Fertilização in vitro: como funciona esse método para engravidar


Fernanda Coimbra Miysato
por: Fernanda Coimbra Miysato
Ginecologista, especialista em fertilidade na clínica Fertilizavitta, em São Paulo.

(foto: 123TRF)

Muitos casais que não conseguem engravidar pelos meios naturais cogitam fazer uma fertilização in vitro/ICSI. E então surgem muitas dúvidas a respeito desse método. Ele é eficaz? Quando é indicado? Como é de fato o procedimento? E as chances de sucesso? Sim, são muitas as perguntas!

Escrevo este post especialmente para quem quer entender melhor como é o tratamento. Então vamos lá! A fertilização in vitro/ICSI é feita por meio da técnica de Injeção Intra-Citoplasmática de Espermatozóides – daí vem a sigla ICSI. Nesse método de reprodução assistida, os óvulos são retirados dos ovários após o estímulo com hormônios e são fertilizados com espermatozóides em laboratório através da injeção destes dentro do óvulo. Depois disso, acompanha-se o desenvolvimento dos embriões em laboratório e, com 2 a 6 dias de desenvolvimento, eles são transferidos para o útero da mulher.

A fertilização in vitro é um tratamento que pode ser indicado em, praticamente, todas as causas de infertilidade, especialmente quando os tratamentos de baixa complexidade falharam. Esses tratamentos menos complexos podem ser o coito programado – quando induz-se a ovulação com medicação, acompanha-se com ultrassonografia seriada e orienta-se o casal a ter relação sexual no período correto – e  a inseminação intrauterina – nesse caso, os espermatozoides (após um preparo em laboratório) são inseridos na cavidade uterina através de um cateter para facilitar o encontro com o óvulo, no período da ovulação.

As indicações mais comuns da fertilização in vitro são: problema nas trompas (obstrução, laqueadura), a idade avançada da mulher, distúrbios de ovulação, endometriose, falência ovariana e infertilidade sem causa aparente nas mulheres. Nos homens, é indicada quando a qualidade do sêmen é ruim, com baixo número ou alteração da morfologia e motilidade dos espermatozoides. Também recomenda-se esse método nos casos de azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen). Atualmente, também é uma alternativa nos tratamentos de casais homoafetivos e na produção independente.

O tratamento começa primeiro com os exames adequados, como dosagens hormonais e pesquisa de fatores que possam estar dificultando a gravidez.

Assim que for confirmada que essa é a melhor opção de tratamento, o primeiro passo é realizar a estimulação ovariana com a administração de hormônios injetáveis, para aumentar o número de folículos no ovário, pois é dentro deles que encontramos os óvulos. É feito, então, um controle do crescimento desses folículos através do exame de ultrassom transvaginal e, se for necessário, são realizadas dosagens hormonais. Geralmente, essa etapa começa no início do ciclo menstrual e demora em média de 10 a 12 dias.

Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é feita a coleta dos óvulos com o auxílio do ultrassom e agulha inserida no fundo vaginal. A paciente precisa passar por uma sedação para o procedimento. Nesse mesmo período, é realizada a coleta do sêmen que será processado em laboratório. Após a coleta dos óvulos, estes são verificados em laboratório. São injetados os espermatozoides, um a um, apenas nos óvulos com boa qualidade.

No dia seguinte, é verificado se ocorreu a fertilização. Inicia-se, então, o acompanhamento diário para seleção dos embriões. Esse processo pode demorar mais 2 a 6 dias até que seja feita a transferência do óvulo fertilizado para o útero. Depois deve-se aguardar de 10 a 12 dias, tempo necessário para o exame de beta HCG detectar o sucesso ou não do tratamento.

O ideal é ter vários óvulos para termos mais embriões e aumentar as chances de sucesso do tratamento. Se houver embriões excedentes, esses poderão ser congelados por tempo indeterminado e ser utilizado no insucesso do tratamento ou em casos de desejo de nova gestação.

Em cada uma das etapas da fertilização in vitro existem alguns riscos, que devem ser avaliados:  

Na primeira fase do tratamento, que é a estimulação dos ovários, a mulher pode sofrer do Síndrome de Hiperestimulação do Ovário (SHO). Isso tem como efeito secundário mais frequente o aumento exagerado dos ovários e dor nessa região. Nesse caso, é preciso que o médico avalie e controle a alteração.

Na fase de coleta dos óvulos, existem os riscos do procedimento médico, como a anestesia e riscos de pequeno sangramento, infeção e riscos extremamente raros de perfuração de órgão como a bexiga e intestino.

Após a transferência de embriões, no caso de sucesso, existe o risco de uma gravidez múltipla (podem vir por aí gêmeos, trigêmeos…) e a gravidez ectópica, nome dado para quando o óvulo fertilizado se desenvolve fora do útero, normalmente nas trompas. No caso da gestação ectópica, a gestação deve ser interrompida por cirurgia ou tratamento medicamentoso devido aos riscos de hemorragia por rompimento da trompa.

Por falar em chances de sucesso, vamos a elas. Geralmente variam conforme a idade da mulher, mas a qualidade dos embriões também. E depende de a paciente seguir as recomendações do médico, especialmente em relação às medicações. Considerando esses fatores, podemos ter, em média, essas expectativas.

  • Idade da mulher menor que 35 anos: 45% de chances de sucesso em média
  • De 35 a 37 anos: 37% de chances de sucesso em média
  • De 38 a 40 anos: 27% de chances de sucesso em média
  • De 41 a 42 anos: 15% de chances de sucesso em média
  • De 43 a 44 anos: 6% de chances de sucesso em média

Se você tiver mais dúvidas sobre tratamentos para engravidar, mande um e-mail para contato@itmae.com.br. Ficarei feliz em responder suas dúvidas aqui nesta coluna

Dra. Fernanda Miyasato

 

  • Fernanda Coimbra Miysato

    Ginecologista, especialista em fertilidade na clínica Fertilizavitta, em São Paulo. Ela responde suas dúvidas sobre esse assunto no canal Saúde de Mãe

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