Quando devo levar meu filho ao psicólogo?
A hesitação se dá porque, culturalmente, ainda há tabu em torno da ajuda psicológica (Foto: CrayonStock)
Se você clicou nessa matéria, é possível que esteja com dúvidas, ou já tenha tido, sobre como lidar com alguma situação ou comportamento do seu filho, e se seria o caso de levá-lo a um psicólogo. Ainda que a vontade seja ter alguma orientação especializada, ao mesmo tempo parece sério ou exagerado demais, certo? Essa hesitação se dá porque, culturalmente, há um certo tabu em torno da ajuda psicológica. É como se precisar do psicólogo significasse ser meio louco ou problemático. No caso das crianças, é também como se tivéssemos falhado, como pais, ao lidar com determinado problema ou característica do filho. Dá uma baita insegurança. A psicóloga clínica Vera Zimmermann, coordenadora do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Unifesp, desmistifica o trabalho do profissional de psicologia com crianças: “não pense que buscar ajuda psicológica seja o mesmo que colocar os pequenos na terapia. Na grande maioria das vezes, algumas poucas conversas são suficientes para os pais enxergarem a situação de outra maneira e fazer as mudanças necessárias”. Aqui, ela nos ajuda a identificar os momentos em que levar a criança ao psicólogo pode ser proveitoso. E dá uma dica: para evitar traumas e problemas crônicos, quanto antes, melhor.
Vocês estão angustiados
O primeiro indício de que uma ajuda psicológica seria útil é quando os pais estão com dúvidas ou angustiados a respeito de alguma situação nova ou mudança no comportamento do filho. Imagine uma criança entre 2 e 3 anos que está excessivamente agressiva e mandona. Na maior parte dos casos, essa é uma crise normal do desenvolvimento da criança. “Mas como esses pais estão lidando com isso – ou não estão lidando? Perdem as estribeiras? Não conseguem exercer autoridade?”, questiona a especialista. Nessa situação, a mudança de comportamento pode ser sintoma de algo mais, que vale ser investigado.
Vocês não sabem como agir
Situações extraordinárias, como a morte de um ente querido ou o divórcio, são um desafio para os pais. Se há muita dúvida sobre a melhor maneira de lidar com o fato, um psicólogo pode ajudar a, por exemplo, separar os sentimentos negativos envolvidos na separação, como o distanciamento do papel de casal da função de pais, antes mesmo da mudança gerar sintomas na criança.
O bebê apresenta sintomas diferentes
Seu filho passou a não dormir ou comer direito, tornou-se mais irritadiço ou quieto e você sabe que tem algo o incomodando. Esses podem ser sinais de sofrimento e uma ajuda profissional seria útil para identificar o problema. “Principalmente na primeira infância, até os 3 anos, os sinais de sofrimento aparecem no corpo (já que a criança ainda não sabe falar direito)”, explica Vera.
A criança mudou
Agressividade, agitação excessiva, dificuldades de relacionamento. Quando os pais não conseguem entender as transformações repentinas na personalidade ou conduta dos filhos, ou mesmo não enxergam como intervir, um aconselhamento psicológico seria importante.
E quando NÃO levar…
Embora o aconselhamento com um profissional possa ser proveitoso, ele não é sempre necessário, claro. “Se a criança está brincando normalmente, come e dorme bem e se relaciona com amigos e familiares, é possível que as alterações que você percebeu sejam apenas questões evolutivas que ela superará sozinha”, conclui a psicóloga.