Quer ser uma mãe melhor? Confie em si mesma


Maria Carolina Signorelli
por: Maria Carolina Signorelli
Psicóloga de crianças e adolescentes

Os filhos aprendem mais com o que a gente é do que com o que a gente fala (Foto: CrayonStock)

No mês das mães, eu não podia deixar de dedicar minha coluna a elas. Aliás, a nós! Como mãe de dois, escolhi escrever este texto não como psicóloga, mas como alguém de carne e osso, que vive no dia-a-dia os dilemas da vida contemporânea.

Quando penso em maternidade, sempre me vem à cabeça a palavra “desafio”. Já faz quase 11 anos que eu sinto na pele as dores e delícias de ser mãe. E muitas vezes me pego pensando no quanto ainda me sinto “novata” neste papel e nas inúmeras ansiedades que atravessam o meu caminho! Confesso que sou um bocado inquieta e coloco minha energia em diversas atividades. Amo meu trabalho, nunca me canso de estudar, adoro correr e raramente abro mão de almoçar com meus filhos e acompanhá-los nas atividades que fazem depois da escola. Não sei como dou conta. Aliás, muitas vezes não dou, mesmo tendo a sorte de poder recorrer à minha querida mãe para me salvar! Conciliar maternidade e carreira foi uma escolha que eu pude e desejei fazer. Fácil não é! Bancar ser alguém que vai de encontro a outros desejos que estão além da maternidade tem um preço. Porém tentar equilibrar as coisas desta forma tem feito sentido para mim. É assim que eu me sinto inteira, autêntica, feliz. Mas esta sou eu. E mesmo estando certa de que viver desta forma é coerente para mim, a insegurança atravessa o meu caminho quase que diariamente. Há poucos dias, enquanto eu estava no trânsito, já me culpando por estar atrasada para buscar minha filha no ballet, tive o seguinte insight: o que será que as mães de hoje consideram mais desafiador na tarefa de ser mãe na atualidade? Eu me peguei pensando nas mães que eu conheço e convivo e não apenas nas mães que vem ao meu consultório. Foi então que eu decidi soltar esta pergunta no Whatsapp. Encaminhei a pergunta para o grupo das mães da escola, o grupo das mães do clube, o grupo das mulheres da família e para algumas amigas que também são mães. Prontamente, surgiu uma enxurrada de desabafos e depoimentos pessoais.

Seguem alguns deles:

“Me preocupa muito a rapidez com que nossos filhos tem acesso à informação. É um grande desafio nos mantermos atentas, orientando-os a respeito do que é certo e errado. ”

“Ao ser mãe, esposa, profissional, filha e amiga, me sinto uma equilibrista, esforçando-me para que as bolas fiquem no ar.”

“Administrar o tempo entre as tarefas da maternidade, da vida puxada no trabalho, na casa e nos desafios da cidade grande não é nada fácil!”

“Acho um grande desafio encontrar o ponto de equilíbrio entre educar com amor e autoridade!”

“É muito difícil equilibrar a proteção e os cuidados no processo de soltá-los no mundo.”

“Transmitir valores num mundo tão desumano é um desafio e tanto!”

“Meu maior desafio é ser mãe em tempo integral. Não é fácil ter que dar satisfação para as pessoas e também para mim, sobre ter parado a vida profissional em função dos filhos!”

“O maior desafio é lidarmos com a cobrança de sermos boas em tudo. Todos se esquecem que somos humanas e erramos, sim!”

Eu me identifiquei com quase todas as questões que estas mães trouxeram. E estes foram só alguns dos depoimentos que recebi! Fiquei pensando numa forma de alinhavar tantas inquietações e acho que de certa forma, todas falam do desafio de sermos confiantes, espontâneas e criativas. O que chamo de criatividade a possibilidade de abrirmos espaço para inventarmos a maternidade à nossa maneira, sem perdermos a nossa marca pessoal.

Enquanto a gente fica se perguntando o que deveria fazer, a gente esquece de abrir espaço para fazer o que podemos e o que somos capazes de fazer. A gente devia aprender a dialogar mais e pensar junto com a escola, com o pediatra e com os especialistas a quem recorremos. A gente não devia delegar a eles certos cuidados dos nossos filhos. Eu vejo isto acontecendo muito, não por falta de comprometimento das mães, e sim por falta de confiança na capacidade de construir junto com estas pessoas o que funciona para os nossos filhos. A tarefa é descobrir caminhos possíveis e não soluções mágicas.

A gente glamouriza muito a maternidade, como se ela fosse, por si mesma, motivo de orgulho. É claro que nos orgulhamos e muito dos nossos filhos! Mas você concorda que o que nos preenche mesmo é vê-los crescendo, amadurecendo, tonando-se o que têm talento para ser? Oferecer condições para que eles alcem voos dentro daquilo que querem e podem se tornar. Esta é uma missão que exige boas doses de responsabilidade, sensibilidade e coragem, eu sei. Antes de mais nada, a temos de confiar mais na nossa capacidade de discernir o que realmente tem valor para nós, o que nos agrega, o que nos preenche – dentro e fora da maternidade. Estas respostas não podem ser encontradas nos livros. É sempre bom lembrar que os filhos aprendem muito mais com o que a gente é do que com o que a gente fala. Para encontrar esta coerência, se você me permite, eu te faço a seguinte sugestão: não se prenda aos padrões rígidos que tem nos rodeado e nem se cobre dar satisfações para o mundo. Satisfaça a si mesma. Busque um sentido próprio neste papel pessoal e intransferível que é ser mãe. Acredite, quanto mais a gente conhece de si, melhor mãe a gente é capaz de ser. Por isso, neste dia das mães, celebre a sua individualidade!

Um beijo!

  • Maria Carolina Signorelli

    Psicóloga e mãe de Gabriela e Fernando. Ou vice-versa! Atende crianças e adolescentes no consultório e é expert em orientar os pais em seus dilemas

Data da postagem: 11 de maio de 2017

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