Bianca Castanho: vida de mãe-atriz-empreendedora!
Bianca Castanho é atriz, tem 36 anos e é casada com Henry Canfield, que tem a mesma idade. Desta união nasceu Cecília Pereira Canfield, de 2 anos e 6 meses. Depois de ser mãe, ela adorou a ideia de poder vestir a filha com roupas iguais a dela e, então, decidiu investir numa nova carreira, a de empreendedora. Agora no mês de janeiro ela acaba de lançar a loja de e-commerce MiniBi (www.minibi.com.br).
O segredo para ter um negócio de sucesso? Ela afirma que é escolher algo que faça seu olho brilhar e o coração bater, pois no começo nada vai ser muito fácil e você vai precisar se dedicar bastante. Tanto é que chega a ir dormir 4 horas da madrugada trabalhando.
A seguir, ela também dá algumas dicas sobre como organizar a rotina em casa de uma maneira que você consiga equilibrar as suas funções de mãe, esposa e profissional, apesar de não ser uma tarefa fácil. Confira!
Foto: George Canfield
1 – Como surgiu a ideia de lançar uma marca de roupas?
Durante a gravidez eu comecei a procurar roupas para grávidas e bebês. E teve um dia que achei umas que tinham modelos iguais, mas com tamanhos personalizados para mãe e filhas se vestirem com o mesmo estilo. Eu amei e virei fã. Mas eu tinha muito dificuldade em encontrar esse tipo de peça. Então, eu comprava conjuntinhos parecidos para usar com ela.
Aí, quando eu saia com a Cecília – ou postava fotos no Instagram – fazia um enorme sucesso, eu dava dicas de onde comprava etc. Até que um dia uma amiga disse: “por que você não lança uma coisa só sua”? E eu gostei da ideia e decidi lançar a marca “MiniBi”. O foco principal são roupas para mães e filhas, de preferência iguais. Mas já tenho algumas peças de menino também. Já os pijamas são modelos com a mesma estampa para toda a família, ou seja, mãe, pai e filhos (meninas e meninos).
Hoje, lá na loja, as peças são multimarcas, eu compro e vendo no meu site. E as que eu não conheço eu faço um teste antes: compro, uso, lavo e analiso a qualidade para ver se vale a pena vender na loja virtual. Mas temos planos de começar a confeccionar nossos próprios modelos. Eu tenho algumas amigas do sul do país que são estilistas. Elas têm fábrica de biquínis e já me ajudam a criar estampas exclusivas para esse tipo de peça. Elas desenham e criam, e eu dou os “pitacos”.
2 – Como você faz para conciliar a maternidade com a carreira de atriz, e agora sendo empresária também?
Eu não tenho babá, então, realmente o tempo livre para mim é muito pequeno. E como sei que a Cecília ainda é pequena, tenho consciência de que é importante eu estar presente no dia a dia dela. Sei que isso é uma fase, vai durar só um período, mas vale a pena!
Aí, de manhã geralmente cuido de algumas coisas da loja de e-commerce e procuramos ficar mais juntas. E se acontece de eu precisar fazer algo para a empresa e a Cecília estiver acordada, por exemplo, ela vai junto e curte comigo esse momento. Inclusive, coloca os pacotes numa cestinha que ela tem e ajuda a levar no Correios as embalagens que serão enviadas para as clientes. Ela acaba participando desse processo da loja também.
Aproveito à noite, quando Cecília dorme, para fazer as coisas da loja, como empacotar os pedidos. Adoro fazer isso, cuidar com carinho da embalagem. Como o meu marido, Henry Canfield, é meu sócio acaba me ajudando também. Geralmente, vamos dormir 3h ou 4h da madrugada.
Em tempo de aula, a Cecília vai à tarde para a escola. Aí sei que volto a ter esse período a mais para poder cuidar da loja. Agora também vou começar a ensaiar para a peça “Foi você quem pediu para eu contar a minha história”, que tem previsão de estreia para abril. Aí vai ser mais corrido ainda. Começo os ensaios depois do Carnaval. Como minha família é toda do Sul, quando minha mãe vem para o Rio ela ajuda a cuidar da Cecília, às vezes minha sogra também e o meu marido.
Conto ainda com a ajuda de moça que cuida da casa e dá uma superforça nessa hora.
Foto: George Canfield
3 – Quais os maiores desafios de se tornar uma empreendedora?
Olha, posso dizer que é preciso muita dedicação e ter consciência de que você precisa escolher algo que realmente ame. Afinal, você vai precisar dispender bastante tempo no seu dia a dia para cuidar do seu negócio com carinho e amor. Eu, por exemplo, cuido de tudo para deixar o negócio com a minha cara. Escolho o logo que gosto, faço as compras, embalo os produtos vendidos, levo nos Correios, escolho cada uma das peças etc.
Além disso, é preciso ter muito organização para conciliar os papeis de mãe, atriz e esposa. Mas também posso afirmar que a melhor parte é a realização de investir em algo que você realmente gosta e ver o retorno positivo do público por algo que é seu.
Foto: George Canfield
4 – O que você diria para uma mulher que está grávida e pensando em parar de trabalhar?
Olha, acho isso muito pessoal. Mas sou a favor de voltar a trabalhar. Nós sofremos muito no início, mas depois percebemos que é importante voltar ao trabalho. Às vezes vivemos tão intensamente a maternidade, principalmente no começo, que é importante buscar o equilíbrio entre trabalho, marido, filha e você. Isso vai te fazer feliz.
Procure entender que o sentimento de culpa toda mãe terá. A gente sente culpa de tudo, principalmente de pequenas coisas do dia a dia, como o fato de não estar por perto se algo acontecer com eles etc. A Cecília, por exemplo, nunca chorou para ir para a escola, mas eu senti muita culpa por deixá-la na escola e não estar ao lado dela.
Na verdade, a adaptação por ficar longe dos filhos vale mais para as mães. Nós queremos ser super-heróis 100% do tempo, mas não dá. Chega uma hora que a gente vai amadurecendo e começa a entender que isso não é possível, e aí aprendemos a ficar mais calmas e tranquilas.
Eu digo sempre que prezo muito os momentos pela qualidade e não pela quantidade. Então agora no verão, por exemplo, procuro brincar bastante com a Cecília. Vamos à piscina e nos divertimos com brinquedos de água.
Já meu marido adora cozinhar e ela participa da preparação dos pratos. Além disso, Cecília faz aula de teatro e gosta muito de interpretar a Branca de Neve, inclusive esse foi o tema do último aniversário dela. e ela gosta de ir na cozinha, pegar uma maçã e fingir que desmaia. Aí eu e meu marido brincamos de ser a bruxa e o príncipe. É muito legal!
5 – Qual o conselho que você daria para uma mãe que deseja ser empreendedora?
Eu dou a maior força. Mas repito, acho que ela deve primeiro pesquisar o que gosta e escolher investir em algo que ela se identifique. Aí vai precisar criar uma agenda para se organizar de acordo com as suas necessidades e as do seu negócio.
No meu caso, reservo as madrugadas para empacotar os pedidos, por exemplo. E seja forte na hora de enfrentar esses momentos. Tenha em mente que esse sacrifício é apenas uma fase e vai passar.
6 – O que você aprendeu com a maternidade?
Ah tanta coisa. Quando você tem filho você aprende algo novo o tempo todo, o dia inteiro. Mas lembro que desde quando descobri que estava grávida, minha filha passou a ser prioridade em todo o momento. Você já não pensa mais em você. Passa a pensar e agir pensando no que é bom comer que faz bem para ele, se carregar peso vai prejudicar em algo na gravidez, etc.
Desde que engravidei, sempre penso nela primeiro. É um amor sem dimensão que faz a gente se preocupar com eles acima de tudo. Fico pensando como podemos amar alguém tanto assim. As crianças são tão verdadeiras, espontâneas… não tem preço. Curto ser mãe, participo de tudo, vou nas reuniões e festinhas da escola etc. Estou sempre de olho no que é importante para o desenvolvimento dela.
Agora, um dos principais desafios de ser mão é você ficar o tempo inteiro atenta a tudo que eles fazem, principalmente quando começam a andar. Além das preocupações, como “ se está ficando doente, se pode cair, se machucar”. Isso exige que a gente tenha muita energia para ter essa atenção necessária com eles. E não é fácil. Para quem é mãe mesmo sobra muito pouco tempo para cuidar de si. Acho isso um grande desafio.
Mas, por outro lado, as trocas intensas de amor com um filho é algo que compensa tudo, inclusive o cansaço e a dedicação. Sem contar que a gente melhora em todos os sentidos. E principalmente eu, que tive pré-eclâmpsia [hipertensão durante a gravidez], foi um susto, acabei aprendendo que não adianta a gente querer planejar e controlar demais as coisas, a vida nos surpreende a todo o momento.
Além disso, depois que virei mãe eu percebi que especialmente como atriz eu fiquei com a sensibilidade muito a flor da pele, tudo é mais intenso, todos os sentimentos e emoções. E isso ajuda muito na hora de interpretar um personagem, é muito positivo para a minha carreira também.