O que fazer quando seu filho briga, bate, fica nervoso…


Maria Carolina Signorelli
por: Maria Carolina Signorelli
Psicóloga de crianças e adolescentes
Imagem do livro Quando me Sinto Irritado, de Tracey Moroney. Uma dica de leitura para as crianças aprenderem a lidar melhor com a raiva (foto: reprodução)

Queixas sobre manifestações de agressividade de crianças chegam frequentemente aqui no meu consultório. Mães, pais, avós, professores e também babás. Não há como escrever um “milagroso guia prático de como domar sua ferinha”! Mas é possível (e necessário) tomar algumas atitudes que ajudem a criança a aprender a lidar com seus sentimentos de raiva, irritação e frustração. Quero dividir com vocês duas dúvidas que muitos pais me trazem e o que costumo dizer a eles.

1)    “Meu filho de 2 anos e meio tem me chamado de “bobona” em muitos momentos, especialmente quando se sente contrariado. Eu coloco ele de castigo, para pensar no que disse, mas não acho que dá muito resultado. O que fazer?”

Nessa idade, as crianças começam a testar o adulto, pois já se sentem mais autônomas, mas ainda são bastante autocentradas e, na grande maioria das vezes, desejam fazer somente o que tem vontade. Para seu filho, entender o significado do “castigo” ainda é algo muito complexo. Mesmo porque, 2 minutos depois, ele provavelmente já esqueceu o que disse. É possível que ele ainda não saiba exatamente o significado da palavra “bobona”. Assim, uma ação mais eficaz seria, no momento em que ele “xingar”, explicar de maneira acolhedora, mas com firmeza, que “bobona” não é uma palavra “legal”, que podemos chamar as pessoas de “lindona”, “amigona”, mas “bobona não é legal”. Se você perceber que ele insiste em usar o xingamento, apesar da explicação, você pode dizer que ele “não está sendo legal”. Mas nunca use expressões do tipo: “Você é feio”.

2)    Meu filho de 5 anos é bastante enérgico e, apesar de saber que não pode bater nos outros, desafia constantemente os adultos e bate nos colegas. O que fazer?”

Frente a um comportamento agressivo da criança, deve-se sempre repreender a atitude e reafirmar, quantas vezes forem necessárias, que bater não é uma forma adequada de resolver os conflitos. Aliás, mais do que isto, a agressão nunca é solução. Muitas vezes, é importante que o adulto sinalize dizendo: “entendo que você está irritado, com raiva, mas não vai conseguir resolver dessa maneira”. Tenha paciência e estimule o “pensar sobre”, dando espaço para que ele fale sobre o que o incomoda. Esta certamente não é uma tarefa fácil para ele, mas incentive que ele  converse e traga uma solução através do diálogo. Uma medida interessante com crianças mais enérgicas é colocá-las em atividades físicas específicas. As “lutas” (karatê, judô, taekwondo) e os esportes competitivos de modo geral, permitem um confronto saudável, onde as regras dão contorno aos impulsos agressivos. Possibilitam ainda, a percepção dos próprios limites, além do respeito a si mesmo e ao próximo.

Nunca é demais lembrar que amor e ódio constituem os dois principais sentimentos a partir dos quais se constroem as relações humanas.  A raiva é um sentimento que nasce com a gente. É inevitável em inúmeras situações. Não tem como não senti-la, mas é possível aprender a lidar com ela. Esse aprendizado vem com o amadurecimento. É papel do adulto  ajudar a criança a encontrar as soluções para seus conflitos. Aos poucos, ela será capaz de construir sozinha as “ferramentas” necessárias para lidar com suas emoções.

Um beijo e até a próxima!

Carol

Quer resolver alguma questão sobre o a educação do seu filho? Mande um e-mail para mim: carol.signorelli@uol.com.br

  • Maria Carolina Signorelli

    Psicóloga e mãe de Gabriela e Fernando. Ou vice-versa! Atende crianças e adolescentes no consultório e é expert em orientar os pais em seus dilemas

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