Como Camila se livrou da pré-culpa na gravidez


Daniela Folloni
por: Daniela Folloni
Jornalista fundadora e diretora de conteúdo do Portal It Mãe

Camila está feliz com a gravidez descoberta no Réveillon. Mas não é uma grávida mega-empolgada. E tudo bem! (foto: arquivo pessoal)

 

Grávida de seu primeiro filho, a advogada Camila Murta, 34 anos, ficou surpresa quando a culpa pegou no seu pé por antecipação. E tratou de tentar entender e resolver esse sentimento que é, na verdade, um atraso de vida. Adorei o relato dela. Dá uma lida!

“Muito se fala sobre a culpa que a mulher sente quando se torna mãe. Surge a culpa por dividir o novo rebento com o trabalho, com o marido, com as atividades da casa, com ela mesma, enfim, o assunto não se esgota e não tem fórmula mágica para por fim a malfadada culpa, afinal cada mulher tem uma personalidade, está sujeita a fatores externos diversos, bem como cada criança reage de uma forma ante a ausência ou a super presença da mãe.

Mas no meu caso, que estou à espera do meu primeiro filho, quero falar da pré-culpa. Um sentimento típico que eu nem imaginava que poderia existir. Certamente ela é a primogênita de todas as culpas, se é que assim pode ser classificada.

Como eu fiquei com culpa? Quando comecei a me comparar com outras grávidas e perceber que não, não sou como a maioria. Tem mulher que, no instante em que confirma a gravidez já passa a agir como se o mundo tivesse ficado grávido com ela. Não cansa de falar sobre o enxoval do bebê, a decoração do quarto, os cuidados com a pele, as dietas poderosas, o chá de fralda… Talvez sejam mulheres com uma sensibilidade mais aflorada e vivem a gravidez de forma ampliada. Se interessam por tudo sobre o novo universo e adorar falar  sobre sua nova condição.

Porém, não faço parte desse time. Sempre tive um desejo enorme de ser mãe, mas estou encarando a gravidez de forma mais discreta. Sem tanta euforia, mas igualmente empolgada! Falo sobre a minha gravidez, mas não o tempo todo. Não sei dar relatório diário do meu bebê, afinal só o vejo uma vez por mês no consultório médico! Não sei conversar com a minha barriga ou colocar música para o meu bebê, não sei ficar eufórica porque vi uma roupinha fofa. E, por fim, às vezes o stress no trabalho ou outros problemas me tiram do foco do bebê que está aqui dentro de mim.

Estou muito feliz com a minha gravidez e, ao meu modo, estou aproveitando a fase, mas ao fazer essa análise surgiu a minha pré-culpa. E comecei a me questionar: ‘Será que estou sendo radical e racional demais? Estou menos preparada para ser mãe do que as gestantes mais vidradas no assunto? Sou um ser estranho ou tem outras mulheres que sentem como eu?”

Resolvi dividir a minha angústia com a minha ginecologista. Ela me tranqüilizou afirmando que eu não estava sozinha, que sou normal, e há outras gestantes como eu. E não certo ou errado na forma de encarar a gravidez. O que importa é estar bem-resolvida. A partir dessa conversa, comecei a respeitar e a valorizar meu jeito de ser como grávida. Isso já está sendo um aprendizado para quando virar mãe de fato. Percebi que a partir do momento em que uma mulher engravida sua vida muda para sempre. Algumas alardeiam a novidade, outras são mais discretas, mas todas estão felizes e apenas no início da difícil e deliciosa trajetória de ser mãe.

Acredito que a culpa gera em nós duas reações: a paralisação ou o impulso para agir. Espero sempre seguir o segundo caminho e agir, do meu modo.”

  • Daniela Folloni

    Jornalista, mãe de Isabela e Felipe, trabalhou nas revistas Vogue, Cosmopolitan e Claudia. Acredita que toda mãe merece sucesso, diversão, romance e oito horas de sono

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