Qual a melhor hora para ter o segundo filho?
O mais importante é refletir se o desejo de aumentar a família é mesmo do casal ou apenas por causa da cobrança social (Foto: 123RF)
Estou naquela fase da vida quando se fala muito do segundo filho, como meu filho está para completar 2 anos. A maior parte das minhas amigas já tiveram bebê, algumas decidiram parar por aí, mas a maioria se encontra nesse momento decidindo internamente qual será o melhor momento para encomendar o próximo. Digo internamente agora porque, as pessoas ao redor já perguntam pelo próximo assim que mal nasce o primeiro, certo?
Acontece que ter o segundo filho, assim como o primeiro, é uma grande decisão e envolve vários aspectos diferentes da vida. Conversando com mulheres que já tiveram seus segundos e até terceiros filhos, e com as que estão avaliando a possibilidade, cheguei a uma lista de alguns situações importantes que podem nortear uma decisão. Mas essa é uma decisão, como quase todas relacionadas à maternidade, que só você pode tomar, com base no seu coração e na sua própria realidade. Boa sorte!
Quer mesmo?
Ok, o texto é sobre o segundo filho e talvez a gente já pudesse pular esse questionamento. Mas será? A psicóloga Vanessa Abdo Benaderet insiste na reflexão. “O mais importante ao tomar a decisão de ter um filho, seja ele o primeiro, segundo ou terceiro, é se o próprio casal quer isso ou se é mais uma convenção, uma espécie de dívida com a sociedade. Ter irmão não é uma obrigatoriedade. Cada vez menos as pessoas terão irmãos. É preciso refletir sobre o desejo individual de cada um.”
Os seus sonhos
Você sempre imaginou a sua casa cheia de filhos? Dois é o número ideal na sua cabeça? Ou um está de bom tamanho? A configuração que você deseja para sua família é possivelmente um dos fatores que mais influenciam nessa decisão. Foi o que levou a própria Vanessa, hoje mãe de Laura, 4, e Rafael, 2, a tentar a segunda gravidez tão logo a primogênita fez um ano. “Eu queria criar os dois juntos. Era um planejamento meu desde antes da primeira gravidez e foi muito legal ter feito assim. Bom, eu digo isso agora que o mais novo tem quase 3 anos. Pois é quase como se eu tivesse sobrevivido. Sabe?”, conta a mãe. Ela acredita que, passada essa fase inicial de muitas demandas, foi válido optar por ter filhos com pouca diferença de idade. Mas é claro que essa percepção e vontade podem variar de família para família.
A maneira como a maternidade lhe impactou
“Senti muita falta da minha vida”, conta a professora Silvia Zebini, 39 anos, quando teve a primeira filha, Maria, há 7 anos. “Parei de trabalhar nos primeiros 10 meses de vida dela e depois retomei apenas meio período. Queria estar presente para ela em todos os desafios dessa primeira infância, que são tão importantes. Mas, para isso, tive que abrir mão de muita coisa: sempre gostei muito de trabalhar, de estudar, saia muito. Então, na minha cabeça não dava para ter outro filho antes de retomar um pouco dessa minha vida”, conta. Silvia agora tem também Manuela, de 2 meses. Para ela, esse tempo entre uma gestação e outra foi ótimo porque quando engravidou de novo, já estava com muita vontade de ter outro bebê e abrir mão não foi mais tão difícil.
A tal da fertilidade
Pensei em chamar esse tópico também de “O cruel prazo de validade da mulher”, que é como já escutei algumas pessoas se referindo à nossa dura realidade: podemos ter filhos apenas até uma certa idade, e o passar do tempo implica em riscos cada vez maiores para mãe e bebê. Sim, ainda bem que hoje em dia há muitos recursos para ajudar quem decide engravidar mais tarde. Mas, infelizmente, não dá para esperar até os 50 ou 60, como acontece com alguns homens. E os riscos são um fato que não dá para ignorar. Portanto, se você já passou dos 35 anos, que é quando cai bruscamente a curva da fertilidade da mulher e começam a crescer os riscos de alterações cromossômicas nos bebês, é provável que precise acelerar um pouco o processo.
O momento profissional da mãe
Pensando em preservar a vida profissional da mãe, que inevitavelmente sofre um pouco (ou muito), o pensamento instintivo é dar um bom espaço de tempo entre as gestações. Mas depende das circunstâncias da vida de cada uma. Conversando com uma amiga que pediu demissão ao perceber que não conseguiria voltar da licença-maternidade em paz, vi um jeito diferente de enxergar essa escolha – ela está no maior dilema nesse assunto e pediu para não ser identificada. Atualmente, está cogitando “emendar” um bebê no outro para depois retomar a vida profissional de uma vez e com todo gás. Faz sentido: quando o bebê já tem pouco mais de um ano, a vontade (e possibilidade) de voltar ao trabalho é grande. Mas como enfrentar entrevistas de emprego sabendo que planeja engravidar (e talvez pedir demissão) em pouco tempo? Pra pensar!
A situação financeira do casal
Claro, nem só de sonhos e desejos se baseia uma decisão tão importante. Dívidas grandes, desemprego e/ou outras situações de força maior são uma boa justificativa para adiar a segunda gravidez. Mas fico pensando naquela vontade de estar melhor de vida para ter outro filho e se vale mesmo a pena esperar. Afinal, sempre pode melhorar, não? Dizem que onde comem três, comem quatro, ainda assim, vale uma reflexão individual sobre vontade x necessidade. Ou se a decisão irá representar dificuldade financeira ou um padrão de vida mais modesto. Quando engravidei do meu filho, uma pessoa muito querida disse que junto com o bebê parece que os anjinhos mandam sempre um saco de dinheiro, porque no fim tudo dá certo. Pelo menos, eu espero que sim. Para mim e para você.