O que as mães querem… nas empresas?


Daniela Folloni
por: Daniela Folloni
Jornalista fundadora e diretora de conteúdo do Portal It Mãe

Escrevi este artigo para o CBTD, o maior Congresso de Treinamento da América Latina que aconteceu no fim de novembro de 2012 e do qual participei como palestrante. O tema da minha palestra: Filhos, motor do seu sucesso. 

 

“Mulher é o ‘país’ mais forte em termos de dinheiro. Elas criarão 25 anos nos próximos 10 [anos]”. Essa frase foi dita por Muhtar Kent, presidente mundial da Coca-Cola no “Women’s Forum for the Economy & Society -Building the future with women’s vision”. A afirmação do poderoso CEO nada mais é do que um resumo do avanço das conquistas femininas e da importância das mulheres no mercado atual. O estudo Conte com Elas, realizado pela Editora Abril e Movimento Habla, mostra também que as mulheres estão cada vez mais capazes de assumir altos postos e têm se preparado mais que os homens para isso: compõem 60% da população graduada e 51% dos pós-graduados no Brasil. É fato: as empresas precisam (e precisarão cada vez mais) da força feminina e de seu talento, de sua capacidade de liderar equipes com flexibilidade e de gerar riqueza… E as mulheres não têm mais dúvidas de que podem chegar lá. Estamos vivendo uma era pós-revolução feminista em que já está mais do que claro que elas têm condições de bancar qualquer desafio, de assumir cargos que requerem extrema competência – hoje temos uma “presidenta” no comando da nação brasileira.

No entanto, enquanto vão avançando em suas conquistas profissionais, elas vêm a vida pessoal perder espaço. Como se tivessem que pagar um ônus altíssimo por querer ter tudo. E quando o relógio biológico começa apitar, e mais ainda quando têm filhos, sentem que o preço da indepedência financeira ficou alto demais. Em meus mais de 15 anos estudando o comportamento feminino, posso afirmar que o maior conflito vivido pelas mulheres é a dificuldade de conciliar carreira e maternidade. E essa dificuldade impacta diretamente nas empresas. Há, sim, uma parcela pequena que consegue resolver bem essa equação e continua dando resultados. Mas a maior parte mantém essa questão mal-resolvida. Continua trabalhando, seja por motivações financeiras, seja por continuar sentindo necessidade de se realizar profissionalmente. Mas já não tem a mesma garra e a mesma certeza de estar fazendo a coisa certa. Sente culpa, sofre por não poder acompanhar de perto o desenvolvimento do filho e isso acaba impactando negativamente nos resultados que ela poderia trazer. Há, ainda, aquelas que, por não conseguirem lidar com a pressão, acabam desistindo da carreira empresarial para ficar mais perto de sua cria. E a empresa, de um dia para o outro perde um talento que estava no ponto certo para avançar – geralmente, isso acontece por volta dos 30 anos, quando a mulher está no auge da maturidade profissional, pronta para assumir cargos-chave. A empresa perde todo o investimento em treinamento e todo o conhecimento acumulado daquela profissional. Essa evasão de mulheres das empresas é, aliás, uma tendência mundial. Em países como Estados Unidos e Canadá já se fala muito das Mompreneurs (numa livre tradução para o português, mães empreendedoras) que resolvem montar um negócio próprio visando ter mais flexibilidade de tempo e oportunidade de acompanhar de perto a educação dos filhos,  amamentar por um tempo prolongado…

Mas e se elas não sentissem tanta culpa? E se elas conseguissem definir de fato qual é o seu papel como mãe e como profissional? E se elas conseguissem parar para pensar um pouco em sua vida e colocá-la em perspectiva? E se elas pudessem, por um momento, se afastar do turbilhão de emoções e de demandas e conseguissem arrumar a casa interna? O que eu vejo é as profissionais que são mães vivem cada uma em sua ilha, isoladas, tentando fazer parecer que tudo está sob controle. Mas, na verdade, precisam urgentemente de ajuda. E inteligentes serão as empresas que estiverem realmente interessadas em apoiar essas mulheres. Saem na frente as empresas que conseguirem tratar essas profissionais de forma completa e trazer para dentro das organizações as questões que as afligem. Ficam com os melhores talentos as empresas que conseguirem ajudar as mulheres a se livrar da culpa, a fazer escolhas inteligentes e bancá-las com energia, mostrar que elas não podem ter tudo, mas podem ter a melhor parte de tudo. Ficam com a melhor fatia desse “país forte”, usando as palavras de Muhtar Kent, as empresas que as ajudarem a ver os filhos não como impedimento, mas como motivação para o sucesso profissional.

Um beijo, Dani Folloni

  • Daniela Folloni

    Jornalista, mãe de Isabela e Felipe, trabalhou nas revistas Vogue, Cosmopolitan e Claudia. Acredita que toda mãe merece sucesso, diversão, romance e oito horas de sono

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