Como driblar os medos que toda mãe tem


Daniela Folloni
por: Daniela Folloni
Jornalista fundadora e diretora de conteúdo do Portal It Mãe

medo

Ser uma mãe cuidadosa é diferente de ser obsessiva (Foto: It Mãe)

Sempre digo que depois que a gente vira mãe, o nosso coração parece não bater mais dentro, mas fora da gente. O amor, a responsabilidade e o desejo de que nada de mau aconteça com nosso filho são tão grandes que, às vezes, parece que a gente não vai dar conta emocionalmente.

Mas como conseguir criar uma criança sem ficar o tempo todo tensa e preocupada com o que pode acontecer de mau com ela? Como ficar tranquila quando volta e meia a gente vê na tevê, nos jornais e na internet notícias de mães que perderam filhos por motivos tão banais?

Conversando com muitas mães descobri que todas, cada uma de seu modo, guarda essa angústia, esse medo dentro de si. Algumas acham que estão ficando neuróticas, outras querem simplesmente saber se isso é normal. Resolvi, então, buscar ajuda especializada para entender esse estado de alerta sob o qual muitas de nós vive. Conversei com a psicóloga clínica Carmen Cerqueira César e ela me ensinou a lidar com esse fantasma de uma forma mais consciente e saudável:

“É natural que as mães sintam medo”.  Segundo Carmen, as mães têm um instinto de proteção e isso faz com que fiquem sempre alertas (o que, cá pra nós, de forma dosada, é importante, pois nos dá insights sobre perigos… é o tal feeling de mãe). O problema é até que ponto você pode ir para proteger seu filho. Não dá, por exemplo, para trancá-lo em casa, não deixar que vá à escola ou impedir que frequente a natação por causa do seu medo. Isso já extrapola o feeling e vira descontrole.

“Ser uma mãe cuidadosa é diferente de ser uma mãe obsessiva”. É claro que você tem de orientar o seu filho a tomar cuidado e minimizar as chances de algo de ruim acontecer. Quando a criança é pequena, tem de ser mais direta: “Fique de mãos dadas com a mamãe”, “Não mexa na tesoura”, “Fique longe do fogão”. Com crianças e bebês, também é preciso tomar todos os cuidados como ter rede de proteção na janela, protetor nas tomadas, babá eletrônica, escolher um babá a dedo e tudo o mais que você achar necessário para garantir a segurança do seu filho. Conforme a criança vai crescendo, você vai colocando limites e explicando os perigos. Para Carmen, uma das maneiras de proteger o seu filho é ajudando-o a aprender a se defender e se proteger. Você não pode ser a única responsável pelo o que acontece com ele. Ele também, aos poucos, vai também aprender e querer se cuidar. Você vai ser uma mãe atenta o resto da vida. E isso é bem diferente de ficar o tempo todo pensando que algo de ruim vai acontecer e ficar criando monstros na sua cabeça.

“É preciso desenvolver certa imunidade para notícias ruins.” Carmen diz que fatalidades sempre aconteceram e sempre vão acontecer. “Antigamente, as nossas mães ficavam sabendo porque a vizinha da prima da amiga contou. Hoje, está tudo na internet, nas redes sociais”, diz a psicóloga. Se você der um Google vai achar milhões de casos. Mas será que vale a pena entrar nessa sintonia? Será que isso não vai acabar deixando você sempre sobressaltada?

“Você cria o seu filho para o mundo” Para Carmen, é preciso se conscientizar de que os riscos são inerentes à vida. Mas a melhor defesa para isso é ensinar seu filho a viver. É preparar esse serzinho, desde pequeno, para preservar sua integridade física e emocional.  Você não pode impedir que ele tenha uma vida social, fique algumas horas do dia longe de você, conviva com outras pessoas e vá conquistando sua autonomia por causa dos seus medos. Pense no efeito colateral disso: uma criança amedrontada nunca vai saber se defender, sempre vai acreditar que é vítima das situações. Uma mãe tensa vai criar filhos dependentes e ela mesma não vai ter autonomia para fazer nada além de cuidar dos filhos. Passe sempre firmeza e confiança para seu filho. Para isso, cuide também dos seus pensamentos e emoções. Os riscos estão aí, mas a vida tem também conquistas e descobertas maravilhosas. E você não pode privar você e seu filho disso.

  • Daniela Folloni

    Jornalista, mãe de Isabela e Felipe, trabalhou nas revistas Vogue, Cosmopolitan e Claudia. Acredita que toda mãe merece sucesso, diversão, romance e oito horas de sono

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