Socorro, meu filho virou pré-adolescente!
Mau humor e introspecção são normais na pré-adolescência, seja paciente (Foto: Freeimages)
De repente, aquela criança dócil começou a reclamar de tudo e você deixou de ser o ídolo dele? Seu bebê cresceu, até demais! E agora talvez você tenha um pré-adolescente em casa. Normalmente, essa fase se inicia por volta dos 9 anos e perdura até os 12. É um período de transição, fisiológica, comportamental e emocional, em que as mudanças hormonais se iniciam e a identificação com o grupo passa a ter mais importância. Por isso, a criança sente maior necessidade de conhecer e entender novos valores, diferente dos da família, ainda que as características infantis e lúdicas esteja tão presentes.
As mudanças são inúmeras! O corpo começa a trazer curiosidade, há novas sensações e percepções. A voz, os pelos, o crescimento, as vontades, os gestos… passam para um outro nível. Muitas vezes, os brinquedos, até então, usuais, são esquecidos. Nesse período, o pré-adolescente não reconhece mais o lugar que ele ocupa com exatidão, tanto física quanto social e emocionalmente. Está, aos poucos, começando a fazer o luto dos pais da infância, o luto do corpo infantil e o luto do papel de ser criança. Ora pende para características comportamentais mais adultas, ora para mais infantis: oscila entre querer ser tratado como criança ou como maior, com mais responsabilidades. É um tanto quanto confuso para todos envolvidos, sabemos, principalmente porque nossa sociedade oferece poucos rituais de passagem que ajudam a organizar psiquicamente estas mudanças de fases.
Também é possível perceber um conflito relação à autonomia e à aceitação (ou não!) da autoridade dos pais, num início de busca por uma identidade. Nessa fase de desafios, confusões e descobertas, alguns podem demonstrar mau humor, agressividade e introspecção, é normal! O resultado pode enlouquecer os pais: o filho começa a ficar mais com os amigos e na escola, desrespeita combinados, torna-se grande argumentador e até mesmo respondão… O que também pode ocorrer a partir de agora é a experimentação, seja de roupas, músicas, esportes e outros hobbys, com o intuito de encontrar novos saberes e algo que ofereça sentimento de pertencimento, já que nesse momento ele não sabe direito se é criança ou adolescente. Se você está passando por isso ou vai passar em breve, veja como agir:
- Não existe um manual infelizmente! Todo ser humano é único e cada processo é pessoal. Cuidado com as generalizações;
- Tenha paciência e escute muito, mas também ofereça os limites sobre as regras e os combinados de sua família;
- Lembre-se de sua própria adolescência. A que viveu e/ou a que gostaria de ter vivido. Quando couber e achar necessário, pode contar e compartilhar esses momentos com a criança.
- Invista sempre em um diálogo aberto e honesto. Converse com ele sobre esse momento e as mudanças que ele está vivendo, mostrando-se disponível para sanar dúvidas e problemas pessoais;
- Conheça os colegas e amigos do seu filho. Além disso, permita que ao menos os mais próximos frequentem a sua casa. É importante tomar conhecimento da vida social dele, porém respeitando o espaço, a individualidade e a privacidade de cada um;
- Interesse-se pelos novos gostos de seu filho, em vez de apenas criticar ou julgar. Não custa tentar, vai!