Câncer de mama: novo exame determina real necessidade de quimioterapia
Depois de muitos estudos aliados à tecnologia, agora é possível identificar quais pacientes realmente precisam passar pela quimio, tratamento com mais efeitos colaterais (foto: reprodução)
A cor rosa marcou outubro com o lembrete: temos que estar alertas para o câncer de mama, causa número um de morte por câncer nas mulheres do Brasil e do mundo. Afinal, as chances de cura são maiores quando diagnosticado precocemente. A novidade para quem é diagnosticada com a doença é um exame que pode tornar o processo de cura mais personalizado – e menos sofrido. Ele é capaz de identificar se a paciente precisa ou não de quimioterapia – o tratamento com mais efeitos colaterais.
Chamado Oncotype DX, o exame é resultado da evolução tecnológica dos últimos 50 anos, estudos do DNA do genoma humano, e de novos testes moleculares surgindo a cada dia. “Esse teste avalia a expressão de 21 genes relacionados ao comportamento biológico do câncer de mama. E diz quão agressivo é o tumor”, explica Mônica Stiepcich, patologista sênior do Grupo Fleury.
A quimioterapia passou a integrar o combate da doença há quase 20 anos, especialmente porque não se conseguia definir quais pacientes, após passarem pela cirurgia, tinham chance de evoluir com recidiva da doença, isto é, de o tumor reaparecer na mama, ou de se espalhar para outros órgãos. Como forma de garantir segurança para a saúde das 20 a 30% de mulheres que precisavam de formas mais eficazes de eliminar as células tumorais que já estivessem circulando no organismo, eram usados quimioterápicos em todas as mulheres com câncer acima de um centímetro de tamanho. “Com o passar do tempo, ficou cada vez mais clara a certeza de que muitas mulheres estavam sendo “supertratadas”, ou seja, usando um droga muito mais forte do que precisariam – e estavam passando com efeitos colaterais se necessidade”, conta a patologista.
Em sua fase de testes, o exame foi feito em mais de 10 mil mulheres, logo após o diagnóstico e cirurgia do tumor. Os estudiosos, dividiram essas mulheres em três grupos: o grupo de baixo risco, o de risco intermediário, e o de alto risco (RS > 25; 27% das mulheres). Para as pacientes do grupo de baixo risco havia segurança suficiente para optar pelo tratamento com apenas hormonioterapia. Todas as mulheres do grupo de alto risco fizeram hormonioterapia com quimioterapia; neste grupo, a quimioterapia diminuiu em quase 30% o risco de recorrência local e metástases à distância.
Contudo, como saber, naquelas pacientes do grupo intermediário, quem realmente precisava fazer a quimioterapia? A especialista explica: “As mulheres foram novamente divididas em dois subgrupos. Em um desses subgrupos, as pacientes receberam apenas hormonioterapia e, no outro, hormônio e quimioterapia. A grande notícia, anunciada em junho de 2018 durante o maior e mais importante congresso de oncologia mundial, o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), foi o resultado do estudo: Dessas 6711 mulheres, comprovou-se que a quimioterapia não trazia benefícios adicionais ao tratamento para grande parte delas. 70% das pacientes podiam ser poupadas da quimioterapia e de todos os seus efeitos colaterais”.
O exame é feito no Brasil e as amostras de todo o país são enviadas para análise nos EUA. O resultado é liberado em cerca de 20 dias, e permite que médicos e pacientes possam optar de forma muito mais individualizada e segura pelo tratamento mais adequado para cada caso, para cada mulher.
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