O que as crianças precisam fazer nas férias
O período de férias não é obrigatoriamente hora de aprender algo ou fazer um programa especial (foto: freeimages)
Independentemente de você ficar em casa ou trabalhar fora, ou da quantidade de trabalho e de obrigações que tenha, as crianças vão precisar de ainda mais cuidados e atenção nas férias. Pois todo o esquema armado pelos pais de crianças em idade escolar vai por água abaixo, tornando-se preciso fazer novos arranjos. Quando não tem viagem programada – ou no período pré e pós viagem – começa, então, uma corrida por programas, cursos, atividades e viagens para dar conta da agenda subitamente vazia. Mas espera um pouco. Férias não são para descansar?
Sim, é o que explica a psicóloga e pedagoga Clarice Kunsch, cuja tese de mestrado disserta justamente sobre a relação entre consumo, agendas lotadas e tédio nas crianças. “Elas precisam aproveitar as férias para relaxar e brincar muito. O período tem de ser pensado com menos pretensão. Não é hora de necessariamente de aprender alguma coisa específica ou fazer um programa tão especial”, continua. Até porque esse intervalo de rotina mais tranquila e brincadeiras não direcionadas é essencial para assimilar todo o aprendizado do ano que se passou e estimular a criatividade, acrescenta a psicóloga especializada em família Vanessa Abdo Benaderet. E veja, não faz muito tempo, as férias não eram sinônimo de dois ou três meses se divertindo no quintal, no playground, na casa da avó, na praia, onde desse? Pense nisso!
Encontrando o equilíbrio
A psicóloga Vanessa, que é mãe de Laura, 4, e Rafael, 2, garante: apenas quinze minutos são suficientes para pensar nas atividades dos filhos para aquele dia – que não devem ter propósito educativo e nem precisam ser programas especiais exatamente. Ela conta que costuma planejar caças ao tesouro e festas de bonecos para seus filhos, por exemplo. Mas só dê a ideia e os recursos, depois é com eles! Assim os filhos ficam entretidos em casa mesmo, na maior parte do tempo, sem precisar realizar uma maratona “produtiva” (cursos direcionados) e consumista (cinema, sorvete, parque temático) pela cidade. E quem não pode mantê-los em casa? “A dica é procurar atividades mais leves”, aconselha Clarice. “Em São Paulo, por exemplo, há espaços que priorizam o brincar e que podem ser opções mais tranquilas e divertidas.”
Se por um lado não ter de fazer nada é importante, por outro, claro que o excesso de ócio todo também cansa. “Deixe uma criança deitada no sofá vendo televisão e verá que depois de um tempo ela estará irritada. Criança descansa de um jeito diferente do que os adultos. Para elas, o relaxamento vem de sair da rotina e fazer atividades espontâneas”, explica Vanessa. Sendo assim, cada família deve buscar o seu equilíbrio, do seu jeito. Lembrando sempre que, apesar da ansiedade dos adultos em entreter as crianças, não precisa ser assim. Todos podem – e devem! – improvisar e sair um pouco da rotina. “É tempo de explorar brinquedos esquecidos, encontrar amigos que moram próximo, visitar parentes, ficar à toa e sem correrias, dormir mais tarde, brincar em áreas comuns do lugar onde moram ou em clubes”, acrescenta Clarisse. Vamos tentar?