarde no alto de uma montanha" (foto: Dani Folloni)