Só mais uma colherada, vai… Por que você não deve insistir
Após o primeiro ano de vida do filho, muitos pais me procuram pois estão sentem-se falhos na tarefa de alimentá-lo. Nessa fase, o apetite da criança diminui muito, pois o bebê que ganhava até 800 gramas em 1 mês, não vai mais ganhar peso tão rapidamente. O seu ganho vai cair pela metade ou até menos. Isso é diretamente proporcional ao apetite da criança. Então, se ela comia 4 colheres no almoço até um ano, depois do primeiro aninho, ela pode ficar satisfeita com apenas 2 colheres! A partir daí surge uma verdadeira guerra do come não come. Isso porque as expectativas familiares estão muito acima da real capacidade que a criança tem de comer.
A família começa a usar todos as distrações possíveis para “fazer a criança comer”. Eu já atendi criança que só comia dentro da máquina de lavar roupas! No início, pode até parecer que a tática funcione e criança coma mais com tal distração, mas o artifício vai ser eficaz somente enquanto for novidade.
O bebê saudável nasce capaz de realizar a auto-regulação energética – isso nada mais é do que sinalizar fome e saciedade garantindo alimento suficiente para seu crescimento e desenvolvimento. Ninguém consegue forçar um bebê a mamar mais do que ele realmente quer – desde quando é um recém-nascido. Quando ele não está mais com fome, simplesmente rejeita a mama, ou a mamadeira. Crianças maiores também têm esse mecanismo. Diferentemente dos adultos, elas comem (somente) quando realmente precisam da energia.
Os pais, por sua vez, sabendo disso devem confiar na capacidade nata da criança e promover um ambiente adequado para que ela auto-regule a quantidade que quiser comer. O papel dos pais é muito importante e consiste em providenciar os alimentos, estabelecer a rotina alimentar e a situação de refeição. Mas a quantidade quem determina é a criança. Pedir pra criança comer mais uma colherada atrapalha seu mecanismo de auto-regulação, iniciando-se um ciclo de desajuste do apetite e das sensações de fome e saciedade, podendo contribuir para o surgimento tanto da obesidade como do baixo peso na idade adulta.
Até a próxima!
Priscila
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