A revolução dos Alphas (e o que os pais precisam saber dessa geração)
Os pais da crianças dessa geração, que são nativas digitais, precisam desenvolver uma compreensão mais ampla e aberta do mundo(Foto: 123RF)
As meninas estão mais empoderadas. Os meninos, mais versáteis. Esta é apenas uma das constatações de uma pesquisa recente encomendada pelo canal infantil Gloob. O objetivo era levantar as mudanças de comportamento da chamada Geração Alpha, que abrange as crianças nascidas a partir de 2010. Para nós, pais de meninos e meninas de até sete anos, o que isso significa?
Cada vez mais, veremos meninas arrasando em uma competição de skate, lutando judô ou marcando gols em partidas de futebol. Assim como veremos meninos usando cor-de-rosa e admirando heroínas femininas. O gênero deixa de ser um definidor de gostos. O que passa a valer cada vez mais é a afinidade que a criança tem com determinada atividade ou roupa ou personagem (sem precisar catalogar as escolhas entre “isso é coisa de menino ou de menina”). A beleza não tem mais importância máxima na vida das meninas – segundo a mesma pesquisa, elas estão mais interessadas em encontrar força, bondade, amizade. E, ainda, estão interessadas em exibir suas qualidades muito além dos antigos padrões de beleza (como é o caso das meninas que usam o Youtube para celebrar seus cabelos crespos).
Vejo isso todos os dias no meu trabalho em Primi Stili, onde faço uma curadoria de assuntos bacanas para a infância: pequenas campeãs de boxe, moda sem gênero para bebês, profusão de escolhas que vão além dos padrões aos quais estamos acostumados. Quem é pai ou mãe de uma criança da Geração Alpha já convive com boa parte desses novos comportamentos. E precisa desenvolver uma compreensão mais ampla e aberta do mundo para entender como os filhos o estão percebendo. Pesquisadores definem essa geração como a mais transformadora da história, pois é a primeira a ter a tecnologia no seu DNA. Parece que os pequenos já nascem conectados! Essas crianças nasceram no mesmo ano em que o iPad foi lançado. Não é à toa que ficamos surpresos com bebês que deslizam os dedos por aparelhos touch screen: minha filha, Donatella, tem pouco mais de um ano e se entretém sozinha com a tecnologia (o que também demanda toda a atenção dos pais para regular o uso que os pequenos fazem desses aparelhos). Até 2025, os Alphas serão 2 bilhões no planeta – um mundo que muitas vezes causa estranheza para nós, mas que é perfeitamente natural para esses nativos digitais. Grandes desafios nos esperam.
Nossos filhos, que serão adultos daqui a pouco, têm a oportunidade de promover uma mudança real em antigos padrões. Mas vão precisar de nosso olhar atento e de muita compreensão para atingir todo seu potencial. Diariamente, leio sobre crianças que questionam identidade de gênero e buscam atributos que não se amparam mais em beleza e autoridade, e sim na afinidade. Nas semelhanças, nos gostos compartilhados. Faz parte do meu trabalho aprofundar esses assuntos para que nós, pais dessa geração, possamos entender melhor nossas crianças e ampará-las num mundo de mudanças constantes – tanto tecnológicas como comportamentais. Com certeza, ainda teremos muito o que aprender com esses pequenos nativos digitais. Bem-vindos à revolução dos Alphas.