Como nos tornamos uma família vegetariana

Vou contar como minha família e eu nos tornamos vegetarianos esse ano. Fui vegetariana por aproximadamente seis anos quando tinha 22 anos, depois voltei a comer carne, e nos últimos 2 anos parei com a carne vermelha e mantive o frango e o peixe. Mas agora não como nenhuma carne, só ovos e leite. Minha decisão foi baseada, em primeiro lugar, na minha intuição. Pensei que se eu não “preciso” comer animais mortos, por que eu estava comendo? O processo todo é tão cruel e com tanto sofrimento, que eu escolho não participar.
Curiosa, fui atrás de informações para descobrir tanto o modo como a indústria pecuária funciona, como a melhor maneira de fazer essa mudança na dieta com segurança e saúde. Percebi que, além de me beneficiar, parar ou apenas diminuir o consumo de carne ajuda todo o planeta. Pois a pecuária é a indústria que mais maltrata a natureza, a que mais gasta água e a maior responsável pelo aquecimento global. Isso sem contar que o consumo de grãos para produzir um boi daria para alimentar vinte vezes mais pessoas.
E qual foi minha surpresa em ver que minha família aderiu naturalmente a esse estilo de vida. Eu não pedi para meu marido fazer o mesmo, mas ele decidiu parar de comer carne há três meses. Já minha filha Marina, de 6 anos, que tem a liberdade de comer o que quiser, está consumindo bem pouco: quando vamos à um restaurante, por exemplo, ela escolhe um prato vegetariano. Foi minha filha, aliás, que disse na mesa pela primeira vez “mamãe, somos uma família vegetariana!”. Sim, somos, Marina! Então lembrei que minha filha foi uma das primeira lá em casa a questionar: “Mamãe isso é uma galinha? Quem mata as galinhas? Eu não quero comer os animais, eu amo os animais”. Eu também amo os animais, Marina, e amo o planeta, amo você e a mim mesma.
Sinto que essa é a melhor escolha pra nós nesse momento. Nossos níveis de proteína, ferro e tudo mais estão ótimos. Nunca me senti melhor e mais feliz com uma decisão. É bom poder fazer escolhas baseadas no que acredito. Mas não vou dizer que seja algo fácil. O padrão é ter carne em todos os lugares e, muitas vezes, ser vegetariano requer coragem e firmeza. Eu fico feliz em comer fora, mas às vezes, as pessoas cozinham pratos que eu poderia comer, como farofa ou feijão, com bacon e linguiça, por exemplo. Nessas horas, penso: se eu posso respeitar o outro que come carne, ele também pode me respeitar, não é mesmo?
Nossa mesa é como a de qualquer família, ou seja, tem as coisas que a gente gosta de comer. Há dias em que preciso fazer mercado e improviso um pouco. Preparo um bife de quinua com o que tiver na geladeira (cenoura, cebola, etc.) e faço bolinhos em formato de burgers. Tem outros em que estamos mais inspirados e vamos todos pro fogão.
Sei que, para muitas famílias, o ingrediente principal de uma refeição costuma ser a carne. Mas se a gente parar pra pensar, o principal para todas as famílias é outro ingrediente… o amor. Lá em casa, fazemos nossos pratos com muitos vegetais, frutas, verduras, cereais, sementes, castanhas, raízes, ovos, queijos. Tudo com muito ferro, vitaminas, proteína, cálcio e, claro, amor!
Ficou interessada? Recomendo abaixo alguns livros legais sobre o assunto. Para mais dicas, siga-nos no Instagram Família Veg, onde postamos fotos dos pratos que fazemos em casa. Bom apetite!
Bela Cozinha – As receitas, de Bela Gil (Ed. Globo Estilo)
Veggie Burgers para Todo Mundo, de Lukas Volger (Ed. Alaúde)
Virei Vegetariano e Agora?, de Eric Slywitch (Ed. Alaúde)
Manual de Sobrevivência do Vegetariano na Cozinha, de Flavio Giusti (Ed. On Line)